Com experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
Cada mulher exerce a sexualidade da sua maneira. Existe quem se relaciona com outras mulheres, quem gosta das posições ousadas, quem prefere fazer sexo quando há amor envolvido...
No entanto, há um fator que une pelo menos uma a cada duas de nós: a dificuldade de chegar ao orgasmo. Uma pesquisa da USP feita com pessoas de 18 a 70 anos descobriu que esse problema é relatado por 55,6% das brasileiras.
Apesar de não ser a única maneira de sentir prazer durante o sexo, o orgasmo é cercado de mitos. Há quem acredite, por exemplo, que só atingiu o clímax se liberou uma grande quantidade de líquido pela vagina em forma de jato, comum nas produções pornográficas.
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Ter orgasmo é o mesmo que gozar?
Para que uma mulher sinta prazer na relação sexual é necessária uma combinação de fatores físicos e psicológicos. Do ponto de vista físico é necessário que ela não tenha desconforto durante a relação sexual e esteja conseguindo sentir prazer com o (a) parceiro (a). Já em relação às questões psicológicas, é necessário que a mulher sinta-se envolvida na situação e sinta-se conectada consigo e com a outra pessoa.
Quando há uma combinação desses fatores é possível chegar ao orgasmo. É como se houvesse uma descarga de prazer pelo corpo todo. Quando essa manifestação acontece o corpo da mulher dá alguns sinais, como manifestar contrações involuntárias na parte externa da vagina, os lábios vaginais ficam inchados e podem ficar mais escuros o bico do seio fica mais duro e o clitóris fica mais sensível ao toque. Após o orgasmo é comum manifestar uma sensação de prazer e tranquilidade.
Já na ideia de gozar existe um engano de conceito que precisa ser esclarecido. Isso porque é muito comum associar que o gozo feminino é uma liberação de secreção vinda da vagina, como se fosse algo semelhante ao universo masculino.
"No dicionário, por definição, gozar significa ter orgasmo. Nos homens, em geral, ocorre saída de um líquido contendo esperma, conhecido popularmente como gozo", define Nelly Kim Kobayashi, sexóloga, ginecologista e parceira da Innuendo.
O termo gozar também pode ser confundido com uma manifestação do corpo chamada squirting, que é, na verdade, um jato liberado pela mulher. Uma pesquisa francesa de 2014 analisou o líquido expelido durante o squirting e realizou o ultrassom da bexiga antes e depois do clímax sexual, concluindo que o líquido liberado se tratava de urina. Por isso, o fenômeno é considerado uma incontinência intercoital, e pode não acontecer com uma frequência tão comum na vida sexual de uma mulher.
"Para sentir prazer ou satisfação sexual, não é necessário esguichar, nem saber se a secreção presente na vagina é da lubrificação ou do orgasmo. O foco sempre deve ser o prazer sexual", alerta Nelly.
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Ejaculação feminina
Mas isso não significa que as mulheres não têm ejaculação, como os homens. A ejaculação feminina é uma pequena ou moderada quantidade de líquido branco espesso secretado durante o orgasmo pelas Glândulas de Skene, responsáveis também pela lubrificação. "Por ser liberada em pequena quantidade e misturar-se com fluidos vaginais, sua identificação é muito difícil", explica Nelly.
A lubrificação, por sua vez, é a secreção intensa de líquidos pelas Glândulas de Skene, que ficam ao lado do canal da uretra (saída de xixi) e de Bartholin, uma em cada lado da entrada do canal vaginal.
"Quando você tem muito prazer, aumenta essa secreção com liberação de hormônios que levam ao clímax. A lubrificação é uma umidade para facilitar a penetração", esclarece Ana Carolina Lúcio Pereira, ginecologista e obstetra.
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Como chegar ao orgasmo?
Se você já chegou ao orgasmo alguma vez, provavelmente sabe como é a sensação: um prazer extremo seguido de relaxamento. E todo o corpo pode responder de diversas formas, não só a vagina.
"O orgasmo pode levar a ingurgitamento dos mamilos e arrepios. Algumas relatam que estão "virando o olho". Isso acontece porque tem uma mudança do padrão mental, uma certa analgesia do cérebro nesse momento", explica Ana Carolina.
Para chegar ao orgasmo, uma mulher pode se estimular sozinha, com os dedos, com a ajuda de dildos e vibradores, com sexo oral ou também com penetração.
O clitoris é um pequeno órgão cilíndrico e erétil, situado próximo a onde os grandes lábios da vulva começam. O estímulo dele é a forma mais comum de se chegar lá, mas não a única.
Além do chamado orgasmo clitoriano, também há o orgasmo vaginal. Eles não se diferenciam muito em relação à intensidade do prazer. "Apenas têm origem em postos diferentes, já que fibras nervosas responsáveis pelo orgasmo, que têm origem no clitóris, passam pela entrada vagina", explica a sexóloga Nelly.
Durante a penetração, o pênis estimula mais o fundo da vagina, enquanto as fibras nervosas mais sensíveis ficam na sua entrada. Por isso é mais difícil obter o orgasmo sem estimular o clitóris.
O melhor de tudo é que é possível explorar seus jeitos de sentir prazer sozinha. Descobrir seus locais, toques e estímulos preferidos é, acima de tudo, nunca abrir mão de sentir prazer.