É gente, é filha, é irmã, é amiga, é tia, é namorada, é companheira, é de carne osso, que sente e que fica doente. Hoje,...
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Trabalho é sempre uma questão ambígua na vida das pessoas: ou você ama ou odeia o que faz. Mas de qualquer forma, a pressão e o estresse podem estar presentes na vida de qualquer um desses perfis, afinal hoje em dia a pressão sempre está presente no dia a dia.
"Podemos dizer que vemos o estresse como uma resposta e não como uma causa: ele tem a ver com tensão, pressão e só aparece se algo externo provocar", ensina a psicóloga e master coach Ana Paula Bellati, especializada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos e sócia da UM%, empresa especializada em coaching profissional.
Porém, o que muitos não entendem é que nem sempre a empresa ou o chefe são os culpados por essa tensão. "O problema nunca é o que acontece com a pessoa, ele sempre está no que a pessoa faz com o que acontece com ela", considera a psicóloga clínica Marisa de Abreu. "Há pessoas que lidam com as chefias mais terríveis, mas têm o dom de não se deixar contaminar por maus tratos; outras se estressam até com um simples pedido feito pelo chefe de forma totalmente tranquila", finaliza a especialista.
Ou seja, a grande dificuldade muitas vezes está dentro de você. E como reconhecer o problema é a melhor forma de lidar com ele, listamos os principais fatores de estresse e cansaço no trabalho:
Ambiente de trabalho
Apesar de o estresse estar relacionado a como a pessoa reage ao meio externo, muitas vezes o problema está mesmo no lugar. "As reações acontecem quando as demandas são maiores do que o sujeito suporta, cada indivíduo possui um limiar, por isto a importância da organização conhecer o seu funcionário", pondera o psiquiatra Leonard Verea, especializado em Medicina Psicossomática e em Medicina do Trabalho.
Um ambiente que estimula a competitividade dos funcionários ou cobra resultados a todo custo pode ser prejudicial. "Mas a competição é apenas um dos agentes estressores, podemos citar também a crítica, a realização de tarefas sem a percepção de sentido no que faz, a repetição mecânica de atividades, entre outros", enumera a psicóloga clínica Marisa de Abreu, de São Paulo (SP).
Ausência de reconhecimento
Mas, muitas vezes, o principal problema do ambiente de trabalho é não dar ao funcionário o devido valor por sua eficiência. "Mesmo havendo inúmeros benefícios e ótimo relacionamento entre a equipe, se o funcionário não for reconhecido pelo trabalho que faz, ele não será motivado a melhorar (ainda mais) seu desempenho e a se aprofundar nos assuntos profissionais ou buscar novos conhecimentos", relaciona Verea.
O problema é que esta valorização nem sempre vem em forma de elogio, e alguns funcionários muitas vezes não reconhecem isso. "Um chefe pode demonstrar reconhecimento solicitando mais serviço para um determinado funcionário, mostrando confiança, mas se este funcionário não perceber isso poderá achar (erroneamente) que está sendo explorado", analisa Marisa.
Atitude muito competitiva
Muitas pessoas gostam de competir no ambiente de trabalho, e essa atitude também pode resultar em estresse. "Quem se cobra muito, se frustra muito, e o resultado não é uma rotina repleta de satisfações, mas uma lembrança permanente de um cotidiano sem fim e um sentimento de culpa por não conseguir dar conta", descreve o psiquiatra Verea.
Isso porque essas pessoas tendem a não respeitar sempre seus próprios limites, o que as leva sempre a ir além do que conseguem e se desgastarem emocionalmente.
Não saber o que priorizar
O problema de muitos funcionários é superestimar sua capacidade de trabalho e depois não saber mais o que considerar mais importante. Isso causa uma sobrecarga, pois ele quer cumprir tudo ao mesmo tempo, e acha que tudo tem o mesmo grau de urgência. "A organização ajuda a ter um dia de trabalho mais produtivo, fazer check list e preparar a agenda no dia anterior ajuda a otimizar o dia seguinte", exemplifica Verea.
"Mas é preciso seguir e cumprir a lista", alerta o especialista. Portanto, é preciso sempre se questionar: "será que eu realmente consigo fazer tudo isso?". Outro fator importante é sempre ter um bom diálogo com a chefia e saber perguntar o que precisa ser feito com mais ou menos urgência, principalmente se ele passar uma tarefa nova.
Falta de organização
Muitas vezes a organização é fundamental para conseguir ter um rendimento melhor. Afinal, se a falta de prioridade pode atrapalhar a execução de tarefas, conseguir reunir informações úteis em menos tempo ajuda a dar um "respiro" na hora do trabalho. Isso inclui não só ter uma mesa arrumada, mas também saber como dispor de forma funcional arquivos no computador e documentos nas gavetas.
"O 'preguiçoso inteligente' é aquele que deixa tudo organizado, pois a médio e longo prazo ele terá menos trabalho", conclui a psicóloga Marisa. Porém, muita gente se organiza na própria bagunça, ou seja, por mais que parece estar com tudo na desordem, talvez a disposição dos objetos tenha uma lógica para a pessoa.
Ausência de motivação
Claro que gostar do que você faz é muito importante, e quando você perde isso, o estresse pode aparecer. Até porque, se ela perder o ânimo e deixar de se identificar com a empresa e suas próprias tarefas, isso começa a gerar insatisfação. Por outro lado, essa desmotivação pode ser também um sintoma do estresse.
"Uma das manifestações mais comuns do estresse mental é a pessoa começar a ter dúvidas quanto a sua capacidade de ser útil e ter a sensação de passividade, pessimismo e baixa autoestima são alguns dos sintomas mais comuns nesses pacientes", descreve o psiquiatra Verea.
Por outro lado, o excesso de amor pelo que se faz também pode ser nocivo. "Não acredito que a paixão seja o ideal, a paixão estressa", argumenta Marisa de Abreu. "O produtivo é ter empolgação - é um sentimento menos intenso que a paixão e por isso mesmo mais duradoura e harmoniosa", considera a especialista.
Problemas pessoais
Muitas vezes, por mais que o problema se manifeste no trabalho, ele pode muito bem ser originado fora dele, em casa por exemplo. "O estresse é algo pessoal, o trabalho pode ser apenas um dos fatores", comenta Marisa. Por isso é muito importante saber dividir melhor os momentos da vida e administrar cada um deles.
O psiquiatra Verea inclusive tem uma sugestão de segmentação: tempo para o trabalho, para a família, para o lazer e para si mesmo. "A maior parte das pessoas não conseguem esse tempo para o eu, misturam o tempo da família com o lazer e até vivem somente para o trabalho e para a família, e assim o estresse mental entra de forma sutil e imperceptível: quando você percebe, já foi vítima", considera o especialista em medicina do trabalho.
Hábitos não saudáveis
Estilo de vida é um fator também importante. "É claro que tem alguns fatores que fazem mais bem para a maioria das pessoas, como alimentação saudável e atividade física, por exemplo", enumera a psicóloga Ana Paula Bellati, especializada em Gestão Estratégica de Recursos Humanos e diretora de projetos da UM%, empresa especializada em coaching profissional. Isso tudo está relacionado à qualidade de vida e também a uma melhor saúde mental.
Os exercícios aumentam a liberação do hormônio serotonina, relacionado à sensação de relaxamento e bem-estar. Já a alimentação saudável deixa o corpo em equilíbrio, melhorando os incômodos físicos, que normalmente ajudam a aumentar o estresse.
Ergonomia
O corpo reage ao estresse. "Ele responde a esses variados estímulos que podem representar as situações ameaçadoras de estresse que enfrentamos, e por isso, naturalmente ficamos em frequente estado de alerta", considera o psiquiatra Verea.
Nessa reação, o normal é que os músculos se contraiam com a liberação da adrenalina, preparando o corpo para lutar ou fugir. E sentar-se de forma inadequada só aumenta esse mal-estar, tensionando os músculos por outros motivos e agravando a sensação. Aprenda a melhor forma de se posicionar na mesa de trabalho.