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O que é Obesidade?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura no corpo, geralmente causada quando a ingestão de calorias é maior do que o gasto energético correspondente.
Para determinar um quadro de obesidade, são levados em consideração alguns fatores. O principal deles é o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), que avalia a relação entre o peso e a altura do indivíduo. A partir dele, a doença é dividida em diferentes graus, que vão da obesidade leve à obesidade grave ou mórbida.
É importante considerar ainda que o excesso de gordura no organismo pode levar ao desenvolvimento de uma série de comorbidades secundárias, como o diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, artrite, apneia e derrame. Entretanto, nem todo caso de obesidade está associado a esses quadros de saúde.
Obesidade infantil
A obesidade infantil acontece quando uma criança está com peso maior que o recomendado para sua idade e altura. De acordo com o IBGE, atualmente, uma em cada três crianças no Brasil está pesando mais do que o recomendado.As faixas de IMC determinadas para crianças são diferentes dos adultos e variam de acordo com gênero e idade.
O excesso de peso pode ter repercussões para as crianças até a sua vida adulta, mesmo que a obesidade seja revertida nesse período. Doenças como diabetes, hipertensão e colesterol alto são algumas consequências da obesidade infantil não tratada. A condição também pode levar a baixa autoestima e depressão nas crianças.
Obesidade no Brasil
Os dados mais recentes sobre a obesidade no Brasil constam do segundo volume da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em outubro de 2020.
Segundo o levantamento, a proporção de obesos na população brasileira com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%. Além disso, em 2019, uma em cada quatro pessoas de 18 anos ou mais de idade no Brasil estava obesa - o que representa 41 milhões de pessoas.
Diferença entre sobrepeso e obesidade
Ter sobrepeso significa pesar mais do que é considerado saudável ou normal para a idade, sexo e/ou estatura. Em geral, esse quadro é reversível com algumas mudanças de hábito, que incluem a adoção de uma alimentação saudável e balanceada associada à prática frequente de exercícios físicos.
Por outro lado, a obesidade é uma condição crônica, que se caracteriza por um excesso de gordura acumulada no corpo. O tratamento da doença pode envolver intervenções como dietas restritivas e cirurgias.
Causas
A obesidade pode, às vezes, ser atribuída a uma causa médica, como síndromes e outras doenças específicas. No entanto, em geral, as principais causas da obesidade são:
- Sedentarismo
- Dieta não saudável e ,maus hábitos alimentares
Junto a essas duas causas comuns, a obesidade também pode ser resultado de uma combinação de fatores contribuintes, como:
Genética: os genes podem afetar a quantidade de gordura corporal que a pessoa armazena e onde essa gordura é distribuída. A genética também pode desempenhar um papel na eficiência com que o corpo converte alimentos em energia e como ele queima calorias durante um exercício físico.
Estilo de vida familiar: a obesidade tende a correr em famílias. Se um ou ambos os pais são obesos, o risco do filho ser obeso é aumentado. Isso não é só por causa da genética, já que os membros da família tendem a compartilhar hábitos alimentares e de atividade semelhantes.
Problemas médicos: em algumas pessoas, a obesidade pode ser atribuída a uma causa médica, como a síndrome de Prader-Willi, a síndrome de Cushing e outras condições. Problemas médicos, como a artrite, também podem levar à diminuição da atividade, o que pode resultar em ganho de peso.
Medicamentos: alguns remédios podem levar ao ganho de peso como efeito colateral. Estes medicamentos incluem alguns antidepressivos, remédios anticonvulsivos, remédios para diabetes, antipsicóticos, esteroides e beta-bloqueadores.
Mudanças hormonais e metabólicas: a obesidade pode ocorrer em qualquer idade, mesmo em crianças pequenas. Mas, à medida que se envelhece, mudanças hormonais e um estilo de vida menos ativo aumentam o risco da doença. Além disso, a quantidade de músculo no corpo tende a diminuir com a idade, o que leva a uma diminuição do metabolismo.
Problemas emocionais e psicológicos: casos de má gestão emocional, baixa autoestima e comer emocionalmente (quando a pessoa está entediada ou chateada) podem evoluir para quadros de ansiedade, depressão e até mesmo distúrbios alimentares, como a compulsão alimentar.
Problemas para dormir: não dormir o suficiente ou dormir demais pode causar alterações nos hormônios que aumentam o apetite. Nestes casos, a pessoa também pode desejar comer alimentos ricos em calorias e carboidratos, o que pode contribuir para o ganho de peso.
Gravidez: durante a gravidez, o peso da mulher aumenta necessariamente. Algumas não conseguem perder esses quilos a mais depois que o bebê nasce. Esse ganho de peso pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade em mulheres.
Parar de fumar: parar de fumar é frequentemente associado ao ganho de peso. Para alguns, essa situação pode ser suficiente para um quadro de obesidade. No longo prazo, porém, parar de fumar ainda é um benefício maior para a saúde do que continuar fumando.
Substâncias químicas: os desreguladores endócrinos (DE) ou disruptores endócrinos são substâncias químicas capazes de exercer efeito semelhante ao de hormônios presentes no organismo.
Mesmo que uma pessoa tenha um ou mais desses fatores de risco, isso não significa que ela está destinada a se tornar obesa. Isso porque é possível neutralizar a maioria desses fatores por meio de dieta equilibrada, atividade física e mudanças de comportamento.
Saiba mais: Entenda a relação entre obesidade e genética
Tipos
A obesidade pode ser classificada de diversas formas, por exemplo, quanto ao tipo, sendo:
- Homogênea: é aquela em que a gordura está depositada de forma homogênea, tanto em membros superiores e inferiores quanto na região abdominal
- Androide: é a obesidade em formato de maçã, mais característica do sexo masculino ou e mulheres após a menopausa e, nesse caso, há um acúmulo de gordura na região abdominal e torácica, aumentando os riscos cardiovasculares
- Ginecoide: é a obesidade em formato de pera, mais característica do sexo feminino e, nesse caso, há um acúmulo de gordura na região inferior do corpo, se concentrando nas nádegas, no quadril e nas coxas. Está associada a maior prevalência de artrose e varizes.
Além disso, a obesidade pode ser classificada quanto o grau do IMC:
- Sobrepeso: entre 25 e 29,9 kg/m²
- Obesidade grau 1: entre 30 e 34,9 kg/m²
- Obesidade grau 2: entre 35 e 39,9 kg/m²
- Obesidade grau 3: acima de 40 kg/m²
Pode ainda ser classificada como:
- Primária: quando o consumo de calorias é maior que o gasto energético
- Secundária: quando é resultante de alguma doença
Sinais
Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no organismo, principalmente pela gravidade e pela localização desse acúmulo, os sinais da obesidade são manifestações decorrentes da doença instalada, como:
- Dificuldade em dormir
- Cansaço
- Suor excessivo
- Dores na coluna e nas articulações (braços e pernas)
- Limitação de movimentos
- Dificuldade em respirar
- Problemas na pele
- Depressão
Diagnóstico
O diagnóstico da obesidade é determinado através do IMC. O resultado revela se o peso da pessoa está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado, revelando sobrepeso ou obesidade.
Saiba mais: Obesidade e sobrepeso: o que você pode fazer para evitá-los
Exames
Os exames para o diagnóstico da obesidade geralmente incluem:
- Colesterol total e frações
- Glicemia de jejum
- Exames de sangue para verificar se há desequilíbrios hormonais
Tratamento
Antes de tudo, é preciso compreender que o tratamento da obesidade não pode ser visto como uma "solução" de curto prazo, mas sim como um processo contínuo ao longo da vida. Quando a obesidade é aceita como uma doença crônica, ela será tratada como outras doenças crônicas, a exemplo de diabetes e hipertensão.
Como a obesidade é provocada por uma ingestão de calorias que supera o gasto do organismo, a forma mais simples de tratamento é a adoção de um estilo de vida mais saudável, com controle na alimentação e aumento das atividades físicas. Essa mudança não só provoca redução de peso e reversão da obesidade, como facilita a manutenção do quadro saudável.
Alimentação saudável
Embora a correria do dia a dia dificulte a realização de uma alimentação saudável, pequenas mudanças já podem fazer uma grande diferença na saúde:
- Invista nas frutas, legumes e vegetais
- Prefira os alimentos integrais aos refinados
- Evite alimentos ricos em açúcar, sódio e gorduras, encontrados em biscoitos, bolachas e refeições prontas
- Limite o consumo de bebidas adoçadas, artificiais e pobres em nutrientes, incluindo refrigerantes e sucos industrializados
- Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora, especialmente em restaurantes de fast food
- Não exagere ao servir as próprias porções
Prática de atividade física
Aumentar a prática de atividade física é uma parte essencial do tratamento da obesidade. A maioria das pessoas que consegue manter a perda de peso por mais de um ano pratica exercício físico regular, mesmo que seja apenas caminhando.
Medicamentos
A utilização de medicamentos contribui de forma modesta e temporária no caso da obesidade. Eles nunca devem ser usados sem recomendação médica e como única forma de tratamento.
Boa parte das substâncias usadas atuam no cérebro e podem provocar reações adversas, como: nervosismo, insônia, aumento da pressão sanguínea, batimentos cardíacos acelerados, boca seca e intestino preso.
Um dos riscos mais preocupantes dos remédios para obesidade é a dependência química. Por isso, o tratamento medicamentoso deve ser acompanhado com rigor e restrito a alguns pacientes.
Um dos medicamentos mais usados para o tratamento de problemas e sintomas relacionados à obesidade é o Cloridrato de sibutramina monoidratado.
Cirurgias
Pessoas com obesidade mórbida e comorbidades, como diabetes e hipertensão, podem optar por fazer a cirurgia de redução de estômago para controlar o peso e sair da obesidade. Existem quatro técnicas diferentes de cirurgia bariátrica indicadas para esses casos, reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM):
- Banda Gástrica Ajustável
- Gastrectomia Vertical
- Bypass Gástrico
- Derivação Bileopancreática
A escolha da cirurgia dependerá do quadro do paciente, do grau de obesidade e das doenças relacionadas. Portanto, apenas um médico (ou grupo de especialistas) poderá determinar qual é o método mais indicado para cada caso.
Prevenção
A estratégia preventiva deve ter início no nascimento, reforçando que o leite materno é um fator de prevenção contra a obesidade e combatendo mitos de que a criança deve comer muito, mesmo quando está satisfeita e que criança saudável é aquela com “dobrinhas”.
As medidas de prevenção da obesidade são muito importantes, especialmente pela gravidade das consequências e incluem dois fatores principais:
Adequação do consumo energético, ou seja, é necessário consumir calorias que estejam de acordo com o gasto calórico de cada um. Para quem precisa perder peso, é necessário um planejamento alimentar que priorize alimentos que deem mais saciedade e que tenham o menor valor calórico possível.
Incluir atividades físicas na rotina, cerca de 80% da população é sedentária e muitos substituem as atividades físicas por atividades de lazer de baixo gasto calórico, como ver televisão, jogar videogame e ficar no computador. Isso é um fator relevante para desencadear a obesidade. Em contrapartida, o exercício físico intenso ou de longa duração promove uma série de benefícios ao organismo, como queima de calorias e efeito inibitório no apetite.
Saiba mais: Evite os sete maiores erros no combate à obesidade
Como evitar o aumento de peso após o tratamento?
Independente dos métodos de tratamento, não é incomum que a pessoa acabe recuperando o peso após algum tempo. Prosseguir com o acompanhamento médico é essencial para que isso não aconteça. Além disso, é importante manter, ao máximo, a rotina com alimentação saudável e prática de exercícios.
Outra possibilidade é iniciar um acompanhamento com um psicólogo. A psicoterapia, na verdade, é indicada desde o início do tratamento da obesidade e pode ser um pilar importante para o sucesso e manutenção do processo.
Complicações possíveis
A obesidade, seja adulta ou infantil, aumenta o risco de uma série de condições, incluindo:
- Colesterol alto
- Hipertensão
- Doença cardíaca
- Diabetes tipo 2
- Problemas ósseos
- Síndrome metabólica
- Distúrbios do sono
- Esteatose hepática não alcoólica
- Depressão
- Asma e outras doenças respiratórias
- Condições de pele como brotoeja, infecções fúngicas e acne
- Baixa autoestima
- Problemas de comportamento
Referências
Ministério da Saúde. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab12
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Disponível em: https://www.endocrino.org.br/o-que-e-obesidade/
Mayo Clinic. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/obesity/diagnosis-treatment/drc-20375749
Cintya Bassi, nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão