Graduada em Psicologia pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), Lizandra Arita é psicóloga institucional e c...
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iO ambiente familiar é o primeiro espaço onde as crianças aprendem sobre relações, emoções e segurança. Quando esse cenário é marcado por brigas constantes ou violência, os impactos podem ser profundos e duradouros.
A psicologia entende que essas experiências traumáticas moldam a visão de mundo das pessoas, a forma como lidam com os outros e como se relacionam emocionalmente na vida adulta - e existem traços comuns em pessoas que cresceram em lares tumultuados.
O MinhaVida conversou com a psicóloga Lizandra Arita, que explicou que, embora cada pessoa reaja de maneira única, existem padrões comportamentais típicos que surgem desses contextos familiares. Vamos entender quais são eles!
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1. Hipervigilância
Pessoas que crescem em lares com muitos conflitos frequentemente desenvolvem um estado de alerta constante, conhecido como hipervigilância. Esse comportamento se origina da necessidade de se proteger de possíveis ameaças, um mecanismo de defesa contra o caos do ambiente familiar.
Lizandra Arita afirma que "essa sensação de estar sempre em guarda, mesmo na vida adulta, pode gerar uma constante tensão e dificuldade em relaxar, interferindo na capacidade de confiar nos outros".
2. Dificuldade em estabelecer limites
Em casas com brigas intensas, as necessidades emocionais das crianças frequentemente não são atendidas. Isso pode dificultar a aprendizagem sobre o que são limites saudáveis em relacionamentos.
"Elas podem sentir medo de rejeição ou simplesmente não saber como expressar suas necessidades de maneira assertiva", explica Lizandra, destacando que essa falta de modelos saudáveis pode afetar a capacidade de estabelecer fronteiras emocionais claras.
3. Medo de conflito
Quem cresce em um lar marcado por brigas pode aprender a evitar confrontos a todo custo. Esse medo de desentendimentos pode se manifestar na vida adulta como uma grande dificuldade em expressar opiniões ou necessidades. Segundo Lizandra, "essa pessoa tem receio de que qualquer discordância acabe em uma explosão emocional, o que gera um desconforto constante em ambientes de discussão."
4. Sensação constante de culpa
Crianças que presenciam brigas constantes muitas vezes sentem-se responsáveis pelos conflitos familiares, acreditando que de alguma forma contribuíram para o caos.
"Isso pode resultar em um comportamento de cobrança excessiva sobre si mesmas, com um grande senso de culpa, mesmo quando não há fundamento para isso", afirma a psicóloga. Ela explica ainda que, na vida adulta, esse traço pode levar à responsabilidade exacerbada pelos problemas dos outros.
5. Dificuldade em confiar nas pessoas
A falta de estabilidade emocional em um lar cheio de brigas pode gerar uma desconfiança generalizada nas pessoas. "Esses adultos frequentemente têm dificuldades em confiar nos outros, pois aprenderam desde pequenos a esperar decepções ou traições", explica Lizandra. Isso dificulta a construção de relacionamentos seguros e saudáveis ao longo da vida.
6. Propensão a relações tóxicas
Para aqueles que cresceram em lares conflituosos, a ideia de uma relação tumultuada pode se tornar uma dinâmica familiar "normal". A psicóloga Lizandra Arita afirma que "muitas vezes, essas pessoas acabam buscando parceiros que reproduzem os padrões de instabilidade emocional que vivenciaram na infância." Esse ciclo pode resultar em relacionamentos abusivos ou desgastantes, sem que a pessoa perceba.
7. Dificuldade em lidar com emoções
O estresse constante e as explosões emocionais frequentes em lares com brigas dificultam o desenvolvimento de habilidades emocionais saudáveis. "Essas pessoas podem ter dificuldade em identificar, processar e expressar suas emoções de maneira equilibrada, muitas vezes reprimindo-as ou deixando-as transbordar de forma descontrolada", explica Lizandra. Isso pode gerar uma vida adulta marcada por flutuações emocionais intensas.
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Ciclos que podem ser quebrados
Embora os impactos de crescer em um lar com muitas brigas possam ser significativos, a psicologia oferece caminhos para superar esses traços. "O primeiro passo é o autoconhecimento", explica Lizandra Arita. "Reconhecer os padrões de comportamento adquiridos na infância é essencial para dar início a um processo de cura e mudança"
Com apoio psicológico e esforço pessoal, é possível ressignificar essas experiências, aprender maneiras mais saudáveis de se relacionar com os outros e consigo mesmo e criar um futuro mais leve e equilibrado. “Entender o passado é essencial para transformar o futuro, tornando-o mais harmonioso e saudável", finaliza Lizandra.