As inquietações não cessam diante do assunto da conciliação entre família, filhos e vida profissional na trajetória da mulher que opta em constituir sua vida nesses aspectos. São inúmeros os trabalhos acadêmicos sobre o tema, mas parece que tudo que se escreve e que se pensa ainda não esgota o assunto.
Não raras vezes chegamos a certos impasses que nos fazem, como mulheres, retrocedermos desanimadas à posição do "não tem jeito" ou "terei que conviver com essa culpa o resto da vida", "ser mãe é para sempre, não há solução" e tantas outras frases que ouvimos todos os dias por diversas mulheres, sejam aquelas que optam por ter uma vida profissional, sejam aquelas que optam em se manter trabalhando em casa.
Constituir uma família é uma experiência interminável, que requer dos seus membros, pai e mãe, dedicação, comprometimento e muita pareceria. Contudo, ainda é da mulher que se espera mais, não? Raras vezes me pedem para escrever como o homem pode conciliar sua vida profissional e familiar. Parece que "a vida está ganha para os homens" e que não sofrem as pressões de precisar ganhar os recursos materiais, cuidar dos filhos e da vida conjugal. Mas será que as coisas acontecem com esta simplicidade? Tenho muitas dúvidas...
As funções atribuídas à mulher construíram-se, ao longo do tempo, na intersecção entre o cultural e o biológico. Valores, crenças e estereótipos foram sendo criados em torno do que é ser uma verdadeira mãe, uma mãe exemplar e uma mãe dedicada. Apesar das grandes lutas travadas pelas mulheres por um lugar de reconhecimento, além da vida privada doméstica, bem diferente de anos atrás, a nossa velha e companheira culpa nos acompanha, ditando regras, moldando maneiras de ser da mulher e de ser mãe.
O que fazer? Como agir para sair desse jogo que cerca a vida da mulher que opta por ter filhos, formar uma família e continuar investindo na sua vida profissional? Regras não existem! Ainda bem, pois estaríamos trocando as regras do passado pelas regras do presente. Muito pouco eficiente!
Entretanto, respeitando a história e a maneira de cada mulher estar no mundo, podemos levantar algumas sugestões que podem tornar a caminhada menos árdua e mais prazerosa.
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Quem opta por ser mãe pode compreender que a maternidade é um processo infindável e que pressupõe contar com uma dose importante de tolerância a frustração. Nossos filhos e nossa família possuem funcionamentos próprios, são pessoas com recursos e com capacidade de resolução, portanto nem sempre as mães estão no centro de tudo. Delegar, acreditar e aceitar que o pai, o filho ou filha podem fazer e estar sem nós, pode facilitar.
- Optar pela maternidade não exclui continuar sendo você, mulher. Seus projetos, seus sonhos, suas vontades e desejos precisam de atenção. Quanto maior sua satisfação pessoal mais ganhos para sua família, mais ganho para o seu trabalho. Amor e trabalho são absolutamente conciliáveis, desde que sejam suas verdadeiras opções.
- Sucesso profissional e sucesso na vida dependem muito mais do quanto alguém se permite SER, buscando seus verdadeiros caminhos, que no acúmulo de tarefas e jornadas. O que vale é travessia na vida, é o processo pelo qual passamos e a coragem que vamos adquirindo para enfrentar os desafios.
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Trabalhar fora ou dentro de casa pode ser, para muitas, um ato de amor, tanto quanto criar seus filhos e cuidar da sua família. A relação que os pais têm com seu trabalho é fonte de grande aprendizado para os filhos. Ali se constitui o amor pelo conhecimento, pela determinação, pela perseverança e pelo mérito.
- As mulheres mães contribuem muito para educação e formação dos seus filhos, não pelo tempo que passam ao seu lado, mas pela atitude de doação, de inteireza e de coerência no trato do dia a dia.
- Sucesso depende da coerência entre o que se diz e o que se faz, já que não educamos e criamos nossos filhos com as palavras, mas precisamente com nossas atitudes.
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