O crosslinking é um novo método cirúrgico, que vem se mostrando bastante promissor no tratamento do ceratocone, podendo até evitar sua evolução. Seu objetivo é minimizar a progressão da doença, e, com isso, retardar ou até mesmo evitar um futuro transplante de córnea.
O procedimento consiste no uso de radiação ultravioleta, associada a uma substância chamada riboflavina, aumentando a rigidez biomecânica da córnea. No crosslinking ocorre o fortalecimento das fibras de colágeno, que representam as pontes de sustentação da córnea. Com o aumento da resistência, diminui-se a elasticidade da córnea, reduzindo a chance de progressão do abaulamento da córnea, responsável pelo alto astigmatismo e turvação visual.
A técnica é minimamente invasivo, e pode ser feito apenas com anestesia tópica, usando colírios. Tem duração de, aproximadamente, 1 hora e o paciente é dispensado imediatamente, sem necessidade de jejum ou internação.
É indicada principalmente em casos iniciais de ceratocone, em pacientes jovens (adolescentes), casos em que a doença está em progressão, pacientes que já foram submetidos a cirurgia refrativa. Os maiores beneficiários são os pacientes que apresentam estágios leves a moderados da doença, porém os últimos estudos têm comprovado benefícios em estágios avançados de ceratocone.
Estima-se que 500 mil pacientes portadores já se beneficiam com o tratamento pelo crosslinking no mundo. Após o tratamento, muitos pacientes se mantêm em estágios iniciais da doença, evitando a evolução para transplante de córnea. Apesar dos riscos do crosslinking serem mínimos, as complicações podem ocorrer. Dentre elas, as infecções e opacidades da córnea, que podem ser evitadas com uso de colírios, após o procedimento. Alguns sintomas temporários podem aparecer, como vermelhidão ocular, lacrimejamento e irritação, porém regridem em poucos dias.
O que é o ceratocone?
Ceratocone é uma doença degenerativa da córnea, de caráter progressivo. Caracteriza-se por mudanças estruturais na córnea, que alteram sua biomecânica, resistência e elasticidade, tornando-a mais fina e modificando sua curvatura normal (praticamente esférica) para um formato mais cônico.
Os primeiros sintomas são visão borrada (proveniente do astigmatismo irregular), imagens fantasmas, sensibilidade à luz e halos noturnos. Manifesta-se mais comumente na adolescência e progride até os 30/45 anos de vida, quando normalmente estabiliza. Afeta 1 em cada 2 mil pessoas, ocorrendo em populações de todo mundo.
Com relação ao tratamento, existem diversos dispositivos:
- Utilização de óculos
- Lentes de contato gelatinosas
- Lentes de contato especiais (rígidas, esclerais)
- Crosslinking
- Implante de anel intraestromal
- Transplante de córnea.