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Vários distúrbios do sono estão ligados a problemas muito mais sérios do que o simples cansaço que a insônia ou a má qualidade da noite dormida proporcionam. Alguns têm outras implicações e sinalizam que funções do corpo podem não estar funcionando da maneira correta. O ronco é uma dessas características. Incômodo e muitas vezes motivo de brincadeiras, esse sintoma pode significar diversas disfunções, como a obesidade, a hipertensão e problemas cardiovasculares, que algumas vezes podem até levar à morte prematura.
Uma pesquisa feita pela universidade norte-americana John Hopkins mostrou que as pessoas que roncam em um volume muito alto têm uma expectativa de vida menor e problemas cardiovasculares mais graves e em maior quantidade. As doenças que podem estar por trás do ronco são as causadoras desses riscos.
Esse estudo acompanhou 6.400 pessoas durante oito anos. Os pacientes com apneia do sono e ronco muito alto ficaram mais propensos a apresentar quadro hipertensivo, diabetes e doenças cardiovasculares.
Tanto o ronco quanto a apneia consistem no estreitamento ou fechamento das vias aéreas durante o sono. Nas pessoas que roncam alto, o ar tem tanta dificuldade para passar aos pulmões que acaba produzindo um som incômodo. Na apneia, ocorre a obstrução das vias aéreas. Após ficar sem respirar por alguns segundos, a pessoa acorda no meio da noite, deteriorando a qualidade do seu próprio sono.
De acordo com a médica e pesquisadora dos problemas do sono Fernanda Haddad, esses dois problemas têm tratamento e incluem o emagrecimento, pois indivíduos muito obesos têm maior propensão ao fechamento das vias aéreas, decorrente do acúmulo de tecido adiposo na região do pescoço.
"O ronco acontece por associação de fatores: o envelhecimento, principalmente depois quarta ou quinta décadas de vida; a flacidez da faringe e alterações anatômicas na faringe e no esqueleto facial. O ronco pode vir associado à apneia do sono e, quando isso ocorre, há o aumento do risco de doenças cardiovasculares, hipertensão, infarto e derrame", afirma.
Para ambos os casos, há tratamentos disponíveis e com resultados satisfatórios. Na questão da apneia, o mais usado é o CPAP, que é um aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas. Ele consiste em uma máscara que o paciente coloca para dormir e que melhora o fluxo de ar dentro do organismo.
Há também métodos menos amplos, como um aparelho intra-oral, que proporciona o avanço da mandíbula e facilita a desobstrução das vias aéreas. Em casos mais extremos é possível a intervenção com cirurgia. "Procedimentos cirúrgicos no nariz e na faringe fazem a correção de desvio do septo e rinite crônica", diz Fernanda.
O volume do ronco é um fator importante na observação dos problemas do sono. Quanto mais alto é o som, maior é a dificuldade de passagem do ar durante a noite.
Porém, se o problema ainda não é tão grande, isso não é um motivo para deixar de averiguar o que está ocorrendo, pois há uma possibilidade significativa de o ronco aumentar e até evoluir para a apneia com o envelhecimento do individuo.
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