Pós Doutorado na FMUSP. Post-doctoral Clinical and Research fellow no Hospital Clínic Barcelona. Master in Translational...
iRecentemente, tem se falado muito sobre o conceito de “intestino permeável”. Mas poucos sabem do que realmente se trata. A síndrome do intestino permeável pode estar ligada a doenças como esclerose múltipla, artrite reumatoide, depressão, diabetes tipo 1 e síndrome da fadiga crônica, além de inflamações intestinais como a doença celíaca e a doença de Crohn.
Para entender a síndrome do intestino permeável, precisamos primeiro compreender o conceito de permeabilidade. Algo permeável permite a passagem de substâncias de um lado para o outro. Imagine a impermeabilização de um sofá: o produto químico aplicado impede que líquidos penetrem no estofado. No intestino, o mesmo conceito se aplica: um intestino permeável permite que substâncias passem para a circulação sanguínea.
Nosso intestino possui um revestimento mucoso projetado para absorver água e nutrientes dos alimentos que consumimos. Quando essa barreira é comprometida, ela permite que toxinas, bactérias e partículas de alimentos não digeridos passem para a corrente sanguínea, o que pode desencadear uma resposta imunológica exagerada e crônica, causando inflamação sistêmica e potencialmente contribuindo para o desenvolvimento de diversas doenças autoimunes e inflamatórias.
Quais fatores podem danificar esse revestimento do intestino?
Fatores como dieta pobre, estresse, uso excessivo de medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios, infecções e toxinas ambientais podem danificar essas junções, levando ao aumento da permeabilidade intestinal.
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Quais são os sintomas?
A permeabilidade intestinal pode causar um aumento na produção de gases e sensação de inchaço abdominal. Além disso, a alteração na absorção de nutrientes e a presença de toxinas podem levar a irregularidades intestinais, como diarreia ou constipação, desconforto e dores abdominais são comuns devido à inflamação e irritação das paredes intestinais.
A inflamação constante pode levar a um cansaço persistente e falta de energia, resultando em fadiga crônica. Toxinas e partículas alimentares que entram na corrente sanguínea podem causar enxaquecas e dores de cabeça frequentes.
Mas é possível evitar o intestino permeável? Sim!
Para evitar o intestino permeável, é importante a adoção de um estilo de vida mais saudável que priorize uma dieta equilibrada no dia a dia. Isso inclui uma alimentação rica em fibras, através do consumo de frutas, vegetais, legumes e grãos integrais. Alimentos fermentados, como iogurte e chucrute, também são benéficos por conterem probióticos que ajudam a equilibrar a microbiota intestinal.
É importante evitar alimentos inflamatórios, como glúten e laticínios para aqueles com sensibilidade, além de óleos refinados e açúcares processados, que podem prejudicar o intestino. O uso de antibióticos e anti-inflamatórios não esteroides é recomendado somente com indicação médica, pois o uso excessivo desses medicamentos pode danificar a mucosa intestinal.
Além da alimentação, o gerenciamento do estresse é superimportante. Práticas relaxantes, como meditação, ioga e exercícios de respiração podem reduzir o estresse, que é um fator contribuinte para problemas intestinais, mas lembre-se: não a causa. A hidratação adequada e o exercício físico regular também desempenham um papel importante na manutenção da saúde digestiva.
Ao adotar essas práticas, é possível manter a integridade da barreira intestinal e prevenir o intestino permeável.
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