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Psicólogo Clínico, do grupo Mantevida*, é formado em Psicologia pelo Centro Universitário Mauá de Brasília (UniMauá), co...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Você é do tipo de pessoa que insiste em resolver tudo sozinho, evita pedir ajuda mesmo quando está sobrecarregado e sente certo desconforto ao depender dos outros? Pode não parecer, mas essa dificuldade em aceitar apoio tem razões mais profundas do que simplesmente "ser independente".
Na verdade, muitas vezes esse comportamento reflete experiências vividas na infância. Situações como a necessidade de amadurecer cedo demais, crescer em um ambiente onde a vulnerabilidade não era bem-vinda ou ser constantemente cobrado por autossuficiência podem moldar essa postura na vida adulta.
O MinhaVida entrevistou Wanderson Neves de Araújo, psicólogo clínico do grupo Mantevida, que explicou melhor todas essas situações. Confira!
Por que algumas pessoas têm dificuldade em aceitar ajuda, mesmo quando precisam?
Essa resistência é mais comum do que parece e, segundo o psicólogo, pode estar ligada ao medo de parecer vulnerável. "Algumas pessoas têm dificuldade em aceitar ajuda devido a sentimentos de vulnerabilidade, medo de parecerem fracas ou incapazes e à necessidade de manter o controle sobre suas próprias vidas", explica.
Além do receio de demonstrar fragilidade, há também a crença de que pedir ajuda significa falhar. "Elas podem sentir que aceitar ajuda é uma admissão de fracasso ou insuficiência", acrescenta Neves. Esse pensamento muitas vezes vem de experiências passadas, como crescer em um ambiente onde a independência era valorizada acima de tudo.
O psicólogo lista quatro situações vividas na infância que podem influenciar a dificuldade de aceitar ajuda na vida adulta:
1. Pais superprotetores ou críticos
Se os pais protegiam demais, a criança pode ter crescido com a necessidade de provar sua independência a todo custo. Já aquelas que foram constantemente criticadas podem ter aprendido que precisam resolver tudo sozinhas para evitar julgamentos.
2. Negligência ou abandono
Quando a criança não tem a quem recorrer, aprende cedo que depender dos outros não é uma opção. "Crianças que enfrentaram negligência emocional ou física podem ter desenvolvido um senso de autossuficiência extrema como mecanismo de defesa", explica o psicólogo. Esse padrão pode se manter na vida adulta, tornando difícil confiar nos outros.
3. Experiências de traição ou decepção
Se uma criança se sentiu traída ou decepcionada, pode crescer com receio de depender dos outros. "O medo de reviver essa dor faz com que algumas pessoas prefiram fazer tudo sozinhas", afirma o psicólogo. Esse comportamento pode aparecer até mesmo em relações próximas, como amizades e parcerias de trabalho.
4. Independência precoce
Crianças que tiveram que amadurecer rápido, assumindo responsabilidades além da idade, costumam carregar essa postura para a vida adulta. "Elas podem desenvolver uma aversão a pedir ajuda", aponta o especialista. A ideia de que precisam dar conta de tudo sozinhas se torna um padrão difícil de quebrar.
Por que é importante aceitar ajuda de vez em quando? Veja o que fazer para mudar esse padrão
A verdade é que ninguém dá conta de tudo o tempo todo – e permitir que os outros ajudem pode tornar a vida mais leve. Segundo Wanderson, "entender e trabalhar esses padrões de comportamento pode melhorar significativamente a qualidade de vida e fortalecer relações pessoais e profissionais", afirma.
O especialista indica algumas formas de mudar esse padrão:
- Reconhecimento e reflexão: admitir que você tem dificuldade em aceitar ajuda é o primeiro passo. Reflita sobre as possíveis origens desse comportamento e como ele impacta na sua vida.
- Desenvolver autocompaixão: pratique a autocompaixão e entenda que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas uma demonstração de força e autoconhecimento.
- Comunicação aberta: trabalhe para melhorar a comunicação com as pessoas ao seu redor, expressando suas necessidades e sentimentos de forma honesta.
- Buscar terapia: a ajuda de um terapeuta pode ser extremamente útil. Terapias como a Cognitivo-Comportamental (TCC) ajudam a identificar e modificar padrões de pensamento que dificultam aceitar ajuda.
- Dar pequenos passos: comece aceitando ajuda em pequenas tarefas do dia a dia e, gradualmente, vá se sentindo mais confortável com o apoio dos outros.