Possui graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (1973) e doutorado em Faculdade de Medicina pela Faculdade...
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O que é Câncer de ovário?
O câncer de ovário é caracterizado pelo desenvolvimento de um tecido doente nos ovários. Os ovários são glândulas reprodutivas responsáveis pela produção de óvulos e dos hormônios sexuais estrógeno e progesterona. Este tipo de câncer pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas acomete, principalmente, pessoas com útero entre 50 e 70 anos.
Considerado um tumor silencioso, o câncer de ovário é difícil de ser diagnosticado precocemente devido ao fato de que os sintomas apenas se tornam aparentes nos estágios mais avançados da doença, quando já ocorreu disseminação do tumor pela pelve ou abdômen superior ou, até mesmo, para outros órgãos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de ovário é o segundo tipo de tumor ginecológico mais comum no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de colo do útero. Além disso, é o mais letal entre os tumores ginecológicos e, por isso, quanto mais cedo for detectado, maiores são as opções de tratamento.
Causas
O câncer de ovário não tem causa completamente esclarecida. O que se sabe é que o tumor se inicia a partir de mutações genéticas que alteram as características das células, aumentando a capacidade de se multiplicarem rapidamente, invadirem os tecidos vizinhos, obterem irrigação dos vasos sanguíneos e, consequentemente, disseminarem formando tumores.
Saiba mais: Câncer de ovário é grave e silencioso: como diagnosticar?
Também existem alguns fatores de risco que estão associados ao surgimento da doença. São eles:
- Histórico familiar da doença: ter uma mãe, irmã ou filha que teve câncer de ovário aumenta o risco. E se dois parentes próximos com câncer, o risco será mais elevado
- Herança genética: o câncer pode ser causado por uma alteração genética que é passada de mãe para filha. Essas alterações ocorrem principalmente no genes BRCA 1 e BRCA 2
- Ausência de histórico de gravidez
- Início dos ciclos menstruais antes dos 12 anos
- Menopausa após os 50 anos
- Uso de terapia hormonal para tratar os sintomas da menopausa
- Tratamentos para fertilidade
- Tabagismo
- Uso de dispositivo intrauterino (DIU)
- Síndrome dos ovários policísticos
Alguns fatores parecem estar associados à redução de riscos:
- Uso de pílula anticoncepcional
- Amamentação
- Laqueadura ou histerectomia
Em caso de história familiar para câncer de ovário ou de mama, indica-se consulta com geneticista ou oncologista especializado para aprofundar as informações sobre possíveis mutações herdadas BRCA1 e BRCA2, entre outras, e seu tratamento.
Tipos
O tipo de célula em que o câncer começa determina o tipo de câncer de ovário. Confira:
- Tumores epiteliais, que começam na fina camada de tecido que cobre o lado de fora dos ovários. Cerca de 90% dos casos são tumores epiteliais
- Tumores do estroma, que começam no tecido ovariano que contém células produtoras de hormônios. Estes tumores são geralmente diagnosticados em um estágio mais inicial do que outros tumores ovarianos. Cerca de 7% dos tumores ovarianos são do tipo estromal
- Tumores de células germinativas, que começam nas células produtoras de óvulos. Esse tipo é raro e tende a ocorrer em mulheres mais jovens
Sintomas
Sintomas de câncer no ovário
Raramente a doença causará sintomas em seu estágio inicial. No entanto, em alguns casos, eles podem aparecer. Os principais sintomas iniciais de câncer de ovário são:
- Aumento do volume do abdômen
- Dor abdominal ou na pelve
- Dificuldade para comer ou rápida sensação de plenitude
- Distúrbios urinários, tais como a necessidade urgente de urinar ou urinar mais frequentemente do que o habitual.
Se você tiver um ou mais destes sintomas, e isso ocorre quase diariamente por mais de duas ou três semanas, marque uma consulta médica. Outros sintomas de câncer no ovário incluem:
- Fadiga
- Indigestão
- Dor nas costas
- Dor na relação sexual
- Prisão de ventre
- Alterações do ciclo menstrual.
Mas esses sintomas também não indicam necessariamente a presença do tumor.
Diagnóstico
Qual exame confirma o câncer de ovário?
Provavelmente, consulta ginecológica começará com um exame pélvico:
- A parte externa de seus órgãos genitais é cuidadosamente inspecionada
- O exame pélvico se continua pela introdução de dois dedos para pelo canal vaginal e, simultaneamente, pressiona a outra mão em seu abdômen para buscar sentir o útero e ovários
- Um dispositivo (espéculo) é inserido na vagina, de modo que seja possível verificar visualmente a anomalias.
Entre os exames que podem confirmar o câncer de ovário estão:
- Exames de imagem, como ultrassom ou tomografia computadorizada, de seu abdome e pelve. Esses testes podem ajudar a determinar o tamanho, forma e estrutura de seus ovários
- Exame de sangue, que pode detectar se uma proteína (AC 125) se encontra na superfície de células de câncer do ovário
- Biópsia, para analisar o tecido do ovário e buscar células cancerosas
Estadiamento do câncer de ovário
Os médicos usam os resultados da biópsia para ajudar a determinar a extensão - ou fase - de seu câncer. O estágio de seu câncer ajuda a determinar o prognóstico e as opções de tratamento:
- Estágio I: o câncer é encontrado em um ou ambos os ovários
- Estágio II: o câncer se espalhou para outras partes da pelve
- Estágio III: o câncer se espalhou para o abdômen
- Estágio IV: o câncer é encontrado fora do abdômen, como fígado.
Buscando ajuda médica
O médico deverá ser consultado em caso de existir quaisquer sinais ou sintomas que estejam causando preocupação. Se houver histórico familiar de câncer de ovário ou de mama, estas informações devem ser passadas ao especialista. Também é importante fazer os exames ginecológicos todos os anos, a fim de rastrear qualquer problema precocemente.
Os especialistas que podem diagnosticar câncer de ovário são:
- Oncologista
- Ginecologista
Tratamento
Tratamento para câncer de ovário
O tratamento para câncer de ovário é decidido pelo médico de acordo com o tipo e estágio do câncer. Fatores como idade, saúde geral, qualidade de vida e desejo de ter filhos serão considerados. As principais opções de tratamento são:
Cirurgia
A cirurgia é o principal tratamento. Entre as opções de cirurgia estão:
- Histerectomia total: remove o útero e do colo do útero
- Salpingo-ooforectomia unilateral: remove um ovário e uma trompa de Falópio
- Salpingo-ooforectomia bilateral: remove os ovários e as duas trompas de falópio.
A busca por gestações após câncer de ovário diagnosticado em estágio inicial deve ser discutida com seu médico, já que a orientação varia caso a caso.
Buscar oncologistas ginecológicos experientes irá ajudá-la a obter o melhor tratamento possível e viver mais tempo. Os efeitos colaterais da sua cirurgia podem incluir problemas urinários ou intestinais, como obstipação ou diarreia. Sua capacidade de ter ou desfrutar de relações sexuais também pode ser afetada. Se os ovários são removidos, você pode ter os sintomas da menopausa.
Saiba mais: Câncer de ovário: cirurgia preventiva é invasiva e traz riscos à paciente
Quimioterapia
A quimioterapia é utilizada para diminuir o crescimento do tumor ou destruí-lo em muitos casos. A quimioterapia é recomendada para a maioria dos casos após a cirurgia inicial. Mas às vezes a quimioterapia é dada para reduzir o câncer antes da cirurgia. O número de ciclos de tratamento vai depender da fase da sua doença.
Medicamentos de quimioterapia para o câncer de ovário podem ser tomado por via oral, intravenosa (IV) ou através de um tubo introduzido no abdômen por onde será administrada a quimioterapia diretamente no peritônio (quimioterapia intraperitoneal, ou IP). Às vezes, os tratamentos podem ser combinados.
O tratamento para câncer de ovário com quimioterapia pode causar náuseas e vômitos. Para ajudar a aliviar náuseas, o seu médico irá prescrever alguns medicamentos. Fazer dois tipos de quimioterapia muitas vezes provoca efeitos secundários mais graves do que ter apenas IV ou IP. Os efeitos colaterais incluem dor de barriga, dor do nervo (neuropatia) e problemas renais ou hepáticos.
Radioterapia
A radioterapia para câncer de ovário usa raios-X de alta energia para matar células cancerosas e encolher tumores. Não é muito usado para tratar esse tipo de tumor. É usado um aparelho que destina a radiação na área em que as células cancerosas são encontradas. Há também a radioterpaia interna, que utiliza agulhas, sementes, fios, ou cateteres que contêm materiais radioactivos colocados perto dos ovários ou no interior do corpo.
Os efeitos colaterais da radiação podem incluir náuseas, vômitos, diarreia, dor ou desconforto ao urinar e inflamação da bexiga e cicatrizes. Também pode haver um aumento no risco de infecções.
Casos mais avançados podem ser tratados inicialmente com radioterapia.
Medicina personalizada
A medicina personalizada é uma técnica que procura características próprias do paciente que podem influenciar no tratamento. No caso de um câncer, como o câncer de ovário, câncer de ovário, ela analisa o tumor e as mutações no DNA do paciente para buscarem tratamentos mais eficazes. Quando o tratamento não é personalizado, há um risco maior do paciente não reagir adequadamente aos medicamentos ou quimioterápicos, apresentando uma resposta menor do que o esperado e, em algumas situações, até efeitos colaterais reduzidos.
Os genes mais importantes dentro da medicina personalizada para câncer de ovário são o BRCA 1 e BRCA 2. Hoje os médicos já sabem que tumores com essa mutação genética reagem de forma diferente ao tratamento quimioterápico ou mesmo com medicamentos específicos. Como esse tumor tem um erro de reparo específico, medicamentos inibidores de PARP tem se mostrado muito promissores nesse tratamento.
Outros tratamentos
As pessoas às vezes usam terapias complementares, juntamente com o tratamento médico, para ajudar a aliviar os sintomas e efeitos colaterais dos tratamentos de câncer. Algumas das terapias complementares que podem ser úteis incluem:
- A acupuntura para aliviar a dor
- Meditação ou yoga para aliviar o estresse
- Massagem e biofeedback para reduzir a dor e aliviar a tensão
- Exercícios de respiração para relaxar.
Estes tratamentos de corpo-mente podem ajudar você a lidar mais facilmente com o tratamento. Eles também podem reduzir a dor crônica nas costas, dores articulares, dores de cabeça e dor de tratamentos.
Antes de tentar uma terapia complementar, converse com seu médico ou médica sobre o valor possível e potenciais efeitos colaterais. Avise se você já estiver usando qualquer uma dessas terapias. Eles não são destinados a tomar o lugar do tratamento médico padrão.
Tem cura?
Câncer de ovário tem cura?
O câncer de ovário tem cura com o tratamento adequado, porém, as taxas de sobrevida variam de acordo com o tipo e estágio do tumor. Por exemplo, o câncer de ovário em estágio inicial, localizado (ou seja, sem disseminação), tem entre 98% a 93% de chances de sobrevida em cinco anos.
Já para casos em que a doença se disseminou para outros órgãos, como fígado ou pulmões, a taxa pode variar de 70% a 31%, a depender do tipo. Esses dados são do National Cancer Institute, dos Estados Unidos (equivalente ao INCA, no Brasil).
Prevenção
Não há nenhuma maneira de prevenir o câncer de ovário. Mas alguns fatores estão associados com menor risco:
- Uso de contraceptivos orais
- Gravidez anterior
- Amamentação.
Além disso, se houver histórico familiar de câncer de ovário, sugere-se o exame genético de BRCA 1 e de BRCA 2. Nesse exame genético, será verificado se há mutações que possam aumentar o risco de câncer. Em caso positivo, o oncologista discutirá com o paciente sobre medidas preventivas para que esse câncer e o câncer de mama não se desenvolvam. Entre essas medidas encontramos:
- Combate ou prevenção à obesidade, já que o processo inflamatório da doença está ligado a diversos tipos de câncer
- Atividades físicas, que também reduzem o risco de diversos tipos de câncer
- Redução alimentos com corantes, espessantes, conservantes e outros aditivos, além de reduzir os defumados
- Abandono do cigarro (se a pessoa tiver esse hábito)
- Redução da ingestão de álcool
Leia mais: Todo câncer é hereditário?
Além disso, existe a opção da retirada preventiva dos ovários, uma cirurgia chamada de ooforectomia preventiva, contudo ela é muito controversa no meio médico, já que a possibilidade de desenvolvimento do câncer em que apresenta o BRCA1 ou 2 positivo não é de 100%. Outro ponto é que essa cirurgia, por afetar diretamente a fertilidade da mulher e a produção de seus hormônios, precisa ser muito bem pensada e conversada com o médico.
Complicações possíveis
O câncer de ovário muitas vezes se espalha cedo. Como cresce nos tecidos que cobrem os ovários, pode se espalhar facilmente dentro da cavidade abdominal para os intestinos e bexiga ou o revestimento peritoneal. A partir daí podem disseminar-se para outros órgãos no corpo, tais como o fígado ou pulmões, criando metástases. Além disso, pode haver acúmulo de líquido no abdome (ascite) e obstrução intestinal.
Referências
Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
National Cancer Institute