Graduada em Psicologia pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), Lizandra Arita é psicóloga institucional e c...
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iOs ataques de raiva são frequentemente interpretados como simples explosões de temperamento, mas a psicologia aponta que eles podem ser um reflexo de questões emocionais mais profundas.
Muitas vezes essas explosões de raiva não são apenas uma reação à frustração ou irritação momentânea, mas uma manifestação de problemas de regulação emocional que podem ter raízes na infância e seguir pela vida adulta.
Compreender a fundo o que está por trás desses episódios de raiva é essencial para tratar e prevenir danos tanto à saúde emocional quanto aos relacionamentos pessoais e profissionais.
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A raiva: mais do que um simples descontrole
Segundo a psicóloga Lizandra Arita, da Clínica Mantelli, a raiva pode ser um reflexo da falta de “regulação emocional”. "Muitas vezes, a raiva é uma maneira de mascarar outras emoções, como medo ou tristeza. A sociedade valoriza comportamentos fortes e sem vulnerabilidade e, por isso, algumas pessoas aprendem a suprimir sentimentos que consideram inaceitáveis", explica Lizandra.
Esse mecanismo de defesa acaba substituindo sentimentos mais "fracos", como a tristeza, pela raiva, considerada mais aceitável em muitas situações. "É mais fácil ser visto como alguém irritado do que como alguém vulnerável", complementa a psicóloga.
Isso pode se originar em aprendizados da infância, quando a criança não tem ferramentas para distinguir emoções e se autorregular emocionalmente. Sem uma orientação adequada, essas dificuldades podem ser carregadas para a vida adulta, perpetuando padrões de comportamento impulsivos e de irritabilidade.
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Como a raiva afeta a saúde emocional e física?
Os efeitos dos ataques de raiva não se limitam ao momento da explosão. Quando a raiva se torna um padrão de comportamento, ela pode prejudicar tanto a saúde emocional quanto a física e afetar suas relações pessoais.
- Problemas nos relacionamentos: conviver com alguém que tem ataques de raiva frequentes pode tornar os relacionamentos desgastantes e difíceis. A instabilidade emocional pode afastar amigos, familiares e colegas de trabalho
- Impactos na saúde mental: a raiva mal gerida pode aumentar o nível de estresse, gerar sentimentos de culpa e até contribuir para a depressão, criando um ciclo negativo que afeta o bem-estar geral
- Consequências para a saúde física: estudos mostram que emoções intensas e mal administradas, como a raiva, podem estar associadas ao aumento do risco de hipertensão e doenças cardíacas, prejudicando a saúde física a longo prazo
“A raiva pode ser vista como uma emoção mais ‘aceitável’ ou útil para enfrentar situações difíceis, ainda que prejudique as relações e a saúde emocional a longo prazo”, complementa Lizandra.
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Como lidar com ataques de raiva?
A boa notícia é que é possível aprender a gerenciar a raiva e a melhorar a regulação emocional. "Antes de agir impulsivamente, pergunte-se: ‘Estou realmente com raiva ou estou mascarando outra emoção, como medo ou tristeza?’ Esse autoconhecimento é o primeiro passo para trabalhar a regulação emocional", orienta Lizandra.
Terapias, como a cognitivo-comportamental, são eficazes para ensinar estratégias de regulação emocional e identificar os gatilhos da raiva. Além disso, atividades físicas regulares, uma alimentação balanceada e um sono de qualidade ajudam a reduzir o estresse e promovem a estabilidade emocional.
“Técnicas simples de respiração profunda também podem ser úteis para controlar a raiva no momento em que ela começa a surgir”, destaca Lizandra, que complementa. "De forma geral é importante refletir sobre a sua história emocional e observar como a raiva tem se manifestado em sua vida. Isso pode ajudar a encontrar formas mais saudáveis de lidar com ela", aconselha a psicóloga.
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Quando procurar ajuda profissional?
Embora o autoconhecimento e as estratégias de regulação emocional possam ajudar, há situações em que é fundamental buscar apoio de um psicólogo ou terapeuta. Lizandra destaca que alguns sinais de que é hora de procurar ajuda incluem:
- Explosões de raiva frequentes que parecem desproporcionais às situações que as desencadeiam
- Sentimentos constantes de culpa ou arrependimento após os episódios de raiva
- Prejuízos nos relacionamentos, no trabalho ou na saúde devido aos ataques de raiva
Como vimos, ataques de raiva constantes são sinais de que algo precisa ser ressignificado dentro de nós. Eles podem indicar uma dificuldade em lidar com outras emoções mais vulneráveis e uma falta de regulação emocional.
“Reconhecer esses padrões e buscar maneiras de lidar com a raiva de forma mais saudável é essencial para a construção de uma vida emocional equilibrada”, complementa Lizandra. “A raiva não precisa ser um inimigo: com o apoio certo, ela pode ser transformada de um mecanismo de defesa em uma oportunidade de autoconhecimento e crescimento pessoal”.