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O que é gatilho
Gatilho é um termo utilizado no ramo da psicologia para denominar um estímulo emocional causado no cérebro, que ativa lembranças de traumas ou situações marcantes na vida de uma pessoa. Apesar de estar relacionado, na maioria das vezes, a uma sensação negativa, também é possível despertar gatilhos positivos que tenham ligações afetivas na vida de alguém.
Por estar relacionado exclusivamente com as experiências pessoais de cada um, diversos tipos de situações podem desencadear emoções e se tornar um gatilho. A neuropsicóloga Tammy Marchiori explica, através de um cenário-exemplo, o que pode ser considerado um gatilho:
"Uma pessoa sofre um abuso sexual em uma festa. Anos depois, ao ouvir a música que estava tocando no momento do abuso, esta pessoa pode se lembrar dos detalhes e, de certa forma, "reviver" o evento, o que pode resultar em desconforto e sofrimento. Dessa forma, a música funcionou como um gatilho para dar início a essas lembranças negativas", conta a especialista.
Gatilho mental X Gatilho emocional
Os dois termos são capazes de gerar diversas sensações no cérebro humano. Porém, a maneira que isso ocorre se difere entre ambos. Entenda o que é cada um:
- Gatilho mental: esse tipo de gatilho é muito utilizado como estratégia de marketing e venda, pois é capaz de ativar sentimentos que provocam certas vontades e tentações. Tammy Marchiori explica que o gatilho mental tem relação com as nossas ambições, necessidades e interesses sobre algo.
- Gatilho emocional: a neuropsicóloga conta que o gatilho emocional, por sua vez, está ligado com as nossas memórias, emoções, reações e comportamentos diante de situações cotidianas e relacionamentos em geral.
Sintomas gerados por um gatilho
Apesar do termo ter se popularizado na internet como um meme, um gatilho pode desencadear sentimentos intensos e, muitas vezes, preocupantes no emocional de uma pessoa. Alguns sinais que demonstram o impacto gerado por um gatilho são:
- Raiva
- Perda de controle
- Ansiedade
- Estresse
- Medo
- Culpa
- Sentimento de julgamento ou inferioridade
- Tristeza
- Baixa autoestima
- "Flashbacks" de situações passadas
- Sensação de vazio
Como lidar com gatilhos
Por serem tão singulares e se apresentarem de diferentes formas, não é possível evitar a exposição aos gatilhos no nosso dia a dia. No entanto, o gatilho emocional, que está relacionado aos traumas internos, pode gerar consequências preocupantes na vida de alguém, como crises de ansiedade e depressão.
Dessa forma, alguns cuidados devem e podem ser tomados para evitar qualquer tipo de desgaste mental. O principal deles, de acordo com Tammy Marchiori, é o tratamento através da psicoterapia, para que traumas mais conscientes (como um acidente ou abuso no passado, por exemplo) possam ser superados.
Muitas postagens nas redes sociais são feitas com um sinal de alerta no começo, avisando que o conteúdo pode se tornar gatilho para algumas pessoas. Então, ao se deparar com um desses avisos, é essencial que haja uma reflexão e honestidade consigo mesmo, não se deixando levar pela curiosidade e entender as possíveis consequências da leitura.
É importante ressaltar ainda que tudo pode se tornar um gatilho: palavras, cheiros, gestos, lugares, entre outros. De acordo com a Sociedade Americana de Psicologia, os gatilhos podem ser ainda mais desgastantes e impactantes quando ocorrem de forma inesperada.
Portanto, não há uma fórmula que possa nos tornar imunes à esse sentimento. Logo, se culpar por sentir algo negativo ou diminuir a importância da própria dor por considerar que ela se iniciou por um motivo "bobo", são pensamentos que devem ser evitados.
"O gatilho mental e o emocional são subjetivos, ou seja, o que é gatilho para uma pessoa não é para outra pessoa. Cada pessoa tem as suas memórias, ambições, interesses e emoções que são únicas", finaliza a neuropsicóloga Tammy Marchiori.