Nem todo mundo imagina, mas o ser humano é dotado de quatro inteligências - que vão muito além daquela voltada apenas ao conhecimento lógico. Também chamadas de "dimensões do ser", elas abrangem as áreas física, intelectual, emocional e espiritual, e precisam estar equilibradas para que se atinja um estado de harmonia, fazendo com que cada pessoa possa encontrar o verdadeiro potencial individual.
Atualmente, muitas outras inteligências são reconhecidas, mas são essas quatro as exploradas pela metodologia Hoffman e que, quando juntas, formam a Quadrinidade. Para ficar claro, o método foca na integração dessas inteligências através do autoconhecimento, promovendo mudanças positivas na vida do indivíduo que conseguir balancear as dimensões do ser. Entenda a seguir como aplicar o conceito na sua rotina:
Quatro inteligências do ser humano
Em 1967, o estadunidense Bob Hoffman determinou que todos os seres humanos são compostos por quatro inteligências, fundando assim o Processo Hoffman da Quadrinidade. Através da integração harmônica dessas dimensões de cada indivíduo, o método propõe uma transformação e reeducação do ser pelo autoconhecimento e auto aprimoramento.
Segundo Heloísa Capelas, CEO do Centro Hoffman, em São Paulo, as pessoas não são incentivadas a reconhecer e desenvolver as quatro inteligências, passando a vida subutilizando as verdadeiras capacidades do ser. Mas, afinal, o que são e como utilizar, integrar e equilibrar as inteligências física, intelectual, emocional e espiritual?
Inteligência física
De acordo com Capelas, a inteligência física é tudo o que o corpo humano faz, assim como tudo aquilo que é capaz de fazer, como o ato de respirar. "O corpo é tão inteligente que respira sem que tenhamos de mandar, nossos órgãos funcionam sem que tenhamos de pedir ou de enviar um comando consciente", exemplifica.
O corpo humano também pode ser treinado para ir aprendendo, se fortalecendo e exercitando sua resistência. Essa competência é a única dentre as quatro inteligências que é palpável, uma vez que o corpo é a "casa" do ser humano.
Dar a devida atenção à inteligência física não é apenas ir à academia ou entrar em uma dieta saudável. Também é preciso se atentar às toxinas que o corpo retém e os mecanismos para eliminá-las. Os próprios órgãos, a urina, as fezes, o suor e a respiração são algumas válvulas pelas quais o corpo expulsa as impurezas, limpando o organismo.
Ou seja, a inteligência física pede pela manutenção e cuidado do corpo, através de um exercício constante do autoconhecimento e da valorização desse "veículo" que permite que o ser humano viva a sua jornada. É necessário aprender a se conectar com o corpo físico, assim como a amá-lo e respeitá-lo.
Inteligência intelectual
Já a inteligência intelectual é a capacidade de estudar para aprender coisas novas, adquirir novas habilidades, pensar logicamente, dominar tecnicamente e obter conhecimento sobre algo. Heloísa Capelas explica que, atualmente, ainda há uma maior atenção à intelectualidade em detrimento das outras inteligências, "quase como se ela fosse a única medida possível e apropriada para definir as habilidades de uma pessoa".
Inteligência emocional
Por outro lado, a inteligência emocional está relacionada com a capacidade de identificar as próprias emoções. Isso significa explorar o campo emocional até que seja capaz de nomear e reconhecer essas emoções, podendo, a partir daí, agir conscientemente com base naquilo que se está sentindo.
"Ou seja, a inteligência emocional é, também, a capacidade de decidir considerando as próprias emoções e não descartando aquilo que se sente a respeito de uma determinada situação", complementa Capelas.
Inteligência espiritual
Muitos consideram o termo "espiritual" como algo relacionado à religiosidade, mas para a metodologia Hoffman, a inteligência espiritual não tem nada a ver com religião. "Na verdade, é a competência que nos liga ao universo, é nossa sabedoria interna, nossa intuição, aquele pedaço da gente que simplesmente sabe as respostas e os caminhos", explica Heloísa.
Para a especialista, o pré-julgamento de que a inteligência espiritual tem a ver com questões religiosas é resultado de uma sociedade que hipervalorizou a inteligência intelectual, promovendo a razão e a lógica como principais qualificadores. Assim, tudo aquilo que não pode ser comprovado ou explicado por bases científicas, assusta o ser humano, pois ameaça o controle que ele pensa ter.
Equilíbrio das 4 inteligências
As quatro inteligências têm o mesmo valor e precisam estar em harmonia. Segundo Heloísa Capelas, quando há desequilíbrio, é muito mais difícil de se encontrar paz interna e saúde em todas as dimensões. "Sem equilíbrio, o que eu penso está em conflito com o que eu sinto. Daí, os meus sentimentos e pensamentos não condizem com meus gestos; e meu gestos, então, geram mais prejuízos que ganhos, afinal, está tudo em desalinho", explica.
Quando as quatro inteligências não estão equilibradas e integradas, o indivíduo apresenta padrões compulsivos, automáticos e inconscientes, sem reparar no que está fazendo ou nos resultados que suas ações podem trazer. "Logo, me vejo sempre diante dos mesmos problemas, mas, como dou sempre as mesmas respostas, fico presa a um círculo vicioso extremamente prejudicial", complementa Capelas.
Segundo a especialista no método Hoffman, não há uma dica específica para equilibrar cada uma das quatro inteligências, mas existem ações que servem para todas elas, como:
- Desenvolva o autoconhecimento
- Lembre-se que o único tempo que você possui é o "agora". O passado já foi e o futuro ainda não chegou. Procure manter o foco no hoje
- Pratique a positividade. "Ser positivo é estar e se sentir livre, aberto, disponível e pronto para receber o que é seu. Compreender que tudo acontece por um motivo", diz Capelas
- Respire com consciência, o que ajuda a sair do "piloto automático" e prestar atenção em uma ação que, até então, era espontânea
- Assuma a responsabilidade por si mesmo. "Errando ou acertando, lembre-se que foi você mesmo quem gerou esse resultado. Perdoe-se por suas falhas, aplauda suas vitórias e siga em frente", explica Heloísa.
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Autoconhecimento é fundamental
Todos os pontos são importantes, mas o autoconhecimento é de suma importância no exercício do equilíbrio das quatro inteligências. É através dele e da aceitação e reconhecimento do ser que se equilibra, integra e entende essas dimensões, apropriando-se de cada uma delas.
Segundo a especialista, a autoconsciência precisa ser praticada diariamente. Todos os dias é necessário se perceber, realizar um "check-in". "Você pode estar parado no trânsito e decidir aproveitar aquele momento para diminuir a velocidade interna dos seus pensamentos para se observar e perceber: Como está meu corpo? Como está minha mente? E meu coração? E o que diz minha intuição?", indica a profissional.
Algumas ações que facilitam o caminho para o autoconhecimento são:
- Meditação
- Sessões de visualização criativa
- Terapia
- Se conectar com a natureza
- Se mexer, conectando-se com o corpo
- Escrever sobre o que sente
- Se aceitar
- Simplesmente decidir respirar e voltar a atenção para si
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Autoconhecimento é simplesmente olhar para dentro de si e praticar a observação do seu ser, não necessariamente é sinônimo de algo zen. Porém, para ficar mais íntimo de si mesmo, é essencial que decida se olhar com honestidade e isenção, se perguntando e respondendo de maneira aberta e sem julgamentos ou autocríticas.
"O que você está realmente pensando e sentindo, e quais comportamentos têm vontade de adotar em resposta a isso (em vez de simplesmente adotá-los por impulso). Isso, por si só, é suficiente para que comece a se conhecer de verdade", elucida Capelas.
Ela ainda afirma que a busca pela perfeição é um dos maiores motivos do desequilíbrio das quatro inteligências. Portanto, a aceitação das falhas e imperfeições é essencial para a harmonia do ser. "Nossa missão não é a de nunca mais errar, mas, sim, a de sempre aprender", finaliza.