Médico infectologista diretor da divisão médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Tem residência Médica em Inf...
i Animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e são capazes de inocular o veneno por meio de estruturas próprias (dente, ferrão, aguilhão, cerdas) para fins de caça ou defesa própria. Cobras, aranhas, escorpiões, lacraias, taturanas, vespas, formigas, abelhas e marimbondos são exemplos dessa categoria. Estima-se que ocorram anualmente no Brasil cerca de 26.000 casos de acidentes com serpentes, 21.000 com aranhas e 39.000 com escorpiões, havendo mortes relacionadas a esse tipo de acidente ou sequelas físicas graves.
Todo território nacional apresenta animais peçonhentos, o que varia entre as regiões é o tipo e o grupo de animal encontrado, mas lembrando que áreas de mata fechada ou caatinga são mais propensas a ter serpentes, enquanto que áreas de terrenos baldios com presença de entulhos são mais propícios a ter a presença de escorpião ou aranhas. Apesar de parecerem assustadoras para algumas pessoas, esses animais tem uma importante função dentro do ecossistema em que vivem. Dessa forma temos que evitar o acidente com esses animais e não os matar de forma indiscriminada.
Os principais sinais e sintomas iniciais pós-acidente são a dor (podendo ou não ter a marca da picada), vermelhidão, inchaço, hematoma (pele fica de cor roxa) e formação de bolhas no local. Esses achados podem evoluir para formas mais graves e a dor pode passar a ser muito forte. Depois dessa primeira fase, dependendo do local do corpo afetado e do animal em questão, sintomas mais graves podem aparecer, como hemorragias importantes, perda da força muscular e queda da pressão arterial.
As principais condutas frente a uma suspeita de acidente com animal peçonhento é acalmar a vítima, não deixar que ela se movimente muito, elevar o membro atingido, lavar o ferimento com água e sabão, chamar socorro médico ou levar a pessoa acidentada ao hospital mais próximo ou a um centro especializado em atendimento de acidentes com animais peçonhentos (como é o Instituto Butantã aqui na cidade de São Paulo). Ofereça muita água para a vítima do acidente.
Não pise na bola
Os principais erros envolvidos no tratamento de picadas de animais peçonhentos são intervenções inadequadas como torniquete (amarrar o local), sugar o ferimento com a boca, cortar o local afetado e uso de substâncias contaminadas no local da picada (como por exemplo: pó de café, teia de aranha, urina, terra). Se possível e não houver perigo, leve o animal envolvido no acidente em transporte adequado para que seja feito seu reconhecimento em local especializado. Isso facilita o diagnóstico e tratamento da vítima.
O tratamento consiste em caracterizar o tipo de acidente e o animal envolvido, realizar medicações para dor, hidratação e administrar precocemente o antiveneno. Quanto mais cedo for administrado o antiveneno, melhor o prognóstico do paciente, por isso que a procura de um serviço de saúde deve ser a mais rápida possível.
Prevenção
A melhor forma de evitar acidentes é adotar medidas de prevenção. Por isso, se recomenda manter a casa e a área ao redor limpas, uma vez que o lixo e entulhos podem servir de abrigo para muitos destes animais. Também é importante ficar atento à limpeza de armários, já que ambientes escuros e úmidos servem de esconderijos para aranhas e escorpiões. Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros, meias-canas e rodapé, além de utilizar telas e vedantes em portas, janelas e ralos, são outras formas de evitar a presença dos animais peçonhentos. Moradores de área rural e trabalhadores da agricultura e turistas não podem deixar de usar luvas e botas de cano alto e calça ao entrar em regiões de matas ou plantações.