Psicóloga formada pela PUC-SP (1989). Psicodramatista pelo Instituto Sedes Sapientiae. Especialista Clínica pelo CRP/SP,...
iHá casais que, aos olhos dos outros, passam por pai e filha ou mãe e filho, tal a diferença de idade dos dois. Quinze ou vinte anos de diferença realmente nos dão a sensação de duas gerações se relacionando - o que de fato é, não dá para negar. Isso pode ser absolutamente irrelevante para quem está na relação, e quanto mais velhos forem, menor será a importância dada a esse fato.
A questão se complica quando o mais velho começa a exigir do mais novo atitudes condizentes com sua idade e maturidade, o que o outro ainda não desenvolveu simplesmente por não ter tido as mesmas experiências e vivências. Aquele, com sua experiência de vida e maturidade, quer que o parceiro corresponda agindo e pensando como ele, mostrando impaciência e intolerância com certos desejos ou inseguranças do cônjuge comuns à fase de vida em que ele se encontra. Esquece de colocar-se no lugar do outro - atitude que todos nós deveríamos sempre ter - para perceber seu lado, o que ele realmente necessita.
O inverso também é verdadeiro: quando o mais novo começa a exigir coisas do mais velho que já não lhe cabem, pois está em outra fase de vida, e irrita-se quando percebe que seu parceiro não tem a mesma disposição para certas situações que, anos atrás, já fizeram parte de sua vida. Os anos passam, as prioridades e vontades mudam, a capacidade física e disposição se alteram. É preciso respeitá-las.
Um dos pontos que pesam para que uma relação tenha mais chances de sucesso é ambos estarem vivendo a mesma fase de vida, ou pelo menos estarem em fases parecidas. Por exemplo: um homem já divorciado, pai de filhos adultos, casa-se pela segunda vez com uma jovem com idade equivalente à dos filhos, e resolvem começar uma nova família. Essa jovem não viveu muitas coisas pelas quais o marido já passou, e tem vontade de vivê-las. Está em seu direito, claro. Mas é preciso enfrentar uma série de questões que provavelmente virão à tona em algum momento, como os comentários "irônicos" dos amigos, o olhar crítico da família de origem (pais, irmãos), a convivência com os filhos do primeiro casamento, que pode vir com resistência em respeitar uma madrasta que possui praticamente a mesma idade deles.
O inverso, novamente, também é verdadeiro. Não estou dizendo que essas uniões estão fadadas ao fracasso, mas sim que enfrentarão mais dificuldades que outras em que as idades são mais próximas. O casal tem que se pautar em muita cumplicidade, apoio, confiança, coragem e, acima de tudo, amor, para vencer os obstáculos que surgirão.
É preciso muito respeito e, uma condição fundamental, a inversão de papéis a todo momento. Com isso quero frisar a importância de "colocar-se no lugar do outro" para que se percebam suas necessidades, a fim de evitar que se cobrem coisas impossíveis e não condizentes com a idade do cônjuge.
Parceiros mais jovens podem reacender nos mais velhos uma alegria de viver que já não parecia existir, dando-lhes uma injeção de ânimo e trazendo à tona uma energia muitas vezes surpreendente.
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O amor não tem idade para manifestar-se e ninguém pode julgar o que é melhor para o outro, posto ser a escolha do parceiro algo totalmente subjetivo. Que tenhamos, então, a oportunidade de vivenciá-lo em sua plenitude!