Felipe Ades é oncologista clínico com experiência em pesquisa clínica e pesquisas no campo de saúde pública e políticas...
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iO que é Câncer de pele?
O câncer de pele é uma doença provocada pelo crescimento anormal e descontrolado de células que compõem a pele, causada principalmente pela exposição excessiva ao sol. O principal sintoma do tumor inclui o surgimento de lesões, pintas ou sinais na pele.
É o câncer mais frequente no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2022), a estimativa foi que o câncer de pele atingisse 185,6 mil brasileiros em 2022.
Ele pode ser classificado de duas formas: melanoma, que possui origem nas células produtoras de melanina e é mais comum em adultos brancos, sendo o tipo mais raro e letal do câncer; e não melanoma, que é responsável por 30% de todos os casos de tumores malignos no país — embora apresente letalidade baixa.
Tipos
Tipos de câncer de pele
Existem diferentes tipos de câncer de pele. Eles são divididos de acordo com a estrutura do corpo acometida e com o modo como se formam. São eles:
Câncer de pele não melanoma
O câncer de pele não melanoma, mais comum no Brasil, apresenta alta chance de cura desde que diagnosticado e tratado precocemente. Porém, embora apresente letalidade baixa, ele pode deixar mutilações expressivas caso não seja tratado adequadamente. Ele apresenta tumores de diferentes tipos, sendo os mais frequentes:
- Carcinoma basocelular: representa 70% dos casos de câncer de pele, sendo o tipo menos agressivo de tumor. Por apresentar um crescimento muito lento, ele dificilmente invade outros tecidos originando metástases. O carcinoma basocelular é encontrado frequentemente nas partes do corpo que ficam mais expostas ao sol, como rosto e pescoço. O nariz é a localização mais frequente, mas também pode ocorrer na orelha, no canto interno do olho e em outras partes da face
- Carcinoma espinocelular: cresce nas áreas mais expostas ao sol, como couro cabeludo e orelha, sendo mais predominante em pacientes a partir dos 60 anos. Ele se forma a partir das células epiteliais (ou células escamosas) e do tegumento (todas as camadas da pele e mucosa). Sua evolução é mais agressiva e pode atingir outros órgãos caso não seja retirado com rapidez. Ele apresenta maior capacidade de metástase do que o carcinoma basocelular.
Câncer de pele melanoma
O câncer de pele melanoma é tumor maligno originário dos melanócitos (células que produzem pigmento) e ocorre em partes como pele, olhos, orelhas, trato gastrointestinal, membranas mucosas e genitais. É classificado como altamente letal, uma vez que tem a capacidade de invadir qualquer órgão, criando metástases, inclusive cérebro e coração.
O melanoma cutâneo tem incidência bem inferior aos outros tipos de câncer de pele, mas sua incidência está aumentando no mundo inteiro. Há diversos tipos clínicos de melanoma, como melanoma nodular, melanoma lentiginoso acral, melanoma maligno disseminado e melanoma maligno lentigo.
Outros tipos de câncer de pele
Há ainda outros tipos de câncer de pele mais raros que atingem outras células, como:
- Tumor de células de Merkel
- Sarcoma de Kaposi
- Linfoma de cutâneo de células T (câncer do sistema linfático que pode atacar a pele)
- Carcinoma sebáceo (surge nas glândulas sebáceas)
- Carcinoma anexial microcístico (tumor das glândulas sudoríparas).
Sintomas
Sintomas de câncer de pele
Os sintomas de câncer de pele consistem em qualquer lesão na pele que esteja:
- Coçando, descamando ou sangrando
- Escurecendo
- Mudando de tamanho, forma ou cor
- Inflamada (vermelha e inchada)
- Formando crosta no centro ou vazando algum líquido
Saiba mais: 5 passos para identificar um câncer de pele melanoma
O câncer de pele varia muito na aparência. Por isso, como regra geral, qualquer novo sinal na pele ou mudança em uma pinta/mancha que já existia deve servir de alerta para procurar um dermatologista. Existe uma regra didática para os pacientes, chamada ABCD, cujo objetivo é reconhecer um câncer de pele em seu estágio inicial:
- Assimetria: imagine uma divisão no meio da pinta e verifique se os dois lados são iguais. Se apresentarem diferenças, deve ser investigado
- Bordas irregulares: verifique se a borda está irregular, serrilhada ou não uniforme
- Cor: verifique se há várias cores misturadas em uma mesma pinta ou mancha
- Diâmetro: veja se a pinta ou mancha está crescendo progressivamente
- Evolução: se a mancha tem mudanças de cor, tamanho ou forma
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela avaliação clínica e exame anátomo patológico (biópsia) do tecido suspeito. Veja os exames que podem ser pedidos para o diagnóstico de câncer de pele:
- Dermatoscopia: nesse exame, o dermatologista avalia as lesões pigmentadas da pele por meio de um dermatoscopia a fim de avaliar o risco de cada lesão. No mapeamento digital da pele, há o registro das fotos do corpo todo e a documentação das lesões para que os resultados possam ser acompanhados com o passar do tempo. Isso aumenta a sensibilidade de identificação de novas lesões ou mudanças importantes
- Microscopia confocal: é um método de diagnóstico por imagem não invasivo que permite a avaliação das camadas da pele em um tecido ainda vivo e a observação de lesões alteradas. O exame é feito com um laser de diodo que serve como fonte de luz, tornando possível a visualização de detalhes da estrutura celular da pele com resolução próxima à de um exame microscópico sem que seja necessário causar dano ao tecido
- Biópsia: todo tecido coletado para biópsia é enviado para uma avaliação histológica para avaliar se ele é canceroso, qual o tipo de câncer de pele, o grau de malignidade e outras informações importantes. O exame histopatológico da pele com tumor e suas classificações são de grande importância para os pacientes, pois é o que faz a confirmação final do câncer
No caso do melanoma, a biópsia é o único modo de se obter um diagnóstico definitivo de câncer. Os exames de imagem são utilizados para detectar se o câncer se espalhou para outros órgãos (metástases).
Fatores de risco
O câncer de pele tem como principais fatores de risco:
- Exposição solar excessiva: pessoas que tomaram muito sol ao longo da vida sem proteção adequada têm um risco aumentado para câncer de pele. A exposição desprotegida agride a pele, causando alterações celulares que podem levar ao câncer
- Idade e sexo: o câncer de pele incide preferencialmente na idade adulta, a partir da quinta década de vida, uma vez que, quanto mais avançada a idade, maior é o tempo de exposição solar daquela pele. Também é um câncer que atinge homens com mais frequência do que mulheres
- Características da pele: pessoas com a pele, cabelos e olhos claros têm mais chances de sofrer câncer de pele, assim como aquelas que têm albinismo ou sardas pelo corpo. Uma pele que sempre se queima e nunca bronzeia quando exposta ao sol também corre mais risco
- Histórico familiar: o câncer de pele é mais comum em pessoas que têm antecedentes familiares da doença. Nesses casos, principalmente se associado a outros fatores de risco, o rastreamento com o dermatologista deve ser mais intenso
- Histórico pessoal: pessoas que já tiveram um câncer de pele ou uma lesão pré-cancerosa anteriormente têm mais chances de sofrer com o tumor
- Imunidade enfraquecida: pessoas com o sistema imunológico enfraquecido têm um risco aumentado de câncer de pele. Isso inclui as pessoas que têm leucemia ou linfoma, pacientes que tomam medicamentos que suprimem o sistema imunológico ou que foram submetidos a transplantes de órgãos
Saiba mais: Melanoma na família? Você corre 74% mais riscos; entenda
Na consulta médica
Quando você for ao médico, pode dizer a ele quais são as pintas que mais te preocupam. Ele fará uma análise em todos os sinais da sua pele usando um dermatoscópio (aparelho portátil que funciona como uma lente de aumento). Os especialistas que podem diagnosticar o câncer de pele são o dermatologista ou cirurgião, segundo o INCA.
Caso ele encontre uma lesão suspeita, poderá coletar um pouco de tecido para pedir uma biópsia ou então encaminhá-lo para um exame de dermatoscopia digital. Se o dermatologista não encontrar nada suspeito, você deverá continuar fazendo o acompanhamento anualmente, principalmente se tiver algum fator de risco.
Tratamento
Há outras situações em que a cirurgia somente pode não ser suficiente para a retirada total do tumor, ou que o comportamento deste possa pedir outras medidas. Quadros mais avançados e o câncer de pele melanoma podem ser tratados de outras formas, de acordo com o tamanho e com o estadiamento do tumor.
A quimioterapia, que consiste na aplicação de drogas anticancerígenas que interferem no ciclo das células tumorais para eliminá-las, e a radioterapia, que utiliza radiações ionizantes para destruir tumores ou impedir que suas células aumentem, podem ser indicadas, conforme cada caso.
Também existe a terapia fotodinâmica, um tratamento não invasivo que consiste no uso de um creme fotossensível com efeito seletivo sobre células cancerígenas. Esse método pode ser aplicado em casos de carcinoma basocelular superficial e Doença de Bowen (carcinoma epidermoide in situ), além de ceratose actínica, que é a lesão precursora do câncer de pele.
A criocirurgia e a imunoterapia tópica também podem ser usadas para tratar esses tipos de câncer, mas é preciso destacar que a indicação deve ser feita por um especialista experiente.
Prevenção
Cuidado com a exposição solar
É extremamente importante evitar a exposição solar sem proteção adequada para prevenir o câncer de pele. Para isso, é necessário adotar uma série de hábitos:
- Usar filtro solar FPS no mínimo 30, diariamente. Reaplique-o pelo menos mais duas vezes no dia e espere pelo menos 30 minutos após a aplicação para se expor ao sol
- Procure evitar os momentos de maior insolação do dia (entre 10h e 16h) e fique na sombra o máximo que você puder. O sol emite vários tipos de radiação, sendo os tipos UVA e UVB os mais conhecidos. Os raios UVB são os mais prejudiciais, responsáveis por aquela pele avermelhada, que fica ardendo, e sua concentração é maior nos horários centrais do dia, quando o sol está mais forte. Já os raios UVA são aqueles que deixam a pele bronzeada e oferecem menos risco
- Além do protetor solar, use protetores físicos, como chapéus e camisetas.
Conheça sua pele
Examinar sua pele periodicamente é uma maneira simples e fácil de detectar precocemente o câncer de pele. Com a ajuda de um espelho, o paciente pode enxergar áreas que raramente consegue visualizar.
É importante observar se há manchas que coçam, descamam ou sangram e que não conseguem cicatrizar, além de perceber se há pintas que mudaram de tamanho, forma ou cor. O diagnóstico precoce é muito importante, já que a maioria dos casos detectados no início apresenta bons índices de cura.
Vá ao dermatologista
É importante que as pessoas com fatores de risco sejam acompanhadas por um dermatologista. Em casos mais arriscados, a recomendação do médico pode ser a prevenção absoluta contra exposição solar. Nessas situações, pode ser que o especialista receite suplementação de vitamina D, para evitar a deficiência e conseguir manter o paciente o mais longe possível do sol.
Para pacientes que já sofreram como câncer de pele e foram tratados, é ainda mais importante o acompanhamento. Uma vez tratado, o paciente com câncer de pele não deve ser abandonado nunca. O dermatologista irá acompanhar o local de onde o câncer foi retirado, principalmente a pele no entorno, e cuidar para que o tumor tenha sido completamente removido e tratado.
Referências
Ministério da Saúde
Instituto Nacional do Câncer
Sociedade Brasileira de Dermatologia
Manual MSD