
Danilo Höfling é endocrinologista e doutor em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. É Membro...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Você já parou para pensar no que pode estar escondido nos utensílios da sua cozinha? Um estudo recente, publicado na revista Chemosphere, trouxe um alerta preocupante: espátulas, colheres e outros objetos domésticos feitos de plástico preto podem conter substâncias tóxicas prejudiciais à saúde.
Os pesquisadores analisaram diversos itens desse material e descobriram que 85% deles apresentavam vestígios de retardantes de chama — compostos químicos usados para evitar a propagação do fogo, mas que, quando ingeridos, podem representar riscos à saúde. E o pior: no caso dos utensílios de cozinha, essas toxinas podem acabar indo diretamente para a sua comida.
Entenda por que o plástico preto faz mal à saúde
Se você tem utensílios de cozinha, embalagens ou até brinquedos feitos de plástico preto, talvez seja hora de repensar no uso de objetos com esse material. Um estudo recente revelou que esse material pode conter substâncias tóxicas perigosas, herdadas de plásticos reciclados de eletrônicos antigos. O problema? Esses compostos não deveriam entrar em contato com alimentos, pele ou saliva, mas acabam sendo reutilizados justamente em objetos do dia a dia.
O grande vilão dessa história é o éter difenílico, um retardante de chama usado para evitar incêndios em produtos eletrônicos. Embora tenha sido banido na União Europeia desde 2006, ele ainda aparece em alguns utensílios porque o plástico preto costuma ser reciclado a partir de carcaças de televisores e outros aparelhos eletrônicos descartados. Sem um controle rigoroso, esses materiais acabam sendo reaproveitados em objetos que usamos sem imaginar os riscos.
Além disso, os pesquisadores descobriram que plásticos pretos à base de estireno, como o ABS (acrilonitrila butadieno estireno) e o PSAI (poliestireno de alto impacto), contêm níveis ainda mais altos dessas substâncias tóxicas. Como esses materiais são altamente resistentes ao calor, acabam sendo preferidos para a fabricação de utensílios domésticos — o que só aumenta o perigo, já que o calor pode facilitar a liberação dessas toxinas.
Além dos plásticos pretos, o endocrinologista Danilo Höfling, em um artigo escrito para o MinhaVida, divulgou uma lista mais completa de substâncias que funcionam como desreguladores ou disruptores endócrinos (DEs). Ele explica:
"Grande destaque tem sido direcionado para os ftalatos (usados em plásticos maleáveis e na produção de brinquedos, perfumes, sabonetes, hidratantes, desodorantes, condicionadores, xampus, produtos médicos e farmacêuticos, etc.) e para o bisfenol A (também chamado BPA, é uma substância usada na fabricação de plásticos de policarbonato e resina epóxi, usados na fabricação de recipientes plásticos e revestimento plástico interno de latas usadas para acondicionar e manipular diversos alimentos)."
Quais problemas de saúde os plásticos pretos podem causar?
Os plásticos pretos podem parecer inofensivos, mas estudos mostram que eles escondem riscos preocupantes para a saúde. Muitos desses materiais contêm substâncias tóxicas que, ao longo do tempo, podem migrar para os alimentos, para a saliva (no caso de brinquedos infantis) e até para o meio ambiente. O problema é que essas substâncias estão associadas a sérios danos ao organismo.
Estudos indicam que o éter difenílico pode estar relacionada ao desenvolvimento de câncer, desregulação hormonal, danos ao sistema nervoso e problemas reprodutivos. Ou seja, não é algo que você gostaria que entrasse em contato com a sua comida ou com objetos do dia a dia.
Outro composto químico preocupante é o 2,4,6-Tribromofenol, que tem sido associado à disfunção da tireoide em humanos e animais. Essa substância já foi detectada no soro sanguíneo, no leite materno e até na placenta, o que indica que pode ser transmitida de mãe para filho.
E não para por aí: um estudo do Conselho de Pesquisa da Noruega revelou que um quarto de todos os compostos químicos presentes nos plásticos — não apenas nos pretos — são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Isso significa que o problema não se restringe a um único tipo de plástico, mas sim à falta de controle sobre os materiais que utilizamos diariamente.
A melhor forma de evitar esses problemas é substituir os utensílios de plástico preto por opções mais seguras, como vidro, inox e silicone de qualidade, pode ser uma escolha inteligente para evitar a exposição a esses compostos. Afinal, quando o assunto é saúde, todo cuidado é pouco!
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