Médica dermatologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integra o corpo clínico d...
iÉ muito frequente no consultório a queixa de unhas fracas, que se quebram com facilidade, descamam e/ou enroscam nas roupas. Existe muita desinformação sobre o assunto: muitas pessoas acreditam que esse sintoma seja exclusivamente causado por deficiências na alimentação ou dietas restritivas. No artigo de hoje iremos conhecer melhor sobre esse problema que atinge, sobretudo, as mulheres, mas também alguns homens.
Essa condição é conhecida como síndrome das unhas frágeis e é, na verdade, um diagnóstico de exclusão. Como várias doenças dermatológicas podem acometer as unhas e torná-las fragilizadas (como exemplo, podemos citar: a psoríase, líquen plano e micose; pessoas que roem as unhas ou que as manipulam excessivamente, entre outras condições menos comuns), o diagnóstico de síndrome de unhas frágeis só é possível quando existe fragilidade ungueal na ausência de doença dermatológica da unha.
Ao examinar as unhas, o dermatologista tem condições de verificar se as alterações ungueais que normalmente acompanham este problema estão presentes. Em geral, existe desfolhamento distal das unhas em duas ou mais camadas ou risquinhos perpendiculares à raiz da unha. O diagnóstico correto deve ser feito, portanto, através do exame dermatológico, história e exclusão de outras causas.
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As causas das unhas frágeis são variadas, mas a grande maioria dos pacientes desenvolve a condição devido a hábitos e hobbies que envolvem um trauma da unha. Para entendermos melhor vale a pena saber que as nossas unhas são formadas por uma proteína chamada queratina. A consistência delas é resultado de reações químicas que ocorrem naturalmente na estrutura dessa proteína. Funciona como uma cola, que junta essas fibras de queratina, deixando a unha com a consistência que conhecemos.
O trauma constante das unhas pode levar a uma deficiência dessa cola, sobretudo quando estão presentes hábitos como manipulação de produtos químicos, exposição constante à água, vibrações transmitidas por instrumentos musicais, como é o caso de violinistas, tecladistas, datilógrafos, etc. Isso é bem mais impactante no desenvolvimento desta condição do que o estado nutricional do indivíduo.
Na grande maioria dos casos, salvo poucas exceções, como cirurgias do aparelho digestivo e deficiências nutricionais graves, alterações na dieta não prejudicam as unhas. A confusão ocorre porque o principal tratamento das unhas frágeis é feito com suplementação nutricional de biotina (vitamina B7), que pode levar a uma melhora destes quadros. No entanto, isso não tem qualquer valor se não for associado ao corte das unhas, hidratação e mudança dos hábitos que deflagram o processo.