Terapeuta Clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iA chegada de um filho muda tudo na vida de um casal - e, ao contrário do que muitos pensam, isso não acontece por conta do bebê, mas pelo turbilhão de mudanças que acompanham esse momento. Por conta disso, o primeiro ano de parentalidade acaba se tornando um verdadeiro teste para qualquer relacionamento.
Entre noites mal dormidas, novas responsabilidades e a falta de tempo para o casal, muitos parceiros se veem mais distantes do que gostariam. Quando um dos dois (ou ambos) sente que está sobrecarregado ou que a parceria deixou de existir, pequenos desentendimentos podem virar um grande abismo na relação.
Mas essa fase desafiadora não precisa ser o fim do relacionamento. Pelo contrário, pode ser uma oportunidade para o casal se reinventar, fortalecer a conexão e criar novas formas de estar junto.
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O primeiro ano após a chegada do bebê é desafiador para os casais
O primeiro ano após a chegada de um bebê é um verdadeiro divisor de águas para muitos casais. De uma hora para outra, a rotina muda completamente, e a relação, que antes era baseada na conexão entre duas pessoas, passa a girar em torno de um novo e constante desafio: cuidar de um recém-nascido. Isso significa noites mal dormidas, menos tempo para o casal e uma sobrecarga emocional que pode gerar conflitos e distanciamento.
“A privação de sono se torna uma realidade para muitos, e o acúmulo de noites mal dormidas afeta diretamente o humor, a paciência e a capacidade de regular emoções”, explica a psicóloga Larissa Fonseca. Quando o cansaço se instala, qualquer pequeno desentendimento pode virar uma discussão, e aquilo que antes era resolvido com um simples diálogo pode se transformar em um grande conflito.
Além disso, há a sensação de que, para atender às necessidades do bebê, é preciso abrir mão de si mesmo – e isso pode gerar um desequilíbrio na relação. “A necessidade de renunciar a momentos individuais para atender às demandas do filho pode criar um desajuste entre os papéis individuais e o papel de pais, resultando em sobrecarga e frustração”, pontua a especialista.
Com menos tempo de qualidade juntos, é comum que os pais passem a se enxergar mais como parceiros na criação do bebê do que como casal. Esse afastamento, somado ao cansaço e às novas responsabilidades, pode levar até mesmo a questionamentos sobre a relação. “Pequenos desconfortos se tornam discussões maiores quando ambos estão exaustos e sem tempo de qualidade juntos, gerando distanciamento e até dúvidas sobre a compatibilidade do casal”, alerta Larissa.
O principal motivo que leva tantos casais à separação
O principal motivo para o fim de muitos relacionamentos está na combinação de cansaço extremo, dificuldades na divisão de responsabilidades e conflitos sobre a criação dos filhos. “O modelo de criação de cada parceiro influencia a forma como eles acreditam que um bebê deve ser cuidado, o que pode gerar atritos”, explica a psicóloga Larissa Fonseca. “Um pode acreditar em rotinas rígidas, enquanto o outro preza por mais flexibilidade.”
Além disso, a sociedade ainda impõe uma carga desproporcional sobre as mães. Muitas se sentem exaustas, sobrecarregadas e pouco reconhecidas. Já os pais, por outro lado, podem se sentir deslocados, sem um papel tão ativo na rotina do bebê. “Essa desconexão progressiva, somada à irritabilidade causada pela privação de sono, cria um ambiente de desgaste e afastamento”, aponta Larissa.
Com tantas tensões acumuladas, o casal pode ter cada vez mais dificuldade em se enxergar como parceiros e, quando o diálogo falha, muitos acabam acreditando que a separação é a única saída. “Quando o casal não consegue se comunicar e ressignificar esses desafios, a relação entra em um desgaste que pode parecer irreversível”, alerta a psicóloga.
Como mudar esse cenário e salvar o casamento da separação
É possível reverter essa situação e salvar o casamento – desde que ambos estejam dispostos a ajustar a rota. Segundo a psicóloga Larissa Fonseca, o primeiro passo é entender que essa é apenas uma fase. “É possível superar esse momento, mas é necessário ter paciência e consciência de que o bebê precisa de cuidados intensivos apenas por um período”, explica.
A chave para essa transformação está na forma como o casal encara essa nova realidade. Pequenos ajustes na rotina e na comunicação podem fazer toda a diferença. Aqui estão algumas estratégias essenciais para fortalecer a relação:
1. Divisão real de responsabilidades
Se um dos dois sente que está carregando tudo sozinho, a frustração logo se transforma em brigas. “Não basta ‘ajudar’, é importante que ambos assumam o compromisso no cuidado do bebê e da casa”, destaca Larissa. O ideal é que cada um tenha tarefas bem definidas, para que a carga não pese mais para um do que para o outro.
2. Comunicação clara (sem esperar que o outro adivinhe)
Muitos desentendimentos surgem porque um espera algo do outro sem nunca ter verbalizado. “É importante avaliar se nossas expectativas são realistas e comunicá-las claramente, em vez de esperar que o outro adivinhe”, ressalta a especialista. Falar abertamente sobre sentimentos, expectativas e limites evita frustrações e cria um ambiente mais leve.
3. Encontrar um meio-termo na criação dos filhos
Depois do nascimento, as diferenças de visão sobre a educação dos filhos tendem a ficar mais evidentes. Enquanto um pode acreditar em regras rígidas, o outro pode priorizar a flexibilidade. O segredo é buscar um equilíbrio. “Devemos encontrar um meio-termo que faça sentido para os dois”, recomenda Larissa.
4. Cultivar momentos a dois
Mesmo no meio do caos, reservar um tempo para o casal deve estar entre as prioridades de um relacionamento. Pode ser um café da manhã juntos, uma conversa antes de dormir ou um simples carinho ao longo do dia. “Pequenos gestos de afeto também contribuem para a sensação de cumplicidade neste momento”, reforça a psicóloga.
5. Pedir ajuda sem culpa
Ninguém precisa dar conta de tudo sozinho. Sempre que possível, contar com a ajuda de familiares ou amigos pode aliviar a carga emocional e permitir que o casal descanse um pouco. “Pedir apoio da rede de suporte sempre que possível é fundamental para que ambos consigam descansar e aliviar a sobrecarga emocional”, orienta Larissa.
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