Nutricionista focada em emagrecimento, nutrição clínica, esportiva, materno-infantil e fitoterapia.
Alimentar-se bem é fácil? Esta dúvida permeia a atividade dos nutricionistas diariamente. No meu ponto de vista, a alimentação envolve muito mais do que o simples ato de engolir alimentos. Há um valor emocional, já que quando pensamos em receber amigos em casa, por exemplo, um dos principais pontos é o que será servido: comer tem a ver com carinho, lembranças e emoções. Por isso, encarar a alimentação saudável como um "regime" é o primeiro passo para o fracasso.
A ideia de regime pode ser tão negativa que, muitas vezes, quando interpretamos uma reeducação alimentar desta maneira, tendemos inclusive ao isolamento social, já que os grupos de amigos e familiares geralmente vão a restaurantes, bares e outros lugares onde se tem boa comida e bebida. Por isso é tão importante que as pessoas desenvolvam o hábito de pensar na alimentação como algo que precisa de equilíbrio. Quando se quer perder peso não é necessário "cortar" os alimentos de forma severa, já que essa atitude gera um quadro de ansiedade, podendo chegar à depressão, o que leva ao consumo compulsivo de alimentos, na maioria das vezes, em horários, quantidade e qualidade impróprios.
Trocas inteligentes
É possível adequar a cada caso uma alimentação focada na diminuição do peso, com presença das tão temidas massas e, até mesmo, algum tipo de docinho: basta ter um dia equilibrado com quantidades e qualidades ajustadas a cada situação. Além disso, outra maneira de manter uma alimentação saudável são as trocas inteligentes: um strogonoff não deixa de ser delicioso porque tem requeijão ou maionese lights em vez de creme de leite, que é rico em gorduras saturadas. O mesmo pode acontecer com o molho branco do nhoque, se optarmos por queijos mais brancos, por exemplo.
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A clássica batata frita imersa em óleo pode ser feita assada, sem perda de sabor e com uma diminuição significativa de calorias. A pizza de quatro queijos pode dar lugar a uma bela pizza ou de muçarela de búfala com tomate seco e rúcula, por exemplo. Para aquele momento em que bate a vontade de comer doce, é possível trocar o sorvete de massa, cheio de calda, por opções de frutas ou versões à base de iogurte, acompanhados de frutas in natura. Enfim, existem muitas trocas inteligentes que são possíveis e fáceis de fazer, como, por exemplo, preferir sempre alimentos frescos aos industrializados.
Além de moderar o consumo de sal, gordura e açúcares, outra maneira de se alimentar melhor é controlar as cores dos alimentos que estão no prato: quanto mais cores, melhor. Nas frutas, legumes e verduras, via de regra, é que estão a grande diversidade de micronutrientes, como vitaminas e minerais, fundamentais para o bom funcionamento do organismo. Como não basta apenas ingeri-los, mas garantir a sua absorção, é preciso estar atento às combinações das refeições, além de não descuidar do consumo diário de água, pois ela auxilia as fibras presentes nestes alimentos a agirem no bom funcionamento intestinal.
Em geral, as bebidas só atrapalham quando em grande volume e grande teor de açúcares. Fora isto, para aqueles pacientes saudáveis, que não apresentam refluxo, gastrite ou outros problemas gástricos, por exemplo, o consumo de 200 ml de suco natural sem adição de açúcar e sem coar se torna uma forma de diversificar o consumo de frutas e incrementar o consumo de líquido, ainda que não substitua a ingestão de água.
Outro ponto importante é que se alimentar bem não é sinônimo de se alimentar pouco, muito pelo contrário: o jejum prolongado prejudica muito o processo de emagrecimento e também o processo de ganho de massa muscular (hipertrofia). Este jejum faz com que se retire energia das reservas do fígado e também dos músculos. Quando isto acontece é sinal que está prejudicando também o gasto energético, já que a quantidade de massa muscular está diretamente ligada ao metabolismo.
É preciso ressaltar que uma alimentação saudável é como uma poupança, onde investimos para obter maior qualidade de vida quando envelhecermos. Esta prática diminui o risco de desenvolvimento da obesidade, de se desenvolver diabetes, hipertensão, colesterol elevado, além de doenças ligadas a carências nutricionais como anemia, osteoporose, etc. Se alimentar bem também nos dá mais disposição para desempenhar as atividades diárias e melhora nossa capacidade de concentração, além de contribuir para um melhor desempenho nas práticas esportivas.
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Realizar refeições fracionadas é uma forma de manter o organismo em um ritmo de trabalho mais acentuado e também ajuda na diminuição do apetite nas refeições, favorecendo a manutenção e/ou diminuição de peso. Como vimos, só há proibição quando o paciente tiver alguma restrição por problema de saúde. Fora isso, não existe motivo para proibir o consumo de nenhum tipo de alimento, ainda que o objetivo seja a perda de peso. Basta moderar o consumo, adequando ao planejamento alimentar do dia.