Neurocirurgiã do Hospital San Gennaro e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). Graduada em Medicina pela...
iRedator de saúde e bem-estar, entusiasta de pautas sobre comportamento e colaborador na editoria de fitness.
O que é Tumor na hipófise?
O tumor na hipófise ou tumor pituitário ocorre quando há o aumento excessivo e desordenado de tecido e de células dentro da hipófise, glândula localizada no cérebro. Ela é responsável pela secreção de alguns hormônios muito importantes para o organismo, como o GH, hormônio do crescimento, e o TSH, que regula a tireoide.
Um tumor pode ser benigno, com pouca chance de se espalhar por outras partes do organismo, ou maligno, quando há grande proliferação de células anormais e invasão das estruturas vizinhas.
A hipófise é uma das áreas da cavidade craniana menos afetadas pelo crescimento anormal de tecidos e células. No entanto, quando ocorrem, a grande maioria dos casos é de tumor não-canceroso (adenomas). Estes, geralmente, permanecem dentro da hipófise e não se espalham para outras partes do corpo.
A hipófise
A hipófise, também chamada de glândula pituitária, é uma glândula localizada na base do crânio. Ela é responsável pela produção de diversos hormônios, atuando, também, de maneira indireta no funcionamento de vários órgãos do corpo.
"Esta glândula é ligada ao cérebro pela haste hipofisária e é responsável pela regulação de grande parte do nosso sistema endócrino, ou seja, regula vários dos nossos hormônios", fala Tatiana Vilasboas, neurocirurgiã do Hospital San Gennaro.
Muito pequena (mais ou menos do tamanho de uma ervilha), a hipófise é dividida em duas partes: a neuro-hipófise, que regula os níveis de água do sangue e estimula as contrações do parto, por exemplo, e a adeno-hipófise, que produz seis hormônios distintos. Veja quais são:
- GH ou somatotrofina, hormônio do crescimento
- TSH ou tireotrófico, hormônio estimulante da tireoide
- PRL ou prolactina, hormônio da produção do leite
- ACTH ou adrenocorticotrófico, hormônio regulador da atividade da glândula suprarrenal, que, por conseguinte, produz o hormônio cortisol
- FSH, LH ou gonadotróficos, hormônios responsáveis pela regulação do crescimento, puberdade, pressão arterial e processos reprodutivos.
Causas
Os motivos pelos quais acontece esse crescimento anormal de tecidos e células da hipófise permanecem desconhecidos.
Uma pequena porcentagem dos casos de tumor na hipófise ocorre em pessoas com histórico familiar da doença, embora a grande maioria não apresente fatores hereditários para a condição. Ainda assim, os pesquisadores acreditam que mutações genéticas possam estar envolvidas nas causas da doença.
"A genética tem papel fundamental no aparecimento dos tumores de hipófise e alguns autores advogam que o manuseio inadequado dos hormônios também poderia ter um papel no seu surgimento", afirma a neurocirurgiã.
Tipos
A hipófise pode desenvolver vários tipos de tumores, tanto benignos quanto malignos. Na maioria dos casos, os tumores são benignos.
Os tipos mais frequentes de tumores são os adenomas - formações benignas de tecido glandular que são provocadas por mutações isoladas de células normais da hipófise. Em alguns casos, essas mutações podem ser transmitidas hereditariamente.
Outro tipo de tumor que pode ocorrer, porém com menor incidência, é o craniofaringioma, que se origina dos restos embrionários das células que deram origem à glândula. Normalmente, trata-se de um tumor congênito presente desde o nascimento, mas que pode se desenvolver lentamente até a idade adulta sem que o paciente apresente sintomas. Na maioria dos casos, ele é um tumor benigno, porém, devido à sua alta aderência às estruturas adjacentes, pode apresentar um comportamento maligno.
Segundo Tatiana Vilasboas, o tumor na hipófise pode ser micro ou macro. “Muitas vezes, o micro não é identificado em exames de imagem inicialmente e a suspeita se dá pela produção inadequada dos hormônios hipofisários”, explica a especialista.
Sintomas
O tumor na hipófise pode provocar diferentes sintomas, dependendo de cada quadro. Em alguns casos, o tumor pode ser produtor de hormônio, ou seja, pode levar a glândula a produzir quantidades maiores ou menores de hormônios.
Isso pode fazer com que haja alterações nos hormônios de crescimento, na prolactina e nos estimulantes da tireoide. Alguns dos sintomas são:
- Mãos e pés maiores que o normal
- Hiperidrose (transpiração em excesso)
- Períodos menstruais irregulares
- Interrupção da produção de leite pelas glândulas mamárias
- Disfunção erétil
- Súbita perda de peso
- Nervosismo ou irritabilidade
- Evacuações frequentes
Tumores grandes, que medem cerca de um centímetro ou mais, são conhecidos como macroadenomas. Tumores menores são chamados microadenomas.
Os macroadenomas podem comprimir o quiasma óptico, podendo levar a problemas de visão e até perda súbita da visão, de acordo com Tatiana Vilasboas. "Além disso, tumores maiores podem envolver as artérias carótidas que irrigam o cérebro e invadir o seio cavernoso, onde alguns nervos passam, comprimindo-os e levando a uma paralisia facial".
Pressão exercida pelo tumor
Os macroadenomas podem exercer pressão sobre a hipófise e sobre estruturas vizinhas também. Os principais sinais e sintomas de pressão exercida por um tumor pituitário podem incluir:
- Dor de cabeça
- Perda de visão, especialmente perda da visão periférica
- Náuseas e vômitos
- Sintomas causados pela deficiência de hormônio pituitário
- Fraqueza
- Menstruação irregular ou ausente (em mulheres)
- Alopecia areata (perda de pelos do corpo)
- Disfunção sexual
- Micção frequente ou urgente
- Perda de peso não intencional
- Ganho de peso não intencional
Diagnóstico
O diagnóstico do tumor na hipófise, segundo Tatiana Vilasboas, é feito através da ressonância de crânio e de sela túrcica ou turca, além da avaliação do perfil hormonal do paciente. Outros exames podem ser solicitados, como:
- Exames de sangue e urina. As análises de amostras de sangue e de urina podem mostrar se você tem uma superprodução ou deficiência de hormônios
- Testes de visão, que podem determinar se o crescimento de um tumor na hipófise tem prejudicado a visão ou a visão periférica
Tratamento
O tratamento para um tumor da hipófise depende do tipo de tumor, do tamanho e de até onde ele cresceu dentro do cérebro. A idade e a saúde geral do paciente também são fatores que ajudam a determinar o tipo de abordagem para o tratamento.
O diagnóstico precoce de tumores da hipófise é a chave para o sucesso do tratamento, diminuindo a morbimortalidade (incidência das doenças e/ou dos óbitos numa população) e os riscos da doença.
Há três abordagens possíveis para tratar um tumor na hipófise: cirurgia, terapia de radiação e uso de medicamentos específicos para alterações hormonais. Eles podem ser adotados isoladamente ou em conjunto com outros tipos de tratamentos.
O tratamento com medicamentos é indicado para os tumores que promovem alterações hormonais. Neste caso, as medicações via oral podem controlar o tumor e até mesmo induzi-lo à regressão.
Já para tumores maiores, a intervenção cirúrgica é a mais ideal, por meio da técnica endoscópica transesfenoidal. "Com um câmera (endoscópio) através do nariz, é possível abrir um pequeno portal do osso esfenoide e acessar diretamente a glândula hipófise. Após a retirada do tumor, a base do crânio é reconstruída e isola novamente a base do crânio da cavidade nasal", explica Tatiana.
Tem cura?
Tumores na hipófise são perfeitamente tratáveis e o resultado do tratamento costuma ser animador. Além disso, se o tumor puder ser removido cirurgicamente, o prognóstico varia de satisfatório a bom, dependendo se o tumor será totalmente removido ou não – o que geralmente ocorre.
Complicações possíveis
Sequelas do tumor na hipófise
Geralmente, os tumores na hipófise não crescem muito e nem se espalham para outras estruturas vizinhas. No entanto, eles podem afetar negativamente sua saúde, podendo causar perda de visão, deficiência permanência de hormônios, diabetes insípidus (que provoca quantidade excessiva de urina e sede intensa e pode levar à desidratação).
Uma complicação rara de tumor na hipófise, mas potencialmente grave, é a apoplexia pituitária, quando ocorre sangramento repentino no tumor. A apoplexia pituitária requer tratamento de emergência, geralmente com corticosteroides e eventual cirurgia.