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iA combinação de ser uma doença rara, pouco conhecida, que atinge principalmente a população acima dos 50 anos, com sintomas comuns ao envelhecimento e a condições respiratórias e cardíacas faz com que o diagnóstico da fibrose pulmonar idiopática (FPI) seja difícil e demorado. Um problema bastante importante, pois trata-se de uma doença progressiva, sem cura, com uma taxa de sobrevida pior que a de alguns tipos de câncer e que necessita de tratamento adequado.
"Após os primeiros sintomas, o paciente leva em média um a dois anos para descobrir que tem FPI, pois geralmente passa por vários médicos tentando resolver os sintomas, antes de chegar a um especialista. Mas ele, normalmente, não vai ao pneumologista, que é o médico que diagnostica e trata a fibrose pulmonar idiopática", afirma Adalberto Rubin, pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS) e um dos maiores especialistas em FPI do país.
O que é a FPI?
A fibrose pulmonar idiopática é uma doença que causa cicatrizes nos pulmões (são as fibroses) e leva ao endurecimento dos tecidos pulmonares. A capacidade de expandir e diminuir dos pulmões é progressivamente reduzida, o que dificulta a respiração. Ela pode atingir um ou os dois pulmões.
Como o nome indica, as causas da doença não são conhecidas: o termo "idiopática" refere-se a doenças sem uma causa determinada. De toda forma, sabe-se que tabagismo, exposição ambiental a diversos poluentes, refluxo gastroesofrágico e infecção viral crônica podem ser fatores de risco, assim como a hereditariedade.
Tanto a pessoa quanto quem estiver ao redor - parentes, amigos ou cuidadores - devem ficar atentos aos sintomas, já que a FPI atinge principalmente pessoas acima de 50 anos, em especial homens e é uma doença progressiva e sem cura, mas que pode ser tratada.
"Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a possibilidade de retardar a progressão da doença e aumentar a sobrevida do paciente", alerta o pneumologista.
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O tratamento da fibrose pulmonar idiopática
Disponível no Brasil desde o início de 2016, o princípio ativo nintedanibe representa um avanço no tratamento da fibrose pulmonar idiopática no país - antes dele as opções para o tratamento da FPI eram o transplante de pulmão ou métodos paleativos, de acordo com Adalberto Rubin.
"Medicamentos antifibróticos já são usados em países da Europa e em diversas outras localidades há mais tempo, sempre com bons resultados. Eles são o que há de melhor nos cuidados com a doença", afirma.
Seu efeito, explica o médico, é no sentido de evitar que a doença continue progredindo. "Não é uma cura. O que o medicamento faz é desacelerar a progressão da doença e melhorar as perspectivas dos pacientes", explica o médico.
Fique de olho nos sintomas
Por serem corriqueiros em muitas condições de saúde, os sintomas da fibrose pulmonar idiopática podem causar confusão na busca pelo diagnóstico correto, como mencionou o pneumologista Adalberto Rubin. Ao detectar os sintomas, muitos pacientes acham que são apenas marcas naturais do envelhecimento; outros pensam em problemas cardíacos ou outras doenças respiratórias.
O especialista explica quais são os principais sinais da FPI:
1 - Cansaço constante
Qualquer esforço leva a uma exaustão notável. "No desenvolvimento de suas tarefas cotidianas, a pessoa fica cansada com mais frequência", diz Rubin.
2 - Falta de ar
"As alterações nos pulmões fazem com que o indivíduo fique sem ar, normalmente associando a sensação ao cansaço", observa o pneumologista. Assim que o fôlego é recuperado, o problema é deixado de lado. Mas a falta de ar é um sinal importante da fibrose pulmonar idiopática.
3 - Tosse seca
Aquela tosse seca insistente é um sintoma da fibrose pulmonar idiopática. "Estamos falando da tosse limpa e sem catarro, comum em doenças respiratórias e cardíacas", esclarece o médico.
4. Perda de apetite
De acordo com Rubin, "a falta de oxigenação causada pelo funcionamento alterado do pulmão leva a outros sinais, como a perda de apetite. A energia diminui muito".
5. Perda de peso
Consequência da perda de apetite, a diminuição do peso pode ser notada na aparência, na balança e no caimento das roupas. É bom ficar atento.
A recomendação é que o pneumologista seja procurado caso esses sintomas se manifestem e se tornem constantes. "Se outros especialistas já consultados não tiverem conseguido fechar um diagnóstico, o paciente deve ir ao pneumologista, independentemente do tempo dos sintomas", ressalta Rubin.
Não esqueça da atividade física
Com o diagnóstico correto, tratamento adequado com antifibróticos e prática de exercícios regulares os pacientes com fibrose pulmonar idiopática encontram uma melhora significativa no condicionamento do aparelho respiratório.
"A atividade física é positiva para o quadro de qualquer doença respiratória ou cardíaca, além de promover a saúde como um todo. No caso da fibrose pulmonar idiopática, auxilia no tratamento da doença", afirma Adalberto Rubin, pneumologista da Santa Casa de Porto Alegre (RS).
Quem já tem o hábito de exercitar o corpo só precisa continuar. Para quem ainda não tiver esta rotina, o pneumologista sugere a adoção de caminhadas ou passeios de bicicleta para fortalecer o sistema respiratório.