Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF//MG) em 2002. Residência Médica em Neurologia pela...
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O que é Alzheimer?
O Alzheimer, também conhecido como Mal de Alzheimer, é uma doença neurodegenerativa que provoca o declínio das funções cognitivas, reduzindo as capacidades de trabalho e de relação social. É comum em pessoas idosas, principalmente entre os 65 e 85 anos de idade, e pode levar à demência.
Com o passar do tempo, o Alzheimer também interfere no comportamento e na personalidade, levando à perda de memória. No início, o paciente pode até lembrar de acontecimentos muito antigos, mas acaba esquecendo questões simples, como uma refeição que acabou de realizar ou o nome de parentes e amigos.
Com a evolução do quadro, o Alzheimer causa grande impacto no cotidiano e afeta a capacidade de aprendizado, de atenção, de orientação, de compreensão e de linguagem. A pessoa fica cada vez mais dependente da ajuda dos outros, até mesmo para rotinas básicas, como a higiene pessoal e a alimentação.
Fases do Alzheimer
Existem três fases do Alzheimer. São elas:
- Inicial: é quando os sintomas se apresentam de forma mais branda, podendo, muitas vezes, passarem despercebidos ou serem confundidos com estágios do envelhecimento natural
- Intermediário: a doença começa a progredir e os sintomas e as limitações começam a ficar mais visíveis e preocupantes. O paciente passa a necessitar de ajuda de outras pessoas para realizar tarefas cotidianas
- Avançado: é o mais próximo da total dependência e da inatividade física do paciente. Os distúrbios mentais são sérios e podem, até mesmo, deixar a pessoa acamada
Causas
As causas do Alzheimer ainda são desconhecidas, mas há algumas hipóteses existentes e possíveis fatores de risco. Uma delas é que a doença pode provir de fatores genéticos, já que cerca de 5% a 15% dos casos afetam pessoas com antecedentes familiares, o que pode ser explicado por anormalidades genéticas específicas.
Outra hipótese é o acúmulo de proteínas no cérebro, mais especificamente a proteína beta-amiloide e a proteína Tau. Esses componentes têm sido observados em abundância no cérebro de pacientes com a doença de Alzheimer, o que causa inflamação e destruição de células neuronais, principalmente nas áreas que correspondem à memória e à execução de tarefas.
Saiba mais: 6 mitos e verdades sobre o Alzheimer
Também existe a possibilidade de alguns fatores ambientais apresentarem riscos para o desenvolvimento do Mal de Alzheimer. É o caso da exposição a metais pesados, como mercúrio e alumínio, que são substâncias tóxicas para o organismo. Doenças como o AVC e traumas no cérebro decorrentes de acidentes também podem aumentar o risco de desenvolvimento do Alzheimer por destruírem neurônios.
Alzheimer é hereditário?
Na maioria dos casos, o Alzheimer não é hereditário. O maior fator de risco para o surgimento da doença é a idade. No entanto, existe uma parcela dos pacientes que apresenta os sintomas de forma precoce, entre os 40 e 50 anos, o que pode estar relacionado a alterações genéticas herdadas de familiares.
Tipos
O Alzheimer pode ser classificado em dois tipos:
- Alzheimer precoce: afeta pessoas com menos de 65 anos, normalmente entre os 40 e 50 anos. Está relacionado a alterações genéticas hereditárias que levam à perda da cognição de forma progressiva. Portanto, também é conhecido como Alzheimer hereditário
- Alzheimer tardio: caracterizado quando os sintomas se manifestam após os 65 anos, sendo o mais frequente
Sintomas
Sintomas do Alzheimer
Por ser uma doença que evolui progressivamente, os sintomas do Alzheimer variam de acordo com cada fase. Entenda a seguir:
Sintomas iniciais do Alzheimer
Na fase inicial do Alzheimer, os sintomas incluem:
- Problemas de linguagem
- Ter perda significativa de memória, particularmente da memória recente (algo que acabou de acontecer)
- Não saber a hora ou o dia da semana
- Ficar perdido em locais familiares
- Dificuldade para tomar decisões
- Desmotivação
- Mudança de humor, depressão ou ansiedade
- Agressividade e irritabilidade
- Desconfiança nos outros
- Retraimento social e apatia
- Perda de interesse por hobbies e outras atividades
Leia mais: Como diferenciar a perda de memória comum de uma complicação?
Sintomas intermediários do Alzheimer
No estágio intermediário, os sintomas do Alzheimer incluem:
- Perda de memória progressiva e um pouco mais grave do que a anterior
- Incapacidade de cozinhar, limpar ou fazer compras
- Dependência de familiar ou cuidadores
- Necessidade de ajuda para a higiene pessoal
- Dificuldade de fala avançada
- Repetição de perguntas
- Insônia
- Facilidade para se perder, tanto em casa quanto fora
- Alucinações e delírios
Sintomas da fase final de Alzheimer
Na fase mais avançada do Alzheimer, os sintomas são mais graves, como:
- Dificuldade para comer
- Incapacidade para comunicação
- Não reconhecer parentes, amigos e objetos familiares
- Dificuldade de entender o que acontece ao seu redor
- Dificuldade para caminhar
- Dificuldade na deglutição
- Incontinência urinária e fecal
- Comportamentos inapropriados em público
- Ficar confinada a uma cadeira de rodas ou cama
Diagnóstico
O diagnóstico do Alzheimer é clínico, ou seja, é feito a partir da avaliação médica. A partir de exames e da história do paciente, é possível definir qual a principal hipótese para a causa do surgimento dos sintomas. No entanto, a confirmação do diagnóstico é feita por meio do exame microscópico do tecido cerebral do paciente após seu falecimento. Antes disso, o exame não é recomendado.
Alguns exames complementares e de rotina podem ser solicitados para investigar os casos, facilitar o diagnóstico e acompanhar o quadro dos pacientes. É o caso de:
- Exames de sangue
- Tomografia computadorizada do cérebro
- Ressonância magnética do cérebro
Além disso, testes neuropsicológicos e de estado mental também podem ser solicitados para excluir outros tipos de demências e transtornos mentais. Tratam-se de testes com questões e tarefas que ajudam os médicos a entender se o paciente apresenta demência.
Fatores de risco
Médicos e pesquisadores acreditam que alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da doença, como:
- Idade: o risco de Alzheimer aumenta após os 65 anos e a taxa de demência dobra a cada década após os 60 anos
- Histórico familiar e genética: o risco de desenvolver a doença pode ser maior se um parente de primeiro grau, como pai ou irmão, tem a doença
- Comprometimento cognitivo leve: o risco pode ser aumentado em pessoas que já possuem comprometimento cognitivo anterior. Medidas como um estilo de vida saudável e manter atividades cognitivas podem ajudar a impedir a progressão para a demência
- Doenças como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto
- Tabagismo
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar o Alzheimer são:
- Clínico geral
- Neurologista
- Geriatra
- Psiquiatra.
Tratamento
O tratamento para Alzheimer visa amenizar ou retardar os efeitos do Alzheimer, mas não cura a doença. Por exemplo, podem ser utilizados medicamentos específicos para controlar sintomas relacionados a distúrbios de comportamento, como confusão e agressividade. Depressão e transtornos do sono também devem ser tratados com medicação.
Além disso, alguns remédios podem funcionar no início da doença até a fase intermediária, em que os sintomas ainda são mais leves e moderados. Porém, conforme o mal de Alzheimer progride, o medicamento pode perder efeito. Os pesquisadores da área continuam a estudar outras possibilidades de tratamento e medicamentos para prevenir ou retardar a progressão da doença.
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Medicamentos
Os medicamentos para Alzheimer mais comuns são:
- Donepezila
- Galantamina
- Rivastigmina
- Memantina
- Aducanumab
Tem cura?
Até o momento, o Alzheimer não tem cura. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. As pesquisas têm progredido na compreensão dos mecanismos que causam a doença e no desenvolvimento de medicamentos para o tratamento.
O objetivo dos tratamentos é aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que o paciente tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independente nas atividades diárias por mais tempo.
Prevenção
Ainda não é possível prevenir o Alzheimer. Os médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social permite, pelo menos, atrasar a manifestação da doença. Entre as atividades recomendadas para estimular a memória estão:
- Leitura constante
- Exercícios de aritmética
- Jogos inteligentes
- Participação em atividades de grupo
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Especialista explica: Sete dicas para fugir do Alzheimer
Complicações possíveis
A perda de memória e de linguagem, julgamento prejudicado e outras alterações cognitivas causadas pela doença de Alzheimer podem complicar o tratamento para outras condições de saúde. Uma pessoa com doença de Alzheimer pode não ser capaz de:
- Comunicar que está sentindo dor
- Relatar sintomas de outra doença
- Seguir um plano de tratamento prescrito
- Observar ou descrever os efeitos colaterais dos medicamentos
À medida que a doença de Alzheimer progride para os seus últimos estágios, as alterações cerebrais começam a afetar as funções físicas, como a deglutição, o equilíbrio e o controle do intestino e da bexiga. Esses efeitos podem aumentar a vulnerabilidade a problemas de saúde adicionais, como:
- Pneumonia e outras infecções
- Quedas
- Fraturas
- Escaras
- Desnutrição ou desidratação
Referências
Associação Brasileira de Alzheimer
Alzheimer’s Association