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Estar sempre atento às mudanças em nosso corpo é essencial para ter certeza de que tudo está funcionando bem. Isso porque simples alterações podem indicar problemas sérios na saúde, como o câncer de pele, o tipo de tumor mais incidente na população. Há três anos, Nadja Oliveira, 47, depois de não dar a atenção necessária a um caroço na virilha, acabou descobrindo que tinha melanoma, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele.
"Em 2013, apareceu um carocinho na virilha que parecia um pelo encravado. Acompanhei um tempo e depois não dei atenção. Ele foi crescendo sem que eu percebesse e um dia estava do tamanho de uma uva. Um dia, estava em um restaurante com amigos e na saída, enquanto caminhávamos para o carro, comentei com uma amiga médica que ali mesmo apalpou e me indicou um médico oncologista amigo dela. Fui ao cirurgião, que me aconselhou a tirar, e revelou que poderia ser muitas coisas, como também podia não ser nada", comenta a empresária pernambucana.
Então, Nadja decidiu que, já que poderia não ser nada demais, não precisaria correr para fazer nenhum procedimento. "Já estava próximo das festas de fim de ano, então deixei para janeiro de 2014. Chegou o carnaval e deixei passar. Quando finalmente resolvi fazer a cirurgia, o plano de saúde tinha descredenciado meu médico! Pronto! Teria que procurar outro médico e começar tudo de novo. Nesta fase, o caroço começou a crescer rapidamente, ficando do tamanho de um caroço de abacate e doía até para andar", disse.
O começo de um longo tratamento
Em abril de 2014, a empresária passou com outro cirurgião que pediu para que ela fizesse uma punção do tumor, ou melhor dos tumores, pois além do caroço na virilha, Nadja também tinha 5 nódulos em uma mama e outros 2 na outra. "Fui furada e puncionada em 9 pontos numa hora só. Levei as lâminas para o laboratório e dias depois fui pegar o resultado. Ali mesmo no corredor do laboratório fui abrindo e olhando: os resultados indicavam cistos benignos nas mamas e, no último resultado, eu li neoplasia maligna (câncer)", relembra.
Embora tivesse no corpo diversas pintas de todos os tamanhos e cores, nenhuma delas havia se modificado, sagrado ou criado uma ferida, então ela não teve sintomas visíveis além do caroço. Por isso, a descoberta de que tinha um tumor causou muita revolta em Nadja: "O meu primeiro pensamento foi não tratar. Me revoltei muito, não queria ficar careca, gorda, verde. Eu já tinha visto pessoas assim e era apavorante pensar em ficar igual", relembra.
O próximo passo depois da descoberta do câncer de pele foi realizar a cirurgia para retirada do caroço na virilha, que nessa época já estava muito grande. O procedimento que duraria horas não chegou nem há 40 minutos. "Segundo ele, não tinha como fazer a cirurgia. Ele disse aos meus familiares na saída da sala: 'Ela tem um câncer e não dá para tirar pois está tudo enraizado, penetrando nos nervos e artérias'", revela.
No dia seguinte da cirurgia, Nadja foi pedir explicações ao médico sobre o ocorrido, foi então que ele disse que ela tinha um tipo raro de câncer e que precisariam esperar pela biopsia. O diagnóstico mostrou um melanoma metastático, que de acordo com o cirurgião era inoperável e a única possibilidade de controle com era um medicamento chamado vemurafenibe, usado para prolongar a vida do paciente.
Essa sentença de morte causou muito desespero em Nadja e toda sua família. "Meu marido desesperado pediu para que o médico amputasse minha perna, para assim me livrar do tumor, pois se o melanoma não fosse tirado rapidamente iria fazer metástase por todo corpo, pulmão e cérebro, e como o meu estava na cadeia linfonodal, já era meio caminho andado. Mas era difícil a amputação, pois pela localização teria que tirar uma banda do meu corpo (a partir da cintura)". Por isso, o médico indicou para que eles procurassem um cirurgião vascular. No mesmo dia, a família já procurou um vascular que solicitou uma série de análises para verificar a situação da artéria femural de Nadja. Após realizar diversos exames, foi descoberto que o tumor não estava prejudicando nenhuma artéria com o cirurgião oncologista havia dito.
Esperança
Preocupada em fazer logo um tratamento e com medo de novos erros, a empresária resolveu procurar outro cirurgião oncologista, desta vez alguém que fosse especializado em região pélvica e que já havia tratado melanoma. Ela marcou uma consulta com um médico que recebeu indicação e, chegando lá, ele disse: "Não existe inoperável, eu tiro o tumor". Então, a esperança voltou a existir. Nesse mesmo dia ela saiu da consulta com cirurgia marcada, hospital reservado, angiologista e próteses adquiridas.
Apesar de estar feliz com o acontecimento, ela continuava preocupada, já que todo o processo estava sendo feito pelo plano de saúde e as contas estavam prestes a ficar enormes. "Fiz pelo plano de saúde, mas o SUS cobre esse tratamento e até outros mais caros com liminar judicial que demora 6 meses para aprovar", confessa.
Uma semana após a primeira consulta, Nadja já estava fazendo a cirurgia que, embora fosse muito complexa, correu perfeitamente bem. "Não precisei da prótese, o médico conseguiu limpar/raspar tudo que estava aderido às artérias, que ficaram livres do tumor, fez uma linfodectomia radical ilíaca e inguinal direita. Segundo o exame Pet CT, além do tumor palpável tinha uma cadeia de gânglios do sistema linfático com metástase. Acho que foram tirados 9 linfonodos dos quais 5 estavam contaminados", disse a empresária.
Aproximadamente 40 dias depois da cirurgia, ela realizou outro exame e apareceu um único linfonodo de menos de 1 cm, no qual eles esperavam que fosse apenas um processo inflamatório da cirurgia. No entanto, era na verdade uma metástase de Melanoma grau III primário desconhecido. Por isso, ela precisou começar a fazer quimioterapia.
"Iniciei tratamento com Interferon, que é um tipo de quimioterapia aplicada diariamente na veia, com duração de 3 horas. Esse procedimento dura 21 dias e depois começa a aplicação subcutânea 3 vezes por semana e o tratamento dura 1 ano. Porém, com 4 meses dessa terapia o câncer não regrediu, então eu mudei para imunoterapia com Ipilimumab. Eram 4 doses aplicadas a cada 21 dias e custava 60 mil reais cada dose", comenta.
Além de difícil, o tratamento contra o câncer também é muito sofrido. No caso de Nadja o medicamento usado não fez com que ela ficasse careca, porém as dores eram terríveis: "Eu não conseguia sair da cama de dores no corpo e cabeça, praticamente me arrastava para o banho e para o tratamento que era feito no hospital 3 vezes por semana", conta.
Vivendo com o câncer de pele
Com o final do tratamento em março de 2015, algumas mudanças acabaram afetando a rotina de Nadja. Uma dessas transformações que ela precisou fazer foi deixar de tomar sol independente do horário, começar a praticar exercícios e melhorar sua alimentação. Além disso, a cada três meses ela precisa fazer exames, já que não existe cura definitiva para o seu tipo de melanoma.
"Eu sei que vou viver o resto da minha vida como se uma arma estivesse apontada para minha cabeça. Mas agora o momento é de ter esperança que o novo tratamento funcione, controlando a doença e não deixando aparecer metástase em órgãos", comenta. Desde a última vez que Nadja realizou os exames de rotina, nenhuma metástase havia sido encontrada, então a esperança é que tudo continue dessa forma.
Umas das lições que o câncer trouxe para Nadja foi a prevenção: ficar atenta ao corpo e procurar um médico rapidamente se perceber algo errado. Além disso, o protetor solar deve sim ser o melhor amigo da sua pele, mas ele não consegue prevenir o câncer de pele em todas as esferas. "Muitos melanomas são em lugares que não bate sol como: ânus, vulva, atrás do olho, e que não vieram de pintas como o meu, que é oculto, ou em pessoas que nunca gostaram de sol", revela. Portanto, fique sempre de olho em alterações no seu corpo.
Durante toda sua luta, Nadja contou com a ajuda da família. "Eu tirei forçar para vencer do medo de deixar meus filhos, minha mãe, meu marido e os meus cachorros, eles foram fundamentais, estiveram 24 horas ao meu lado e eu tinha muito medo que eles me perdessem", conta. Contudo, a empresária também contou com o apoio de pessoas que participam de um grupo criado no Facebook para compartilhar histórias de quem convive ou já superou o câncer de pele: "O grupo é cuidado por mim e é uma troca de energia, nos apoiamos nas dores das perdas, nos alegramos com as vitórias, para mim o grupo é como um filho que me dedico totalmente", conclui.
Se você quiser participar do grupo é só clicar aqui!