Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iO vírus da hepatite C é transmitido por via parenteral e de forma menos frequente, por via sexual. Isto quer dizer que agulhas, seringas, piercings, transfusões de sangue e qualquer via que nos exponha a sangue contaminado pode ser fonte de infecção por hepatite C.
Pessoas com mais de 40 anos e que receberam transfusão de sangue no Brasil antes de 1993 devem ser testadas para hepatite C. Além delas, usuários de drogas injetáveis ou que se submeteram a procedimentos (desde manicure até cirurgia onde a esterilização do material pode ter falhado) também devem ser testados. A gente só sabe se tem ou não hepatite C por meio de exames de sangue específicos. Assim, fazer o hemograma ou o "check-up" não será capaz de diagnosticar hepatite C se este exame não tiver sido feito.
Menos de metade das pessoas com hepatite C são capazes de resolver a infecção sem tratamento. Entre as demais, que evoluem para hepatite crônica, cerca de 20% desenvolvem cirrose hepática, o comprometimento severo do tecido hepático. Pessoas com cirrose têm risco de desenvolver câncer de fígado (hepatocarcinoma). Além disso, a hepatite C pode evoluir para insuficiência hepática e até comprometer outros órgãos.
Tratamentos
O SUS disponibiliza testagem para hepatite C nos Centros de Testagem e Aconselhamento. Disponibiliza também tratamento eficaz, baseado nos comprimidos de nome complicado (Sofosfubir, Daclatasvir, Simeprevir). Se antes o tratamento levava de 24 a 48 semanas, curando cerca de metade dos pacientes, com combinações destes comprimidos, a duração do tratamento caiu para a metade, atingindo cura de 60% a 100%.
O tratamento disponibilizado pelo SUS baseia-se em esquemas específicos que consideram o subtipo da hepatite C e características de cada paciente - como outras doenças e realização de tratamento anterior. Para maior chance de sucesso, é fundamental a adesão rigorosa aos medicamentos.
Mas nem todas as pessoas com exame positivo para hepatite C recebem o tratamento. A decisão de tratar ou não um paciente depende da sua condição clínica e também da situação do fígado, que é investigada com biópsia (retirada de um pequeno fragmento de fígado para análise) ou ainda elastografia (exame não invasivo que analisa a presença de fibrose). De forma geral, são elegíveis para tratamento os pacientes com comprometimento mais severo.
A hepatite C é silenciosa e muitas vezes, quando os sintomas são percebidos a doença está muito avançada. Vale a pena conversar com seu médico para testagem. E, em caso positivo, você será encaminhado para avaliação e, eventualmente, tratamento. Para certas coisas, é melhor não esperar o que está por vir.