Consciência é um processo diretamente relacionado ao autoconhecimento. E faz parte deste movimento conhecer o próprio corpo. A técnica da consciência corporal tem a ver com prestar atenção aos próprios movimentos e a relação do seu corpo com o espaço que ele ocupa, com seus músculos e articulações. "Muitas causas estão por trás dos bloqueios de percepção corporal", conforme diz a osteopata (ciência terapêutica que trata das disfunções de mobilidade articular e tecidual) Grace Alves Ferreira.
"Vivemos muito sentados ou em posições incorretas, o que facilita a má postura e acaba piorando a percepção corporal", diz a especialista. Os aspectos emocionais também estão evolvidos na consciência corporal: um sujeito reprimido por questões morais ou com baixa autoestima acaba tendo reflexos no corpo, tornando-se retraído, o que se reflete principalmente na postura curvada e, consequentemente nas dores cervicais.
O sedentarismo não é necessariamente causador da falta de consciência corporal, mas grande parte das pessoas que fazem exercícios físicos interage mais com o próprio corpo e, por isso, tendem a conhecê-lo melhor, mas também vale o cuidado com as posturas e excessos no esporte.
Um erro comum de desleixo com o corpo é sentar errado. "Muitas pessoas passam mais de metade de seu dia nessa posição e fazer isso de forma inadequada pode trazer muitos problemas", explica Grace. Uma boa dica é apoiar sempre os pés no chão, mantendo o ângulo dos joelhos em 90°, assim como o do quadril, e prestar atenção para que esse ângulo não diminua e você não acabe curvado.
A alimentação também tem influência na percepção corporal: comidas gordurosas retardam o metabolismo, prejudicando o funcionamento do sistema digestivo. "Quem conhece o próprio funcionamento corporal sabe os limites alimentares que mantêm o bem-estar em dia", diz a osteopata.
Reconhecimento do corpo
A professora Letícia Nabuco, responsável pelas aulas de Conscientização do Movimento do curso de consciência corporal oferecido anualmente pela Universidade de Juiz de Fora, explica que o principal objetivo das aulas - com duração de oito meses - é "despertar no aluno um olhar crítico e investigativo para o próprio corpo". O curso - que atrai principalmente profissionais da área da saúde, mas também é aberto ao público interessado - envolve a parte teórica e a prática, visando à prevenção de problemas musculares e ósseos, o reconhecimento das incorreções e práticas de correção postural, respiratória e muscular, além da prevenção de lesões.
Os alunos trabalham em exercícios que envolvem princípios de dança contemporânea, de pilates e a análise do movimento, que visam trabalhar a harmonia espacial e a reestruturação do próprio corpo. Os benefícios vão desde uma maior sensação de conforto corporal, o aumento da capacidade circulatória, respiratória e a ampliação da capacidade de movimento. "O aluno, ao mesmo tempo, amplia e toma consciência de sua capacidade e limites corporais", explica Letícia.
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