Possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, título de especialista em Patologia Clínica...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iDra. Ana é graduada em Medicina e realizou Residência Médica pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP. A especialista po...
iO que é Hanseníase?
A hanseníase é uma doença infecciosa e contagiosa caracterizada por sintomas como manchas na pele, sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades. Eles costumam ser mais comuns na pele, nos olhos, no nariz e na garganta, além de poderem causar sérias incapacidades físicas.
Também chamada de bacilo de Hansen, no passado a hanseníase era conhecida como lepra. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial, com 28.660 casos de hanseníase, atrás da Índia, que conta com 120.334 casos de acordo com dados de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Causas
A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que costuma evoluir lentamente no corpo e pode levar até 20 anos para que os primeiros sintomas apareçam.
Transmissão da hanseníase
A transmissão da hanseníase acontece por via respiratória, sobretudo no contato com o infectado prolongado, íntimo e não casual. Logo após o início do tratamento, o contágio se torna mais difícil. O período de incubação da doença pode durar de seis meses a seis anos.
Indivíduos com a forma multibacilar da hanseníase apresentam grande quantidade de bacilos na secreção nasal - facilitando a transmissão por gotículas de saliva ou secreções do nariz.
Hanseníase é contagiosa?
A hanseníase é uma doença contagiosa e tem o ser humano como o principal reservatório natural da bactéria causadora da patologia. Porém, a M. leprae também pode ser encontrada em esquilos, macacos e tatus.
Tipos
A hanseníase pode ser classificada em hanseníase paucibacilar (com poucos ou nenhum bacilo nos exames) ou hanseníase multibacilar (com muitos bacilos). A forma multibacilar não tratada possui alto potencial de transmissão.
Hanseníase paucibacilar
- Hanseníase indeterminada: estágio inicial da doença, com um número de até cinco manchas de contornos mal-definidos e sem comprometimento neural
- Hanseníase tuberculoide: manchas ou placas de até cinco lesões, bem definidas, com um nervo comprometido e podendo ocorrer neurite (inflamação do nervo)
Hanseníase multibacilar
- Hanseníase borderline ou dimorfa: manchas e placas, acima de cinco lesões, com bordos às vezes bem ou pouco definidos, com comprometimento de dois ou mais nervos e ocorrência de quadros reacionais com maior frequência
- Hanseníase virchowiana: forma mais disseminada da doença, em que há dificuldade para separar a pele normal da danificada, podendo comprometer nariz, rins e órgãos reprodutivos masculinos e haver a ocorrência de neurite e de eritema nodoso (nódulos dolorosos) na pele.
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Sintomas
Sintomas de hanseníase
Os sintomas da hanseníase são manchas mais claras, vermelhas ou mais escuras, que são pouco visíveis e com limites imprecisos. A doença ainda provoca alteração da sensibilidade no local, associada à perda de pelos e à ausência de transpiração.
Quando o nervo de uma área é afetado, surgem dormência, perda de tônus muscular e retrações dos dedos, com desenvolvimento de incapacidades físicas.
Nas fases agudas, podem aparecer caroços (nódulos) e/ou inchaços (edema) nas partes mais frias do corpo, como orelhas, mãos, cotovelos e pés.
Os sintomas da hanseníase incluem:
- Sensação de formigamento
- Fisgadas ou dormência nas extremidades
- Manchas brancas ou avermelhadas na pele
- Perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato
- Áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor
- Nódulos e placas em qualquer local do corpo
Sintomas de hanseníase avançada
Quando a hanseníase está na fase avançada, os sintomas são:
- Diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos)
- Paralisia de mãos e pés
- Encurtamento dos dedos devido à lesão dos nervos que controlam os músculos
- Úlceras crônicas na sola dos pés
- Cegueira
- Perda de sobrancelhas
- Edema do nariz e orelhas (inchaço)
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Diagnóstico
O diagnóstico de hanseníase é inicialmente clínico e epidemiológico. São feitos exames dermatológicos e neurológicos para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras e/ou autonômicas.
Os principais exames para confirmação da hanseníase são:
- Exame baciloscópico de esfregaço cutâneo biópsia cutânea
- Pesquisa do DNA da bactéria em fragmentos de tecido (PCR)
- Pesquisa de anticorpos anti-PGL-1 no sangue (exame só disponível em laboratórios de pesquisa)
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar a hanseníase são:
- Dermatologista
- Infectologista
- Clínico geral
Tratamento
Tratamento da hanseníase
Medicamentos para hanseníase
Os medicamentos usualmente utilizados no tratamento da hanseníase é composto por antibióticos (rifampicina, dapsona) e antibactericidas, como clofazimina.
Embora o tratamento possa curar a doença e evitar a sua progressão (piora), não reverte os danos nos nervos ou a desfiguração física que podem ter ocorrido antes do diagnóstico. Assim, é muito importante que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível, antes que ocorra qualquer lesão permanente do sistema nervoso.
O tratamento da hanseníase é administrado por via oral - consiste na associação de dois ou três medicamentos e é denominado poliquimioterapia. O processo é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), variando de seis meses nas formas paucibacilares a um ano nos multibacilares - podendo ser prorrogado ou feita a substituição da medicação em casos especiais.
Após a primeira dose da medicação, não há mais risco de transmissão durante o tratamento e o paciente pode conviver em meio à sociedade.
Tem cura?
A hanseníase tem cura. Para isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, mais rápido e fácil será o tratamento e a solução da doença.
Atualmente, em todo o mundo, o tratamento para hanseníase é oferecido gratuitamente. Os países com maior detecção de casos são os menos desenvolvidos ou com superpopulação.
Prevenção
A prevenção da hanseníase baseia-se em em medidas básicas de higiene (lavagem de mãos) e aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença.
A vacina é composta pelo bacilo de Calmette & Guérin, obtido pela atenuação do Mycobacterium bovis, uma das bactérias que causa a tuberculose.
No Brasil, a vacina faz parte do calendário obrigatório. O Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde no Brasil recomenda atualmente a vacinação universal das crianças contra tuberculose.
É importante que seja dada logo ao recém-nascido. Se isso não for possível, deve ser ministrada após o primeiro mês de vida. Ela pode ser tomada por crianças com sorologia positiva de HIV que não apresentam sintomas ou por filhos de mulheres soropositivas assintomáticas.
Embora sejam doenças distintas, a tuberculose e a hanseníase são causadas por bactérias do gênero mycobacterium. No caso da tuberculose, o Mycobcterium tuberculosis e, na hanseníase, o Mycobacterium leprae. Portanto, a vacina BCG, usada para prevenir a tuberculose, pode oferecer proteção contra a hanseníase.
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Referências
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Centers for Disease Control and Prevention (CDC)
National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIH)