Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (1991), residência e especial...
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O que é Vacina tríplice bacteriana?
A vacina tríplice bacteriana (DTP) é obrigatória e contém toxoide diftérico, toxoide tetânico e Bordetella pertussis inativada em suspensão, tendo como adjuvante hidróxido ou fosfato de alumínio, sendo apresentada sob a forma liquida em ampola ou frasco ampola com dose única, ou frasco-ampola com múltiplas doses.
Há a versão acelular da tríplice bacteriana, a DTPa (vacina para difteria, tétano e pertussis acelular), disponível apenas na rede privada.
Variações da vacina tríplice e bacteriana
DTPa (vacina para difteria, tétano e pertussis acelular), dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto), tétano e difteria (dT)
Doenças que a vacina previne
A difteria, doença causada por um bacilo toxicogênico, frequentemente se aloja nas amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. A transmissão se dá pelo contato direto de pessoa doente ou portadores com pessoa suscetível, através de gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. Em casos raros, pode ocorrer a contaminação por objetos compartilhados.
O tétano é uma doença transmissível, não contagiosa, que apresenta duas formas de ocorrência: acidental e neonatal. A primeira forma geralmente acomete pessoas que entram em contato com o bacilo tetânico ao manusearem o solo ou através de ferimentos ou lesões ocorridas por materiais contaminados, em ferimentos na pele ou mucosa.
O tétano neonatal é causado pela contaminação durante a secção do cordão umbilical pelo uso de instrumentos cortantes ou material de hemostasia inadequadamente esterilizados ou não esterilizados, pelo uso de substâncias contaminadas no coto umbilical como teia de aranha, pó de café, fumo, esterco.
A doença reduziu de 2.226 casos em 1982 para menos de 600 desde 2002. Nos últimos quatro anos tem sido evidenciado que mais de 70% dos casos estão na faixa etária abaixo de 60 anos de idade e cerca de 20 a 30% na faixa etária de 60 anos e mais. As mortes pelo tétano acidental também acompanham a tendência declinante, das 713 ocorrências anuais registradas em 1982, para menos de 300 desde 1998.
No mesmo período ocorreu uma redução no número de casos de tétano neonatal de 584 em 1982 para 15 em 2003. Considerando que esta enfermidade apresenta uma letalidade média de 70%, esta redução tem um impacto importante na mortalidade infantil neonatal.
A coquelucheé uma doença infecciosa aguda, de transmissão respiratória, distribuição universal, imunoprevenível e de notificação obrigatória. Compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios), e se caracteriza por forte tosse seca.
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato direto de pessoa doente com pessoa suscetível, por meio de eliminação de gotículas de secreção de orofaringe eliminadas ao tossir, falar ou espirrar. É raro, mas a transmissão também pode ocorrer por objetos contaminados com secreções do doente. O agente etiológico da coqueluche é a bactéria Bordetella pertussis, bacilo que tem o homem como principal reservatório.
O cenário epidemiológico da coqueluche no Brasil, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência dos casos, resultado da ampliação das coberturas vacinais de tetravalente e DPT. Naquela década, a cobertura vacinal alcançada era de cerca de 70% e a incidência era 10,6/100 mil habitantes.
À medida que as coberturas elevaram-se para valores próximos a 95 e 100%, no período de 1998 a 2000, observou-se que a incidência baixou para 0,9/100 mil habitantes. Com a manutenção das altas coberturas vacinais, observou-se, na última década, variação da incidência de 0,72/100 mil habitantes, em 2004, para 0,32/100 mil habitantes, em 2010.
Contraindicações
A aplicação da vacina tríplice bacteriana é contraindicada em crianças que tenham apresentado após a aplicação de dose anterior:
- Reação anafilática sistêmica grave (hipotensão, choque, dificuldade respiratória)
- Encefalopatia nos primeiros sete dias após a vacinação. Não devem ser administradas doses subsequentes da vacina contra a coqueluche às crianças em que se manifestou encefalopatia nos primeiros sete dias após a vacinação, mesmo que a responsabilidade da mesma pelo evento não possa ser estabelecida. O esquema vacinal básico será completado com vacina para difteria e tétano.
Alguns eventos pós-vacinais, por não determinarem sequelas, não são considerados contraindicações, mas merecem atenção especial. São divididos em duas categorias:
- Eventos que indicam na vacinação subsequente com a vacina tríplice bacteriana clássica (celular) o uso de antitérmicos ou analgésicos profiláticos: choro persistente e incontrolável, durando três ou mais horas e ocorrendo nas primeiras 48 horas após a vacinação DTP; temperatura igual ou maior a 39,5ºC, sem outra causa identificável, nas primeiras 48 horas após a vacinação DTP
- Eventos que indicam na vacinação subsequente contra coqueluche, difteria e tétano a utilização da vacina tríplice bacteriana acelular (DTPa):convulsões nas primeiras 72 horas após a vacinação DTP; episódio hipotônico hiporresponsivo (hipotonia, sudorese fria e diminuição de resposta a estímulos) nas primeiras 48 horas após a vacinação DTP.
Considerações
Efeitos adversos possíveis
Dor, vermelhidão e enduração locais; febre, mal-estar geral e irritabilidade nas primeiras 24 a 48 horas. Com menor frequência podem ocorrer sonolência, choro prolongado e incontrolável, convulsões e síndrome hipotônico-hiporresponsiva.
Onde encontrar a vacina tríplice bacteriana
A vacina está disponível nas redes pública e privada. Com célula inteira no sistema público e acelular no sistema privado. Alguns convênios médicos cobrem esta vacina no sistema particular de saúde. Consulte sua operadora para ver se seu plano oferece essa cobertura.
Indicações
A vacina tríplice bacteriana clássica está indicada para gestantes e crianças com até sete anos de idade. Após essa data é utilizada a vacina de dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto).
Profissionais da saúde, militares, policiais, bombeiros, profissionais da aviação, profissionais que viajam muito, coletores de lixo, dejetos e águas contaminadas, alimentos e bebidas, profissionais que trabalham com crianças ou animais, manicures e podólogos constituem grupo para o qual está especialmente indicada a vacina.
Grávida pode tomar?
A resposta é sim. A vacina tríplice bacteriana é indicada em todas as gestações, pois protege a gestante e evita a transmissão da Bordetella pertussis (bactéria causadora da coqueluche) para o bebê. Além disso, quando imunizada, a gestante consegue transmitir anticorpos para o feto, de modo que a criança já nasce protegida.
A recomendação é que a gestante receba uma dose de dTpa a partir da 20ª semana. Se não for vacinada durante a gravidez, deve receber uma dose no puerpério — o mais precocemente possível, de preferência ainda na maternidade.
É importante destacar que a vacina tríplice bacteriana é indicada para todas as pessoas que convivem com crianças menores de 2 anos, especialmente bebês com menos de 1 ano, como familiares, babás, cuidadores e profissionais da Saúde.
Saiba mais: Tire oito dúvidas sobre a vacinação
Doses necessárias da vacina tríplice bacteriana
O esquema básico de vacinação é feito em três doses com intervalos de 60 dias entre cada um deles. O reforço é feito entre seis e doze meses após a terceira dose do esquema básico, preferencialmente no décimo quinto mês de idade. É necessário o segundo reforço 18 meses após o primeiro reforço.O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias. O aumento do intervalo entre as doses não invalida as feitas anteriormente, e, portanto, não exige que se reinicie o esquema.
Recomenda-se completar as três doses no primeiro ano de vida.Em caso de ferimento com alto risco de tétano antes dos sete anos de idade, e já decorridos mais de cinco anos da quarta dose, deve ser aplicada mais uma dose da vacina tríplice bacteriana.
Administração da vacina tríplice bacteriana
A vacina tríplice bacteriana tem aplicação intramuscular profunda, no músculo vasto lateral da coxa. Em crianças com mais de dois anos de idade pode ser aplicada na região deltoide.
Perguntas frequentes
Existem exames que podem identificar se estamos imunizados?
Vacinas de patógenos vivos, que podem causar a doença, conseguem sim ser identificadas por meio de exames de sangue - mas isso não tem relevância no ponto de vista médico. Isso porque a única forma de comprovar que uma pessoa está vacinada ou não é pela apresentação do registro na carteirinha. O Ministério da Saúde só considera vacina válida aquela em que o registro foi credenciado corretamente por uma corporação autorizada.
Posso atualizar minha carteirinha de vacinação em qualquer idade?
Não só pode, como deve. Embora o ideal seja seguir o calendário de vacinação e se imunizar nas idades recomendadas, é importante tomar as vacinas que estão atrasadas. Entretanto, essa regra só vale para vacinas que continuam sendo recomendadas na idade adulta, como hepatite B, tétano, coqueluche e difteria. Até mesmo doenças clássicas da infância, como caxumba, sarampo e rubéola, continuam tendo recomendação da vacina para adultos e precisam ser tomadas.
Entretanto, vacinas que você deveria ter tomado durante a infância somente, e que perdem a recomendação para adultos, pois o risco da doença não existe mais, não precisam ser tomadas. Um exemplo é o rotavírus, uma doença que é muito grave na infância e deve ser vacinada no período, mas que para os adultos não causa impacto além de cômodo, perdendo a necessidade da vacinação.
Se eu não me lembro de ter tomado a vacina, posso ir ao posto e repetir a dose?
Sim. A melhor medida a fazer nesses casos é conferir a carteirinha de vacinação. Mas se você a perdeu por algum motivo, ou então achou que estava vacinado, mas não consta no registro, o melhor a fazer é se vacinar, ainda que repetidamente.
Se eu tomei a vacina combinada, preciso tomar a mesma individualmente?
Vacinas combinadas, como a tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), a tríplice viral (caxumba, sarampo e rubéola) e a pentavalente (tríplice bacteriana mais o haemophilus B e a hepatite B), são um conjunto de diversas vacinas em uma só, como o próprio nome diz. Ao tomá-la, você já está adequadamente imunizado para todas as doenças listadas na vacina, não precisando se vacinar para uma doença isoladamente - um exemplo seria tomar a tríplice bacteriana e depois uma vacina apenas de tétano.
"No entanto, você pode ser solicitado a tomar novamente a vacina isoladamente em caso de necessidade de reforço por tempo ou exposição a um dos patógenos em particular, como uma epidemia de sarampo", afirma o clínico geral Eduardo.
Posso tomar as vacinas antes do tempo determinado?
Não, as idades mínimas devem ser respeitadas. Provavelmente não há nenhum risco de se vacinar antes da hora, mas não existem estudos de segurança para aquela faixa etária, além de não haver indicação da vacina. As indicações etárias levam em conta a recomendação epidemiológica, ou seja, o período da vida no qual você corre mais risco de sofrer aquela doença ou suas complicações. Por isso que algumas vacinas da infância não precisam mais ser ministradas em adultos, pois o período de risco já passou. A lógica é a mesma para vacinas ministradas apenas em adultos.
"Um exemplo é a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), que o sistema imune imaturo da criança pode não ser suficiente para conter os vírus vivos, e a criança pode ficar severamente doente", afirma o clínico geral Eduardo Finger.
Posso atualizar toda a carteirinha de vacinação de uma vez?
Se você for uma pessoa saudável, que não estiver com o sistema imune debilitado, não há qualquer impedimento. O único problema é o desconforto de ser vacinado várias vezes seguidamente. Há também aquelas vacinas que são separadas em doses, e o ideal é que essas sejam respeitadas, para que a resposta do sistema imune seja duradoura.
Pessoas com alergia a alguma vacina não poderão tomá-la nunca mais?
No geral, é muito difícil uma pessoa ser alérgica à vacina em si, mas a outros elementos que estão dentro dela. As contraindicações existem somente para pessoas que já sofreram um choque anafilático nos seguintes casos: para anafilaxias por ovo é contraindicada as vacinas de sarampo, caxumba, rubéola e febre amarela, pois esses vírus vivos são cultivados no alimento antes de irem para a vacina.
Em casos de anafilaxias por mercúrio são contraindicadas as vacinas com esse elemento, no geral as ministradas pelo SUS; e quem já teve choque anafilático por látex deve se informar sobre as vacinas em seu local de vacinação padrão, pois algumas podem conter resquícios da substância.
Se eu perder minha carteirinha terei que vacinar tudo novamente?
Sim, pois a vacina válida é somente aquela vacina que foi registrada. Se você toma suas vacinas em uma clínica privada, provavelmente o local terá em registro um histórico das suas vacinas, não sendo necessário tomar novamente. Entretanto, a rede pública ainda não conseguiu informatizar esses dados, por isso uma pessoa que se vacina na rede pública e perde sua carteirinha precisará tomar todas as vacinas recomendadas para adultos novamente.
Referências
Ministério da Saúde
Associação Brasileira de Imunizações
Clínico geral Eduardo Finger (CRM: SP72161), coordenador do departamento de pesquisa e desenvolvimento do Salomão
Zoppi Diagnósticos.