Graduada em Psicologia pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), Lizandra Arita é psicóloga institucional e c...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iRecentemente viralizou na internet uma entrevista de 2017 com Matthieu Ricard, doutor em biologia molecular e monge budista, que foi considerado “o homem mais feliz do mundo” após pesquisas realizadas por cientistas com diversos grupos de pessoas.
Para a pesquisa na época, os cientistas da Universidade de Wisconsin, nos EUA, usaram sensores na cabeça dele e de outras centenas de pessoas para detectar níveis de estresse, irritabilidade, satisfação e prazer. A pontuação obtida indicava quão feliz era a pessoa.
Por exemplo, uma escala de 0,3 significava que a pessoa era muito infeliz, enquanto o oposto (-0,3), indicava que a pessoa era muito feliz. Matthieu Ricard dez -0,45, superando todos os limites de pontuação do estudo - e, assim, passou a ser considerado “o homem mais feliz do mundo”.
A partir disso ele se tornou um “guru” da felicidade, muito procurado para entrevistas. E, em uma delas, falou quais eram as duas palavras que considera as mais importantes para se obter felicidade.
Altruísmo e compaixão
Quando perguntado em entrevista à BBC News sobre qual era seu segredo para a felicidade, Matthieu respondeu: compaixão e altruísmo. Segundo ele, uma busca da felicidade egoísta não funciona e todos saem perdendo quando não nos importamos com os outros que nos rodeiam.
Vamos entender melhor sobre cada uma delas:
Compaixão
A compaixão é definida como a capacidade de reconhecer o sofrimento dos outros e sentir uma profunda preocupação pelo seu bem-estar, acompanhada de um desejo de aliviar esse sofrimento. É um estado em que a pessoa está atenta ao seu redor de forma amorosa.
Uma pessoa compassiva normalmente tem uma empatia profunda e entende e sente as emoções dos outros, colocando-se no lugar deles com atenção e sensibilidade. Ou seja, está atenta às necessidades e sentimentos dos outros, percebendo sinais de sofrimento.
“Estudos mostraram que cultivar a atenção, a compaixão e nos libertar de pensamentos obsessivos produz mudanças tanto funcionais quanto estruturais no cérebro”, disse Matthieu na entrevista. Segundo ele, essas mudanças ajudam a alterar padrões viciosos de comportamento.
Altruísmo
Ser uma pessoa altruísta envolve agir de maneira desinteressada para o bem-estar dos outros, colocando as necessidades e os interesses de outras pessoas muitas vezes acima dos seus próprios. Algumas características e comportamentos de uma pessoa altruísta incluem:
- Empatia
- Generosidade
- Solidariedade
- Compromisso com o bem comum
- Humildade
Desenvolver o altruísmo pode envolver práticas como voluntariado, doações, atos de bondade cotidiana e a busca por entender e aliviar o sofrimento dos outros. Não é apenas sobre grandes gestos, mas também sobre pequenas ações que fazem diferença na vida das pessoas. “o altruísmo é uma situação em que todos ganham”, diz Matthieu.
Como chegar lá?
Para chegar a essa capacidade de ser altruísta com relação aos sentimentos dos outros e agir com compaixão, porém, é preciso desenvolver um conhecimento sobre si. “A gente precisa ter autoconhecimento para ser feliz, pois precisamos aprender a lidar com as nossas emoções”, fala Lizandra Arita, psicóloga da Clínica Mantelli.
Segundo ela, em muitos momentos da nossa vida temos que aprender a lidar com a raiva e canalizá-la. Sem isso, fica difícil desenvolver altruísmo e compaixão, já que, ao não nos conhecermos totalmente, podemos deixar sentimentos “nos dominarem” e se sobreporem a essas características citadas pelo monge.
“É preciso resolver os traumas, os ‘sonhos’ que vieram de gerações passadas e foram passadas para o seu inconsciente e que levam a um sentimento de tristeza”, diz ela. “É preciso ‘perfurar’ de onde vem essa sensação de tristeza e buscar autoconhecimento para lidar com questões que ficaram gravadas dentro do nosso inconsciente”.
A especialista indica que a terapia é uma ótima forma de desenvolver o autoconhecimento e atingir a capacidade de ter mais compaixão e altruísmo. Mas existem outras coisas que podem ajudar.
Leia mais: 9 tipos de terapia e como escolher a melhor para você
Em busca do equilíbrio e da felicidade
Lizandra faz questão de destacar que não existe uma fórmula mágica para a felicidade e que cada pessoa pode entender o que é esse sentimento de forma diferente com base em suas crenças, convicções e forma de encarar o mundo.
De qualquer forma, ela acrescenta que um caminho para a felicidade passa por equilíbrio na vida. “Por isso a gente precisa cuidar da nossa saúde física, já que a felicidade depende de a gente estar saudável”, fala a especialista.
Além disso, ela acrescenta sobre a importância de manter a mente ativa, de trabalhar o lado intelectual e de buscar ter sempre atenção ao momento presente. “O ser humano sofre pelo passado e pelo futuro”.
Para isso, ela recomenda a meditação, uma prática totalmente incorporada à vida de Matthieu Ricard. O budista, inclusive, comentou na entrevista que as pessoas que meditavam tinham uma grande ativação em certas áreas do cérebro envolvidas na compaixão.
“Então, este é um bom treino diário: meditar e estar presente no aqui e no agora, vivendo esse presente, e com a minha melhor versão, com o que eu tenho de entregar nessa minha atenção concentrada”, finaliza Lizandra.