Psicóloga formada em 1998 pela Faculdade de Ciências e Letras, com validação e equivalência de diploma pela Universidade...
iA liberdade de dizer o que pensa sobre o outro sem filtro e sem se pôr no lugar do outro, muitas vezes, é vista como ofensa e inadequação. Dizer verdades, poucas e boas, sem se pôr no lugar do outro não é muito aceito por todos.
Ridicularizar alguém em tom de brincadeira costuma ser engraçado apenas para quem faz piada ou quem escuta, mas não é o alvo central do tema, raramente é algo que agrega e fortalece o vínculo entre as pessoas.
Por isso, com o que exatamente se pode ou não fazer piada, gozação ou brincadeira? Expor o outro a situações vexatórias é condenado pela maioria, mas algo mais leve nesse sentido, como um deboche, um tirar sarro, um riso solto, nem sempre é entendido como ofensa a quem faz, mas extremamente humilhante para quem recebe.
Perfil inadequado do gozador:
Quem costuma viver o papel do "divertido sem limites" costuma ser uma pessoa extrovertida ou alguém que gostaria de ser expansivo. Normalmente, são pessoas inseguras que buscam aceitação do grupo, e por não saber como fazer, usam alguém que julgam mais fraco, tímido ou muito educado e que, no final das contas, sabe que não vai retrucar, para expô-lo ao ridículo, nem impor limites perante outras pessoas.
A partir desse momento, o gozador se sente forte e dono da razão. Gente desse tipo tem bastante dificuldade de se imaginar na posição da outra pessoa e como seria o sentimento do outro nesse momento. Quem age esse modo raramente pensa, aceita ou pondera os valores e pensamentos da outra pessoa ou mesmo considera o limite de cada um que é mesmo muito diferente e merece total respeito e atenção.
A maior dificuldade vem em ser capaz de entender como seu comportamento é ofensivo e suas ações são, muitas vezes, inadequadas por completo. Individuo assim, "brincalhões sem noção" se expõe mais que os demais. Algumas pessoas invejosas também agem assim para denegrir o outro e se sobressair com suas piadas afiadas. Por sua vez, quem brinca desse modo quer atenção.
Perfil de quem é tema das piadas:
Essa situação pode acontecer com muitas pessoas, mas tem gente que vive isso com mais repetição que outras pessoas. Quem é o foco desse tipo sutil de ridicularização sofre muito e vive momentos de estresse.
Quem passa por isso não consegue achar saída para o bem-estar a não ser evitar o contato com quem lhes causa esse tipo de desconforto.
Algumas pessoas nessa condição tentam se defender, porém isso acaba sendo feito de forma séria, justamente, porque quem sofre sente todas as dores de forma real. Mas nem sempre esse caminho funciona, até por que o ataque é feito através da máscara do "mas é só uma brincadeira" e a comunicação passa a ficar truncada justamente aí.
Se tem alguém brincando e alguém se ofendendo e falando sério, raramente será ouvido. Quem está se divertindo é incapaz de compreender a imaturidade dos seus atos e o cunho agressivo de suas ações e o próximo passo mais comum é julgar quem se ofendeu como "chato" e alguém muito "sério" que não sabe se divertir com nada. Ou seja, de vítima a pessoa passa a ser vilã e o centro do problema.
Interação de outras pessoas
Quem assiste a esse tipo de comunicação e não faz parte diretamente da conversa, normalmente, não vê problemas, pois:
- Não compreende a dinâmica do "engraçadinho de plantão" e sua agressão mascarada
- Não é o alvo e não pensa como seria se fosse
- Não se põe no lugar de quem sofre e nem imagina seu sofrimento.
Buscando ajuda
Tanto quem é inadequado quanto quem se sente agredido pode buscar ajuda em sessões de psicoterapia. Ser capaz de conhecer melhor a si mesmo, suas emoções, ações e impacto das ações, entender suas atitudes e escolhas pode melhorar sua qualidade de vida e contato social.
Qual será a real intenção de criar uma brincadeira usando o outro como alvo? Qual a razão para agir assim? Aprender a pensar sobre as ações é fundamental para o amadurecimento emocional.
Sucesso e até breve!