Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
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O que é Hepatite?
A hepatite é uma doença caracterizada pela degeneração do fígado, que ocorre por fatores como infecções virais (do tipo A, B e C), consumo excessivo de álcool e uso contínuo de medicamentos com substâncias tóxicas para o corpo. Os sintomas variam de acordo com o tipo de hepatite, podendo incluir febre, icterícia, náuseas, vômitos, entre outros.
Leia mais: Hepatite medicamentosa: o que é, causas, sintomas e tratamento
Causas
Cada tipo de hepatite apresenta diferentes causas. Alguns tipos são causados pela transmissão de vírus e outros ocorrem devido a hábitos de vida ou medicamentos. Entenda a seguir.
Transmissão da hepatite
A transmissão da hepatite acontece, principalmente, através do contato com o vírus, que pode ocorrer em alimentos e água contaminados, em relações sexuais não protegidas, por fluidos corporais, entre outros. Veja como ocorre em cada tipo:
Hepatite A
O vírus da hepatite tipo A (HAV) é transmissível, principalmente através de água e alimentos contaminados. Também é possível contrair a doença praticando sexo sem preservativo.
Hepatite B
O vírus da hepatite tipo B (HBV) é transmissível, principalmente por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: drogas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas. O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a necessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira.
Hepatite C
O vírus da hepatite tipo C (HCV) é transmissível, principalmente por fluidos corporais. As formas mais comuns de contágio são: drogas injetáveis, cirurgias realizadas com materiais não esterilizados e uso de lâminas de barbear ou alicates utilizados por outras pessoas. O vírus também pode ser passado sexualmente, reforçando a necessidade do uso de preservativos e outros métodos de barreira.
Hepatites não transmissíveis
As hepatites que não são transmissíveis têm causas diferentes. Veja a seguir:
Hepatite alcoólica
Pode ser causada pelo uso abusivo de álcool que pode levar a uma hepatite alcoólica crônica ou desencadear um processo crônico que leve a cirrose e insuficiências hepáticas.
Hepatite medicamentosa
Vários medicamentos (inclusive fitoterápicos) podem lesar o fígado e para certos remédios o risco é tão elevado que o fígado deve ser monitorado com exames laboratoriais periódicos para, no caso de ocorrer lesão hepática, suspender precocemente o medicamento.
Hepatite autoimune
Como resultado de uma falha no sistema imunológico, este começa a produzir anticorpos que vão reagir contra o próprio fígado. Mais comum em mulheres, este processo pode se desenvolver de forma crônica, com períodos de exacerbação, e até levar à cirrose hepática se não tratado adequadamente.
Esteato-hepatite não alcoólica
O acúmulo de gordura no fígado chamado de esteatose hepática, que acomete cerca de 20% dos brasileiros, pode evoluir para uma forma inflamatória (esteato-hepatite não alcoólica) com risco de cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular.
Outros causas de hepatite
- Vírus da hepatite D e E, além de outros vírus, bactérias e parasitas
- Substâncias tóxicas como toxinas industriais (como tetracloreto de carbono) e aflatoxina (produzida por alguns fungos)
- Doenças do metabolismo como hemocromatose, doença de Wilson, deficiência de alfa-1-antitripsina, amiloidose
- Secundária a doenças biliares ou sistêmicas.
Tipos
A hepatite pode ser dividida de acordo com suas causas em:
- Hepatite A
- Hepatite B
- Hepatite C
- Hepatite alcoólica
- Hepatite medicamentosa
- Hepatite autoimune.
Hepatite crônica
A hepatite pode ser crônica quando o fígado fica inflamado por pelo menos seis meses. As causas mais comuns são o uso contínuo de medicamentos, além dos vírus A e B. Nestes casos, o paciente pode ser instruído a usar antivirais receitados por um especialista.
Dependendo da situação, a doença traz complicações sérias, como cirrose e insuficiência hepática.
Sintomas
Sintomas de hepatite
Os sintomas de hepatite variam de acordo com o tipo, podendo apresentar alguns sinais em comum. Veja a seguir os principais:
Sintomas da hepatite A
Normalmente o vírus da hepatite A fica incubado por entre 10 a 50 dias e pode não causar sintomas. Porém, quando manifesta, os mais comuns são:
- Febre
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Náuseas e vômito
- Mal-estar
- Desconforto abdominal
- Falta de apetite
- Urina com cor laranja escuro
- Fezes esbranquiçadas.
Sintomas de hepatite B
No geral, a hepatite B não apresenta sintomas e só é descoberta anos após a infecção, quando pode ter evoluído para cura espontânea ou para um quadro crônico, possivelmente com cirrose ou câncer de fígado.
Sintomas da hepatite C
Frequentemente, os sinais da hepatite C podem não aparecer no início da infecção e grande parte das pessoas só descobre que tem a doença em exames de sangue para esses vírus ou após vários anos com o surgimento de complicações desta infecção. Quando aparecem, os sintomas dessas hepatites são muito similares aos da hepatite A.
Sintomas da hepatite alcoólica
Os sintomas iniciais desse tipo de hepatite são muito semelhantes aos da hepatite A. Em casos mais avançados, pode apresentar sinais como:
- Acúmulo de fluídos no abdômen
- Convulsões
- Mudanças de comportamento devido às toxinas liberadas pelo fígado
- Insuficiência renal e do fígado.
Sintomas de hepatite autoimune
Os sintomas desse quadro podem surgir de repente e incluem:
- Fadiga
- Disconforto abdominal
- Icterícia
- Aumento do fígado
- Aparecimento de veias pela pele
- Áreas de vermelhidão na pele
- Dor nas articulações
- Redução da menstruação em mulheres.
Diagnóstico
O diagnóstico de hepatite é feito através da avaliação médica sobre os sintomas do paciente e os fatores de risco para os diferentes tipos de hepatite. A partir disso, o médico pode solicitar exames para confirmar a causa da doença e seu tipo.
Um deles é o hepatograma, que define o grau de inflamação, avalia a função hepática a partir de marcadores como albumina e bilirrubinas, além do tempo de atividade da protrombina. Também poderão ser solicitadas sorologias para os diferentes vírus de hepatite e, em casos selecionados, marcadores de autoimunidade.
Pode ainda ser solicitada uma ultrassonografia para avaliar o fígado (se está aumentado de tamanho, se apresenta alguma obstrução ou tumor) e a presença de ascite (líquido livre na cavidade abdominal). A biópsia hepática habitualmente não é utilizada por ser um procedimento invasivo, estando reservada para casos em que permanecem dúvidas em relação à causa da hepatite ou para situações em que uma avaliação mais rigorosa do grau de lesão hepática se faz necessária.
Leia mais: Limpeza hepática: é possível "desintoxicar" o fígado?
Tratamento
O tratamento para hepatite é estabelecido de acordo com a causa, ou seja, de acordo com o tipo da doença. Vamos ver cada um deles a seguir:
Tratamento para hepatite A
Não existe tratamento para hepatite A específico. O próprio corpo se livrará do vírus e, na maioria dos casos, o fígado se cura da hepatite A complementada em um ou dois meses sem danos permanentes.
No entanto, algumas atitudes podem colaborar para uma rápida cura, como descansar, se alimentar bem, evitar medicamentos que prejudiquem o funcionamento do órgão e bebidas alcoólicas. Alguns medicamentos podem ser usados no tratamento para aliviar os sintomas, como febre, náuseas e dores musculares.
Tratamento para hepatite B
O tratamento para hepatite B varia de acordo com a fase da doença. Na fase aguda, podem ser usados medicamentos para reduzir os sintomas da doença, não sendo necessário tratamento complementar. Já na fase crônica, é preciso fazer uso de medicamentos antivirais e, em casos mais graves, transplante de fígado.
Tratamento para hepatite C
O tratamento para hepatite C é feito a partir da combinação de medicamentos antivirais. Em casos mais graves, em que o fígado foi severamente danificado pela ação do vírus, o transplante de fígado pode ser uma opção.
Tratamento para hepatite autoimune
O tratamento da hepatite autoimune impede a progressão da doença para a cirrose. Para isso, podem ser utilizados medicamentos imunossupressores, que reduzem a inflamação do fígado, e a adoção de uma dieta equilibrada. Em casos mais graves, o transplante de fígado também é uma opção viável.
Tratamento para hepatite medicamentosa
O tratamento para hepatite medicamentosa passa pela suspensão imediata dos remédios que podem ter causado a inflamação do fígado. Outros medicamentos podem ser receitados para aliviar os sintomas. Os pacientes que tiverem falência hepática deverão ser encaminhados para o transplante.
Tratamento da hepatite alcoólica
O tratamento da hepatite alcoólica é feito a partir da prescrição de medicamentos corticosteroides, além da reposição de sais minerais e vitaminas. Além disso, é essencial fazer a suspensão do consumo de bebidas alcoólicas para reduzir a inflamação do fígado.
Prevenção
A melhor forma de prevenir as hepatites é melhorar das condições de vida, com adequação do saneamento básico e medidas educacionais de higiene, além de não fazer sexo desprotegido. Além disso, é importante evitar o consumo abusivo de álcool e a exposição a outras substâncias que sejam tóxicas ao fígado.
Vacina de hepatite A
A vacina específica contra o vírus A está indicada conforme preconizado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). É importante o controle efetivo de bancos de sangue através da triagem sorológica.
Saiba mais: 11 vacinas que toda mulher deve tomar
Vacina de hepatite B
A vacinação contra hepatite B, disponível no SUS, conforme padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) também é uma forma de prevenção, assim como o uso de imunoglobulina humana Anti-Vírus da hepatite B também disponível no SUS, conforme padronização do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Referências
Revisado pelo gastroenterologista Leonardo Peixoto
Ministério da Saúde
Mayo Clinic