Muitas pessoas travam uma verdadeira luta com a balança e quanto mais fazem dieta, mais se deparam com o temido efeito sanfona. A restrição alimentar leva a perda de peso a curto prazo, mas apenas fazer mudanças na dieta gera uma baixa taxa de sucesso a longo prazo. Indubitavelmente isso perpetua a epidemia de excesso de peso que atualmente afeta 60% dos adultos dos Estado Unidos e 20% das crianças.
Menos de 20% dos adultos que perdem peso são capazes de manter uma redução de 10% do peso inicial por no mínimo 1 ano. 1/3 dos que emagreceram, tendem a retornar ao peso dentro do 1° ano e a maioria reganha em 3 a 5 anos, ou seja, após cinco anos de peso mantido, diminui muito a chance de voltar a ser gordinho. Se o peso é mantida por 2 anos, o risco de reganho fica em torno de 50%.
O cérebro recebe sinais das nossas células, relacionados aos estoques de energia (à longo prazo) e a disponibilidade de nutrientes (curto prazo) e, baseado nos sinais integrados, ajusta balanço energético com o objetivo de manter estoque de gordura e estado nutricional. Quando emagrecemos, diminuem os níveis de leptina e de insulina (hormônios que marcam a quantidade de gordura corporal) e a mensagem enviada por eles para o cérebro é: estoque de energia diminuiu! Isto significa aumento de apetite para repor estoque e baixo gasto energético para que haja economia.
Por outro lado, dietas restritivas em obesos diminuem o tamanho das células de gordura, não o número. Enquanto a quantidade total de gordura declina, a capacidade máxima de estocar energia se mantém a mesma, assim sendo, o cérebro "diz" que as reservas estão baixas e que o tanque não está cheio.
Contudo o papel da insulina e leptina é mais complexo já que refletem os estoques de gordura só quando há balanço energético. Quando o desbalanço ocorre, leptina e insulina refletem o estado metabólico (anabolismo ou catabolismo) do tecido adiposo, ou seja, se ele vai depositar ou mobilizar energia.
Quando se super alimenta novamente, leptina e insulina aumentam conforme o peso é ganho. Contudo, quando se permite comer a vontade após a dieta, tanto leptina, quanto insulina sobem muito mais rápido do que quando o excesso de peso foi perdido. A leptina é maior durante a perda de peso do que quando estabiliza o peso reduzido, e, apenas um dia de excesso alimentar já aumenta insulina (o que ajuda a engordar) e normaliza 80% da redução na leptina (em ratos pós obesos). Assim, se continuar comendo muito, há reganho de peso.
Em resposta ao déficit energético após perda de peso, alteram-se substâncias que agem no hipotálamo, favorecendo aumento de peso (neuropeptideo Y, AgRP, proopiomelanocortina, hormônio liberador de corticotropina), enquanto no encéfalo, diminui a sensação de saciedade, gerando aumento do tamanho da refeição (também via hormônios do intestino). Também acontecem mudanças na microbiota do intestino, que podem ser melhoradas com uso de probióticos na própria alimentação, como o iogurte.
Os obesos que emagreceram exibem respostas de imagem neural a estímulos de comida que favorecem motivação e impulso de comer e muitas vezes, isso se resolveu com administração de leptina. Outro efeito constatado foi: menor nível de adrenalina e de hormônios tireoidianos com aumento na produção de cortisol, o que desacelera o metabolismo.
Estas alterações são menores ou transitórias nos estágios iniciais de perda peso, outro motivo para se esforçar muito para manter peso nos primeiros tempos após emagrecimento. Usa-se muitas vezes uma regrinha fácil, que sugere que cada quilo emagrecido, corresponderá a um mês de peso mantido. Por exemplo, se um indivíduo perdeu 20 quilos, após 20 meses de peso mantido, diminui o risco de reganho de peso.
Seis pontos que ajudam a manter o peso perdido, segundo estudos:
1. Aderir a altos níveis de atividade física (equivalente no mínimo a uma hora por dia).
2. Seguir uma dieta de baixa caloria e principalmente ingerir pouca gordura.
3. Comer café da manhã.
4. Monitorar seu próprio peso, no mínimo semanalmente, para que pequenas oscilações sejam percebidas.
5. Não vale abusar demais nos finais de semana e feriados, senão todo controle alimentar da semana vai por água abaixo. Variar no máximo 2 quilos de peso protege você de engordar tudo de novo.
6. Estado emocional favorável.
Vale ressaltar que pessoas que emagreceram a partir do diagnóstico de doenças foram mais bem-sucedidos em manter o peso, o que nos reforça a necessidade de escolher ser magro e estar disposto a incorporar um novo estilo de vida, com bons hábitos alimentares, longe do sedentarismo e perto do bom humor e alegria.