Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A cada cinco anos, mudamos completamente todos os átomos de nosso corpo. Esse fato é uma demonstração de que a mudança não só está presente em nossas vidas, mas é inevitável. E é aí que, acredite ou não, um engenheiro entra em cena.
Félix Torán é físico com doutorado em Engenharia Eletrônica e trabalha na Agência Espacial Europeia desde os anos 2000, mas é conhecido como especialista em desenvolvimento pessoal, com 22 livros em seu currículo. Ele argumenta que deve haver uma abordagem sensata entre ciência e espiritualidade. O especialista argumenta que a chamada ecologia mental, um método de crescimento pessoal, nos ajuda a alcançar a felicidade plena e o sucesso.
O que é a ecologia mental?
A ecologia mental é uma filosofia de vida em que há um processo de “higiene mental” que permite nos libertar de pensamentos e comportamentos tóxicos que alimentamos sem saber. Daniel Colombo, coach, palestrante e especialista em liderança, garante que “ela nos permite limpar o ‘lixo’ interno, entendido como os pensamentos e crenças limitantes que não nos permitem avançar em direção aos nossos objetivos e metas, e produzir uma qualidade de vida de acordo com nossos desejos”.
Como explica Félix Torán, em seu livro “Mental Ecology for Dummies” (Ecologia Mental para Leigos), para cuidar do exterior, devemos começar cuidando do interior. “A ecologia mental se concentra na higiene mental interna, ao mesmo tempo em que reconhece que fazemos parte de um ecossistema sociocultural interconectado com outros seres humanos e com a natureza”, explica ele.
Em outras palavras, cuidamos do que temos dentro de nós porque isso tem um impacto positivo não apenas em nosso desenvolvimento, mas também em nosso papel na sociedade.
Antes de prosseguir, é necessário entender outro conceito, o de higiene mental. De acordo com os psicólogos especialistas da Therapy, a higiene mental se refere à manutenção da saúde mental e do bem-estar emocional.
“É um conjunto de práticas e hábitos que contribuem para manter e melhorar a saúde mental. Envolve não apenas o gerenciamento adequado de emoções e pensamentos, mas também a criação de um ambiente que promova o equilíbrio psicológico e emocional”, explicam. Isso inclui desde aprender a administrar as emoções até cultivar pensamentos positivos, regular o estresse e procurar ajuda profissional quando necessário.
Benefícios da ecologia mental
Com isso em mente, entendemos os benefícios que a ecologia mental tem sobre nós e que Torán explica que ela melhora as relações interpessoais, nos orienta com nossa visão pessoal, nos permitindo estabelecer metas consistentes e objetivos alcançáveis, além de também nos ajudar a controlar o estresse e a promover pensamentos positivos, entre outros benefícios.
Isso envolve conhecer melhor a nós mesmos, identificar pontos fortes e fracos, trabalhar o autoconhecimento e, portanto, a autoestima. Mas também nos ajuda a desenvolver a resiliência e a enfrentar os desafios – tanto profissionais quanto pessoais – de forma mais positiva e voltada para o crescimento.
“Do ponto de vista espiritual, há uma única causa comum a todos os problemas possíveis: o falso senso de separação fabricado pelo ego com o qual os seres humanos se identificam”, explica. Por outro lado, se todas as pessoas se sentissem parte da mesma humanidade, “ninguém seria capaz de prejudicar os outros”, afirma.
Quando trabalhamos com ecologia mental, estamos trabalhando em nosso eu interior e em nosso crescimento pessoal, desenvolvendo habilidades como compaixão, bondade, perdão e tolerância. Torán explica isso da seguinte forma: “A ecologia mental nos convida a trabalhar em nosso eu interior para nos salvar de nós mesmos, de modo que possamos sair para servir e ajudar o próprio mundo a fazê-lo”. Ela nos permite melhorar nossa vida pessoal e profissional, mas também contribuir para o bem-estar coletivo.
Como isso pode nos ajudar em nosso desenvolvimento pessoal?
Para avançar no desenvolvimento pessoal, como explica o especialista, é importante identificar nossas resistências. “Estamos cheios de resistências mentais que nos bloqueiam por dentro e se opõem ao nosso progresso. Por exemplo, crenças limitantes e hábitos tóxicos”. Essas resistências, entendidas como uma fonte de “energia”, não podem ser eliminadas, explica o físico, que faz alusão à física. Essa física nos diz que a energia no universo não é criada nem destruída, mas apenas transformada.
“Uma resistência não pode ser eliminada, mas podemos mudá-la com outros pensamentos e emoções positivos que a compensem”, explica ele. “Estar ciente delas é quase a metade do caminho. Depois disso, você precisa ter a intenção de trabalhar nelas”, diz ele. Para conseguir isso, é essencial estar ciente dessas resistências de antemão e, para isso, precisamos trabalhar a autoconsciência.
A autoconsciência é a capacidade de entender nossas emoções, sentimentos e reações a determinadas situações. Tanto a autoconsciência quanto o autoconhecimento são dois conceitos relacionados à inteligência emocional e à autoeficácia. Um estudo sugere que as pessoas com maior autoconsciência e autoconhecimento têm maior autoconfiança e autoeficácia. Em outras palavras, elas estão mais preparadas para o sucesso.
Como explicou o especialista de Harvard, Bill George, em seu livro “The True North”, “quanto mais autoconsciente você for, mais autêntica será sua liderança”. Para conseguir isso, podemos fazer exercícios de reflexão, como escrever um diário, praticar a concentração mental, como explica Torán, ou exercitar a visualização criativa, uma técnica cognitiva com a qual criamos uma série de imagens mentais nas quais projetamos nossas metas, como explica a psicóloga da saúde Isabel Rovira Salvador.
Esse último recurso de visualização criativa de nossas metas nos ajuda a enfrentar as mudanças com uma perspectiva diferente e mais positiva, além de aumentar nossa autoestima e confiança.
Saiba mais: Sou especialista em felicidade e as pessoas mais felizes e satisfeitas têm essa característica em comum