Diretor e fonoaudiólogo da Clínica CEFAC, possui graduação em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de Sã...
iMuitas são as crianças que, por razões diversas, podem apresentar limitações em seu processo de aprendizagem. Porém, fica sempre a pergunta se estamos diante de um verdadeiro distúrbio, mais persistente, ou de uma dificuldade comum, que pode ser passageira.
Por trás dessa realidade podemos ter diversos fatores, entre eles os que dizem respeito a questões da formação dos professores, das metodologias de ensino, além de condições socioeconômicas e familiares nem sempre favoráveis. Além desses determinantes, que podem ser considerados como "externos" aos alunos, temos que levar em conta certas características e habilidades que são próprias do aprendiz e que se apresentam como condições essenciais para o aprendizado e o sucesso escolar. Dentre elas estão a competência comunicativa oral e escrita, a atenção, a memória, o raciocínio lógico-matemático, o domínio espacial e temporal, assim como habilidades sociais/interativas.
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As alterações da linguagem oral são os principais indicadores de possíveis problemas de desenvolvimento, que podem ser decorrentes das características pouco favoráveis do ambiente linguístico/social no qual a criança está inserida. Por outro lado, tais alterações também podem revelar distúrbios ou transtornos específicos que limitam sua evolução, mesmo em condições ambientais favoráveis para o desenvolvimento, como é o caso, na oralidade, dos chamados Distúrbios Específicos da Linguagem.
Quando dos distúrbios aparecem
Tais distúrbios, que se manifestam na forma de limitações no vocabulário, no domínio gramatical, nos sons da fala e na interação social podem ser, na maior parte das vezes, detectados durante a infância. Tendo sua capacidade comunicativa limitada ou diminuída, estas crianças entram na condição de risco para desenvolvimento de habilidades em níveis mais elevados, principalmente aquelas relacionadas ao aprendizado escolar, com destaque para a leitura e a escrita competentes. Daí a importância de sua detecção e da criação de programas específicos de intervenção.
Problemas de linguagem também podem ter uma manifestação um pouco mais tardia, principalmente quando tem início o processo de alfabetização. Para aprender a ler e escrever são necessárias habilidades linguísticas, entre elas o conhecimento das relações entre a fala e a escrita. A dislexia, por exemplo, corresponde a um distúrbio específico de leitura e escrita que se caracteriza, principalmente, por falhas na compreensão das correspondências entre os sons da fala e as letras do alfabeto. Deficiências de tal natureza, na medida em que podem dificultar a compreensão de textos escritos, repercutem fortemente no aprendizado acadêmico de modo geral e, em particular, no entendimento de enunciados matemáticos.
Em síntese, as alterações em expressão e/ou compreensão da linguagem oral e escrita, quanto mais abrangentes (afetando aspectos semânticos, lexicais, morfossintáticos, fonológicos, prosódicos e pragmáticos), maior impacto e limitação poderão impor ao desenvolvimento global da criança e, particularmente, às situações de aprendizagem escolar, as quais requerem forte demanda de habilidades linguísticas gerais.
Pensando nesse auxílio, desenvolvi o método "As Letras Falam".
A partir de intervenções adequadas, com estimulação apropriada, pode-se acompanhar os progressos de cada criança, sendo que tais avanços serão fundamentais para se diferenciar se as dificuldades são passageiras e esperadas ou se, de fato, configuram problemas mais graves, com necessidade de procedimentos mais prolongados de intervenção.