Pós-graduada em Ginecologia e obstetrícia pela Faculdade Metropolitana Unida FMU, Doula formada pelo GAMA, estudante de...
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Exercícios aeróbicos, principalmente os de intensidade moderada (entre 35 e 45 minutos), podem reduzir os sintomas da depressão pós-parto. Os efeitos positivos são intensificados quando a atividade física é feita de três a quatro vezes por semana. É o que indica um novo estudo publicado no periódico Plos One, no dia 29 de novembro.
Para chegar à conclusão, pesquisadores da China University of Geosciences, da China, fizeram uma revisão sistemática de 26 estudos, com 2.867 participantes no total, incluindo mulheres grávidas e em período de puerpério.
Para os pesquisadores, o exercício físico feito em grupo pode criar um ambiente positivo para comunicação emocional materna, permitindo um ambiente acolhedor e propício para o compartilhamento de emoções e de anseios e para a troca de experiências.
A atividade física pode ser complementar à psicoterapia
O tratamento tradicional para a depressão pós-parto inclui a psicoterapia e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Porém, o alto custo do tratamento e os potenciais efeitos colaterais dos antidepressivos podem resultar em baixa aderência.
Com isso, na visão dos autores do estudo, os exercícios físicos podem entrar como “intervenções não farmacológicas” para o tratamento da depressão pós-parto. A ginecologista e obstetra Juliana Schablatura Vera, da Clínica Parto com Amor, concorda.
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“A atividade física pode ajudar muito no tratamento, já que a paciente reserva um momento para cuidar de si, saindo um pouco do papel de mãe”, explica a especialista. “Além disso, a liberação de endorfina, a disposição e a volta do corpo próximo ao que era antes de gestar contribuem para a sensação de bem-estar”, completa.
Os achados do estudo também mostram que o exercício aeróbico, principalmente aqueles feitos em grupo, pode melhorar a autoconfiança, a autoconsciência e os parâmetros emocionais das pacientes com depressão pós-parto. Para somar, a redução de peso corporal associada à prática de exercícios físicos também pode melhorar a autoestima e o bem-estar emocional.
Os exercícios físicos também podem servir como prevenção
Além dos efeitos no puerpério, o estudo mostra que o exercício físico feito durante o pré-natal também pode ser benéfico e reduzir o risco de depressão pós-parto. Na visão dos pesquisadores, praticar atividade física nesse período ajuda a reduzir o medo das dores do parto e a aliviar emoções negativas.
“A prática de atividade física melhora a saúde física e mental devido ao aumento de beta-endorfinas, que estão associadas à euforia, ao entusiasmo, à redução de dor e à produção de neurotransmissores, como dopamina, serotonina e noradrenalina, provocando sensação de bem-estar”, explica Priscila Salvador, enfermeira obstetra, parteira e doula da Clínica Parto com Amor.
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Quando realizada no período da gestação, a atividade física traz uma série de benefícios, conforme explica Priscila. “Reduz o risco de diabetes gestacional, aumenta a chance de parto normal, ajuda a diminuir as dores do parto e reduz a porcentagem de gordura corporal”, afirma.
Ainda de acordo com os autores do estudo, o exercício aeróbico realizado antes do parto pode promover a mobilidade pélvica e aumentar o canal de parto, reduzindo as dores e, assim, prevenindo a depressão e também o risco de complicações.
Todas podem fazer exercício físico durante a gestação?
De acordo com Priscila, não há contraindicação para a prática de exercícios durante a gestação. Porém, é necessária a orientação de um profissional de educação física especializado. “O que não é recomendado são exercícios de alto impacto para mulheres que apresentem doença ortopédica, cardíaca ou pulmonar, e, também, em caso de sangramento, o que pode indicar outros problemas mais sérios”, alerta a enfermeira.
Já no pós-parto, a ginecologista Juliana explica que caminhada e atividades do dia a dia são estimuladas desde o primeiro dia de pós-parto, desde que tenha ocorrido tudo bem no processo. “Em geral, após um mês do nascimento, as atividades moderadas podem ser realizadas, sempre observando os limites de cada gestante e com acompanhamento profissional”, afirma.