Dra. Letycia Lopes é médica pós-graduada em dermatologia. Em seus atendimentos, ela preza sempre pelo uso de técnicas mo...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iO colágeno se tornou um suplemento popular para reduzir dores nas articulações e melhorar a mobilidade, especialmente em pessoas com osteoartrite e outras doenças degenerativas. Mas será que ele realmente faz efeito?
Pesquisas científicas investigaram seus impactos na diminuição da dor, rigidez e funcionalidade das articulações. Embora os resultados sejam promissores, há algumas ressalvas: nem todas as análises são conclusivas, e alguns especialistas pedem mais estudos independentes.
A seguir, analisamos o que as evidências mostram até o momento e quão sólida é a base científica por trás do uso do colágeno.
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Evidências na população em geral com osteoartrite e dor nas articulações
Vários estudos avaliaram os suplementos de colágeno em pessoas com osteoartrite ou outras doenças articulares degenerativas. Uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados concluiu que o colágeno oral proporciona melhorias significativas nos sintomas da osteoartrite.
Em um artigo anterior do MinhaVida, a dermatologista Letycia Lopes afirma que o colágeno tipo 1 é o mais recomendado para essa idade: “O colágeno tipo 1 é recomendado para pessoas acima dos 50 anos, pois é o mais abundante no corpo e essencial para a saúde da pele, ossos, tendões e ligamentos”, esclareceu.
Especificamente, o tratamento com colágeno reduziu a pontuação total do WOMAC (índice que mede dor, rigidez e funcionalidade na osteoartrite) em comparação ao placebo. Essa revisão também apontou reduções significativas na rigidez articular, embora não tenham sido observadas melhorias na subseção de dor.
No geral, os autores concluíram que os resultados dessa meta-análise indicam que o colágeno é eficaz na melhora dos sintomas da osteoartrite, reduzindo tanto o índice WOMAC total quanto a pontuação de dor.
Da mesma forma, estudos clínicos individuais em pacientes com osteoartrite do joelho relataram redução da dor e melhora da funcionalidade com o uso de colágeno hidrolisado, em comparação ao placebo, após três a seis meses de uso contínuo.
Por exemplo, um estudo de seis meses com adultos que apresentavam dor nas articulações mostrou melhora na mobilidade e redução da dor com a ingestão de 10 g/dia de colágeno. Outro estudo identificou que 40 mg diários de colágeno não hidrolisado melhoraram a flexibilidade e reduziram marcadores inflamatórios na osteoartrite do joelho.
Embora nem todos os estudos apresentem resultados positivos, o conjunto de evidências aponta para benefícios clínicos modestos em pessoas com degeneração articular, especialmente na redução da dor e da rigidez. De fato, uma revisão narrativa recente destacou que há base pré-clínica e clínica suficiente para considerar o colágeno (em suas diversas formas) como um suporte seguro e potencialmente eficaz para a saúde das articulações.
No geral, as evidências sugerem que a suplementação de colágeno, em doses de 5 a 15 g por dia durante pelo menos três meses, pode reduzir a dor articular e melhorar a funcionalidade em diferentes grupos, sem que tenham sido relatados efeitos adversos relevantes.
Antes de comprar colágeno…
Os órgãos reguladores recomendam cautela. A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), por exemplo, avaliou os supostos benefícios do colágeno para as articulações e a pele e concluiu que não foi possível estabelecer uma relação causal direta entre sua ingestão e a manutenção da elasticidade das articulações ou da pele.
Em outras palavras, até o momento, as evidências não são suficientemente convincentes para que essas propriedades sejam certificadas oficialmente na Europa. Além disso, pesquisadores independentes observam que, apesar dos resultados promissores, muitos estudos sobre colágeno foram financiados pela indústria e contaram com amostras pequenas, o que pode influenciar as conclusões.
De fato, uma análise de 15 estudos revelou que 13 foram financiados comercialmente, embora 11 deles apresentassem alta qualidade metodológica. Resumindo, há suporte científico para os benefícios do colágeno nas articulações, mas com algumas ressalvas: as melhorias geralmente são modestas, exigem várias semanas de uso contínuo e ainda são necessários estudos maiores e independentes para confirmar sua eficácia a longo prazo.
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