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O abdômen é uma região do corpo que abriga diversos órgãos: desde o sistema digestivo até os rins e bexiga, englobando também os órgãos reprodutores femininos. Por isso, quando a pessoa sente uma dor nesse local, pode significar diversos problemas.
Para entender melhor esse sintoma e quando é preciso se preocupar, esclarecemos as principais dúvidas sobre o tema com médicos especialistas. Entenda melhor a seguir:
1. Existem diferentes tipos de dor abdominal?
Existe mais de um tipo de dor na região do abdômen. É possível citar a dor que lembra um nó na barriga, dor que parece uma pontada, uma parecida com fisgadas e também o incômodo parecido com um cinto apertando a barriga. Cada dor pode ter uma causa e uma consequência diferente.
As causas da dor abdominal são diversas e podem ir desde a má digestão após ingerir alimentos pesados até problemas mais graves. "Alguns casos podem, inclusive, ter potencial cirúrgico, como distúrbios da vesícula biliar, apendicite aguda, inflamações dos divertículos do intestino e até mesmo estarem correlacionados ao câncer de órgãos localizados em região abdominal", enumera a cirurgiã geral e do aparelho digestivo Danielle Menezes Cesconetto, do Hospital Santa Paula (SP).
Por isso mesmo, esse sintoma precisa ser classificado e isso pode ser feito de diversas formas. "Tudo depende de onde a dor ocorre, qual o tipo de dor (cólica, pontada, fisgada ou aperto) e da intensidade" considera a gastroenterologista Renata Madureira, do Centro Médico e Estético do Rio de Janeiro (CETERJ).
2. Por que a dor abdominal acontece?
Normalmente, a dor é um sinal do corpo de que há algo errado em alguma região do organismo. De modo geral, pode ocorrer devido a uma distensão do intestino, inflamação de algum órgão, como apêndice, vesícula biliar, pâncreas ou cólon, por perfurações no estômago ou até mesmo sangramentos, como lista Danielle.
Não é raro que ela comece como um sintoma mais difuso. "É comum que uma inflamação em um órgão se manifeste primeiro como uma dor generalizada na região, devido ao tipo de nervos que temos nesses órgãos", considera o cirurgião do aparelho digestivo Elesiário Marques Caetano Jr., do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP).
Depois, quando se torna mais facilmente localizável, a região do abdômen que está dolorida pode dar pistas mais consistentes sobre o motivo da dor. Por exemplo, dores na região superior direita do abdômen podem estar relacionadas à vesícula ou ao fígado, enquanto dores na região esquerda e inferior podem ser uma inflamação intestinal ou mesmo uma hérnia inguinal.
3. Dor abdominal é um indicativo de gases?
Uma das causas mais comuns de dor abdominal são, sim, os gases. "Normalmente, é uma dor que melhora após a evacuação e tem curta duração", explica o cirurgião geral Rafael Lopes, chefe de equipe do Hospital Santa Paula. A localização dessa dor costuma ser mais difusa, não aparecendo em regiões específicas do corpo.
"Dores que persistem por horas associadas à febre, vômitos, perda de apetite, sangramento ou muco nas fezes devem levar o paciente ao médico", completa o especialista.
4. Homens também podem ter cólica abdominal?
A dor em forma de cólica, que vai e volta, não é algo exclusivo das mulheres que estão menstruadas. "Dores abdominais causadas por diarreia, por exemplo, também são cólicas abdominais", considera o coloproctologista Sergio Nahas, do Hospital Sírio Libanês (SP).
Além disso, dores na vesícula, inflamações nos divertículos do cólon e gastroenterites causadas por vírus e bactérias também costumam se manifestar como cólicas.
5. É possível prevenir a dor abdominal?
Quando a dor abdominal é causada por problemas na alimentação e digestão, existem medidas que ajudam a reduzi-las.
"Ter uma alimentação balanceada e rica em fibras, ingerir pelo menos dois litros de água por dia, praticar atividade física regularmente e dormir em média oito horas por dia são hábitos que auxiliam na prevenção do problema", explica a cirurgiã Danielle.
6. Qual a relação entre os alimentos e a dor abdominal?
Como a maior parte dos órgãos digestivos está no abdômen, a alimentação frequentemente está relacionada às dores abdominais. "Alimentos como as leguminosas (feijão, lentilha, grãos de bico, soja, entre outras), folhas e derivados de trigo costumam causar mais gases, principalmente se você passa o dia todo sentado", considera Sergio Nahas.
No entanto, alguns alimentos podem ajudar a melhorar a digestão, contribuindo para o transporte do bolo alimentar por esses órgãos. Alimentos ricos em fibra ajudam a formar o bolo fecal e a dar consistência às fezes, como mamão, ameixa, laranja, tangerina, arroz integral e pão integral, diminuindo a dor abdominal. Além disso, legumes cozidos e frutas também auxiliam na digestão, como explica a gastroenterologista Renata.
7. O que significa ter abdominal depois de comer?
A dor abdominal depois das refeições normalmente está ligada à alimentação daquele momento, mas nem sempre é assim. Alguns alimentos específicos podem apontar para outros problemas.
"Alimentos gordurosos podem levar à cólica biliar, já alimentos ácidos e café podem ser associados à dor da úlcera gástrica ou a câncer de estômago; leite, para os pacientes com intolerância à lactose, pode acarretar dor tipo cólica e diarreia", enumera Renata.
Saiba mais: Dor abdominal: 7 sinais que merecem atenção
Por isso, se as dores forem recorrentes, o ideal é consultar um gastroenterologista e identificar se há um problema mais sério.
8. É comum sentir dor abdominal durante a gravidez?
Dores abdominais na gravidez podem acontecer, mas devem ser sempre relatadas ao ginecologista. "Os hormônios da gravidez costumam interferir no fluxo intestinal, o que causa distensão abdominal, gases e constipação nessa fase, condições que geram dores abdominais", explica a ginecologista e obstetra Aparecida Monteiro, mestre em saúde materno infantil e membro da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ).
De acordo com a especialista, essas dores são mais perigosas se a cólica se mantiver por um longo período e vier acompanhada de sangramento.
9. Quais são os medicamentos usados para tratar dor abdominal?
O medicamento depende do tipo da dor. Os mais comuns são os antiespasmódicos, remédios para gases e analgésicos comuns.
"Anti-inflamatórios devem ser evitados em idosos e pacientes com refluxo devido ao risco de úlceras e perfurações de estômago e duodeno", considera Rafael Lopes.
10. É possível tomar um medicamento para dor abdominal mesmo que ela seja fraca?
A dor abdominal pode ser tratada quando ainda estiver no começo também. Nesses casos, a automedicação depende muito do conhecimento que o paciente tem sobre seu histórico e seu corpo para conseguir determinar se esse tipo de dor pode se agravar, se foi causada por questões alimentares ou mesmo se são cólicas menstruais.
E lembre-se: o ideal é sempre procurar ajuda médica se as dores forem muito intensas ou se ficarem mais persistentes. O profissional poderá ajudar a determinar a origem do problema e indicar o melhor tratamento.