Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iA Finlândia é considerada o país mais feliz do mundo desde 2018. Não por acaso, o Relatório Mundial da Felicidade, baseado em dados analisados por especialistas em economia, psicologia e sociologia, a coloca consistentemente em primeiro lugar. Esse ranking leva em conta fatores como PIB, expectativa de vida, percepção de corrupção, sensação de liberdade, generosidade e qualidade dos relacionamentos.
Embora a educação gratuita, a assistência médica universal e as políticas favoráveis à família contribuam para o bem-estar dos finlandeses, o verdadeiro segredo da felicidade no país pode estar na sua cultura – mais especificamente, em um conceito que os acompanha há mais de 500 anos: o sisu.
E. Elisabet Lahti, doutora em psicologia, pesquisadora e palestrante reconhecida internacionalmente, explica em seu livro “Gentle Power” que, como finlandesa, acredita que “o sisu desempenha um papel fundamental em nosso bem-estar e em nossa capacidade de manter uma mentalidade positiva e resiliente”.
Mas o que é sisu?
Joanna Nylund, em seu livro “Sisu: A Arte Finlandesa da Coragem”, explica que, etimologicamente, sisu vem de uma raiz finlandesa que significa "dentro" ou "interno", motivo pelo qual pode ser interpretado como "ter coragem". Pode ser traduzido como determinação estoica, resiliência, coragem, bravura, força de vontade e tenacidade, embora não haja um equivalente exato para a palavra em espanhol. Como destacou o The New York Times em 1940, sisu expressa a essência da Finlândia.
"Sisu é a capacidade de perseverar além dos limites percebidos, mesmo quando as probabilidades estão contra você", explica Lahti em seu livro. Ela acrescenta que sua força está na "autenticidade, humildade e conexão com os outros". O conceito incentiva transformar obstáculos em oportunidades de crescimento e "nos permite enfrentar a adversidade com resiliência e encontrar um senso de propósito em meio aos desafios". Em outras palavras, trata-se de adotar uma atitude voltada para a ação.
Como especialista em psicologia e sisu, Lahti compartilhou com a CNBC quatro dicas para incorporá-lo em nossas vidas.
1. Encontre um propósito maior do que você
A psicóloga Angela Duckworth afirma, em suas pesquisas, que temos maior capacidade de persistência quando trabalhamos em algo que contribui para o mundo além de nós mesmos. Em outras palavras, somos mais fortes quando nosso propósito está além do nosso próprio benefício. "Quando você enfrentar um novo desafio ou precisar de forças para continuar, conecte-se a um propósito maior", recomenda Lahti.
2. Movimente-se e treine sua resiliência
Segundo Lahti, para “ativar” nosso sisu interno e usá-lo no dia a dia, a prática e a preparação facilitam seu desenvolvimento. A atividade física diária, além de todos os seus benefícios para a saúde física e mental, também fortalece o nosso sisu. “Quanto mais nos desafiamos, mais criamos hábitos que fortalecem nossa resiliência”, explica a especialista.
3. Seja gentil consigo mesmo
Assim como a perseverança é essencial, a autocompaixão também é. De acordo com Lahti, "há um limite para o quão longe você pode ir se não equilibrar resistência com compaixão", algo que ela aprendeu na prática após sofrer uma lesão durante um treinamento. "Eu costumava pensar que, para ter sucesso, precisava ser dura comigo mesma", relata. No entanto, ela percebeu que é igualmente importante ser gentil consigo, valorizando o esforço em vez de focar apenas no objetivo final.
4. Conecte-se com a natureza
Na Finlândia, caminhar e fazer trilhas na natureza são partes fundamentais da cultura. Isso não se aplica apenas aos finlandeses, mas também a outros países nórdicos, onde o contato com a natureza é essencial para o bem-estar. Como já foi abordado ao falar sobre o conceito de “friluftsliv” – um termo escandinavo que significa "viver ao ar livre" –, esse hábito contribui para uma vida mais equilibrada. "Apreciar a natureza nos ajuda a encontrar a calma interior e a felicidade que nos sustentam em tempos difíceis", afirma Lahti.