Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVermelhidão, coceira e descamação. Essas reações de pele costumam ser bastante comuns na população. Mas a dúvida que sempre fica é: o que elas significam e o que fazer para melhorar?
Os motivos de lesões de pele são bastantes variados e podem ser, por exemplo, alergias, dermatites ou psoríase. Para confirmar o diagnóstico é importante contar com o auxílio do dermatologista, especialidade médica indicada nesses casos.
"Qualquer lesão de pele que fique crônica, isto é, que não melhora, deve ser analisada para receber o diagnóstico correto. Infelizmente, mesmo nos casos de psoríase, os pacientes costumam se automedicar com cremes à base de corticoides, às vezes muito fortes, que quando usados por muito tempo têm efeitos colaterais. Por isso, o contato com o dermatologista é tão importante", alerta a dermatologista Adriana Porro, professora adjunta do departamento de dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Após o diagnóstico da psoríase, o primeiro passo é manter a calma. Apesar de ser uma doença cercada de dúvidas e mitos, é uma condição crônica, mas tem tratamento e medicamentos gratuitos no Sistema Único de Saúde (SUS), que controlam os sintomas e garantem qualidade de vida para o paciente. Entretanto, para que o quadro não se torne mais grave, é fundamental que as pessoas busquem ajuda ainda nos primeiros sintomas.
Causa, sintomas e graus
A psoríase se caracteriza por ser uma inflamação crônica da pele, autoimune e multifatorial, ou seja, tem mais de uma causa. Sendo assim, pode surgir por questões genéticas, imunológicas ou ambientais. Segundo a dermatologista Adriana, a doença não tem uma idade certa para aparecer, mas há uma prevalência maior em pessoas de 30 a 40 anos.
No geral, pode-se dizer que a psoríase tem três graus: leve, moderada e grave. O que determina a diferença entres eles é a extensão dos sintomas, como explica a especialista: "A graduação é dada por alguns índices. É preciso levar em consideração a extensão de pele acometida, o grau de vermelhidão, descamação e espessura das lesões. Inclusive, um dos índices é observar o quanto a psoríase atrapalha o paciente. Por exemplo, uma lesão só nas mãos seria leve se levar em consideração a extensão, mas esse local tem impacto muito grande na qualidade de vida".
No grau leve, geralmente, as áreas mais afetadas são o couro cabeludo, cotovelos e joelhos. Infelizmente, esse primeiro estágio é o que recebe menos atenção por parte dos próprios pacientes, justamente porque confundem com uma simples alergia e não buscam o tratamento adequado. Além disso, por serem mais pontuais, as lesões do grau leve de psoríase aparecem e somem constantemente, muitas vezes causadas pelo estresse do trabalho ou da escola, por exemplo.
Sem o acompanhamento dermatológico, a psoríase de grau leve pode evoluir para o moderado, quando os sinais começam a aparecer nos pés, mãos e unhas. Já no último grau, considerado grave, as placas se espalham pelo corpo todo.
Como tratar
Se você notou os primeiros sinais da psoríase, a indicação é não se automedicar. A prática de utilizar pomadas por conta própria pode agravar ainda mais a lesão e aumentar a extensão do problema. Portanto, o primeiro passo para controlar os sintomas da psoríase, seja no grau leve, moderado ou grave, é ter o contato com o dermatologista.
Atualmente, existem diversos métodos para tratar as lesões, que incluem remédios de uso tópico, oral e a fototerapia. Entenda melhor cada um deles:
Uso tópico: os medicamentos que se encaixam nessa categoria são pomadas e géis, que devem ser aplicados diretamente nas lesões. Quando se trata de psoríase leve e moderada, o Consenso Brasileiro de Psoríase da Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda o uso de pomada a base da substância Calcipotriol. O medicamento conta ainda com vitamina D, que age diminuindo as células anormais da pele com psoríase.
O tratamento também pode ser feito com medicamento em versão gel. Além do Calcipotriol, o produto tem em sua composição Betametasona, que atua na redução da inflamação da pele. O gel é indicado principalmente quando as lesões aparecem no couro cabeludo. A aplicação ainda é recomendada para o tratamento da psoríase que aparece com lesões em placas bem delimitadas, conhecida como psoríase vulgar.
Geralmente, os remédios de uso tópico são indicados para tratamento da psoríase leve e moderada, mas podem variar conforme a recomendação do especialista, como explica a dermatologista Adriana Porro: "Quando o médico vai receitar o tratamento, ele leva em consideração a idade do paciente, a espessura das placas, os locais nos quais as lesões estão e outras variações. O comum é usar o creme de uma a duas vezes por dia e não abandonar o hidratante".
Uso sistêmico: o método é mais indicado para tratamentos de grau moderados e/ou graves, além da artrite psoriásica. Nesse caso, o medicamento é administrado via oral ou por injeções.
Fototerapia: consiste em expor a pele lesionada à luz ultravioleta, que pode ser artificial ou natural.
Medicamentos usados para os tratamentos orais e tópicos estão disponíveis no SUS e podem ser retirados pelos pacientes. Então, se você tem psoríase leve ou moderada e precisa do remédio, basta procurar o posto de saúde mais próximo com o laudo de solicitação de medicamento, feito pelo médico dermatologista junto com receita - que também deve ser levada. Além disso, é preciso levar o RG original e uma cópia, xerox do cartão do SUS e do comprovante de residência.
Possíveis complicações
Apesar dos vários graus da doença, é importante saber que ela não é contagiosa e não impede que pessoas com psoríase nas mãos, por exemplo, trabalhem ou realizem qualquer atividade do dia a dia. Quem tem psoríase pode deixar de frequentar lugares públicos justamente pela vergonha de ser julgado e/ou discriminado. Infelizmente, o preconceito faz com que essas pessoas sofram bastante, gerando afastamento social, que, em muitos casos, acaba em depressão.
Uma das soluções que os pacientes enxergam é usar os medicamentos com muita frequência para tentar acelerar o processo de alívio. Mas essa prática é perigosa, pois pode ocasionar o desenvolvimento da Síndrome de Cushing. "Se o paciente faz uso de remédios com corticoides muito fortes durante um longo período e no corpo inteiro, esse corticoide passa para o sangue e isso tem consequências, como o afinamento da pele, que causa estrias", explica Adriana Porro.
Além disso, a Síndrome de Cushing pode causar outros problemas como dor de cabeça, hipertensão, osteoporose, hiperglicemia, aumento de peso, alta concentração de gordura no rosto e no abdômen, catarata, alterações de humor, queda de cabelo e fragilizar o sistema imunológico, facilitando infecções.Todas essas reações ocorrem porque há um desequilíbrio nos hormônios glicocorticóides, responsáveis pelo controle do cortisol no corpo, que passam a ser produzidos em excesso.
A falta de tratamento correto ainda traz outras complicações, como a artrite psoriásica (ou psoriática), que ocorre com um em cada três pacientes com psoríase. Esse quadro se caracteriza por inchaço, vermelhidão e dor nas articulações, mas não necessariamente apresentará as lesões da psoríase nessa área.
Para reconhecer a artrite psoriásica, fique atento para inchaço nos dedos ou em articulações específicas, ardência e dor nas costas. Nesses casos, fazer um tratamento multidisciplinar com reumatologista e dermatologista é a melhor solução para ter alívio das dores e também da psoríase.
"A psoríase por si só não traz consequências irreversíveis a longo prazo, mas quando o quadro é grave e aparece nas juntas, as articulações podem ir se deformando ao longo do tempo, deixando sequelas, que, aí sim, serão irreversíveis" explica a dermatologista Adriana Porro, professora adjunta da UNIFESP.