Graduada em medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba em 1980. Especialista em Pediatria pelo Conselho...
iA obesidade é classificada como uma a doença crônica e ela vem acompanhada por uma série de comorbidades que aumentam em muito o número de hospitalizações e consultas de urgência, encharcando o Sistema de Saúde.
Em um hospital é muito fácil perceber isso: há diversas pessoas com verdadeiras urgências exigindo cuidado imediato, mas muitas morbidades crônicas. Grande maioria das pessoas estão com hipertensão, diabetes descompensada, insuficiência vascular, e muitos deles com obesidade ou com sobrepeso. As pessoas de forma geral, com esse "corre-corre" moderno, não se cuidam e ai exige-se que o sistema de saúde resolva. Não existem médicos e hospitais em número suficiente para tratar a todos.
A solução para o problema da obesidade é mesmo tratar desde o inicio, desde o útero materno, nos primeiros mil dias de vida (gestação e os dois primeiros anos). É neste momento que a criança "programa" seu cérebro para desejos e necessidades alimentares.
Cuidados começam desde cedo
As pessoas não engordam simplesmente, ninguém engorda por que quer. Existe em cada um de nós uma "programação metabólica" de necessidades alimentares. Quando perguntam a você qual é sua comida preferida, a resposta vai ser algo que você comia de criança. Os hábitos alimentares nos acompanham e é complicado e difícil mudar hábitos.
Então, a solução é cuidar desde a gestação. A mãe gestante que ingere mais de 4,5 gramas de gordura trans ao dia (congelados, cremes, recheios doces) podem aumentar em até 30% a gordura corporal de seu bebê, que nasce gordinho. Todos nós gostamos de bebês fofinhos, porém cabe lembrar que essas crianças já estão com tendência a obesidade.
Na gestação os cuidados são com as mamães: orientação nutricional, atividade física adequada e homeopatia que a auxilia a tratar ansiedade com imenso desejo de comer, fome voraz, medo pelo concepto, tristeza, compulsão a alimentar-se em excesso.
Ao nascer, o leite materno exclusivo até o sexto mês como recomendado por todos os órgãos oficiais: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria, UNICEF. Aqui, de novo, é o importante o cuidado da mãe: não há filtro nas mamas, então tudo que a mamãe come passa pelo leite e desta forma engorda o bebê.
As avós gostam e os pediatras tremem quando encontramos um bebê que engordou demais e muito rápido. Quando encontramos esse bebê gordinho, transpirando com cheirinho azedo, com vermelhinhos nas dobras, casquinhas atrás das orelhas. Começamos a medicar homeopaticamente, pois essa criança tem sua descrição na Matéria Médica Homeopática. Desta forma tentamos minimizar os efeitos futuros do excesso de peso e novamente orientação nutricional para a mãe que cuida desta criança. Falando nos ?mil dias?, até os dois anos de idade a criança não deveria ser exposta a essa imensa quantidade (e má qualidade) de guloseimas infantis: refrigerantes, salgadinhos, doces, chocolate. Desta forma quando a criança comer, e vai comer, não será um exagero. Come um pouco, experimenta e gosta, mas não deixa de comer a comida saudável.
Tenho encontrado no consultório crianças em todas as faixas etárias hipertensas, com obesidade, depositando placas de ateroma em artérias, com alterações gordurosas em fígado! Nem consigo imaginar como será o futuro destas crianças expostas a esse tipo de doença em idade tão precoce. Lembrar que depois de ter um exame laboratorial alterado com aumento de triglicérides, colesterol, glicemia, não se volta mais a saúde total, vai ficar uma ?cicatriz metabólica?. Neste momento, novamente lançamos homeopaticamente medicamentos para tentar retornar esses exames a faixas de normalidade e tratamos o desejo pelo alimento, a compulsão a comer cada vez mais e rápido, a ansiedade e o estresse a que nossas crianças multitarefa estão submetidas.
E na vida adulta?
Então, será que existe um medicamento homeopático que emagreça e resolva tudo isso? Seria bom, não é mesmo? Emagrecer e manter-se saudável é um processo longo, difícil e sofrido, pois comer guloseimas é uma delícia! Depois de desencadeada uma doença metabólica, existe um longo percurso para retornar a normalidade e um percurso maior ainda para não adoecer novamente. Em todas as etapas podemos lançar mão de medicamentos homeopáticos para tratar e controlar recaídas tanto físicas como psíquicas que acompanham esses adoecimentos.
É importante lembrar que cada pessoa manifesta sua doença de forma individual. A consulta deverá ser focada não para a doença, por exemplo, a hipertensão, mas sim quem é o paciente que tem essa doença, como é essa sua hipertensão: com cefaleia latejante, com náusea, com vertigem, com palpitação. Com o diabetes a mesma coisa.
Assim, a partir do esclarecimento de como é o adoecer, vamos medicando para que o paciente mantenha-se calmo, sem estresse nem ansiedade, para que ele, com muito esforço e com ajuda de equipe multidisciplinar, consiga perder peso e diminuir a intensidade das doenças que acompanham.