Supervisora do Programa de Residência Médica Oncologia, Universidade Federal de São Paulo.Pós Doutorado em Oncologia Gin...
iIntimidade e sexualidade são fundamentais para o bem-estar e qualidade de vida do ser humano. Para quem recebe o diagnóstico do câncer, a vida sexual acaba sendo afetada assim como o psicológico e qualidade de vida por conta das diferentes terapias utilizadas.
Durante o tratamento, é comum que homens e mulheres apresentem perda do interesse sexual. O fato é explicado por conta de alterações físicas fisiológicas, psicológicas e sociais, dificultando a relação sexual.
Fatores como alteração de peso, desequilíbrio hormonal, incontinência urinária e fecal, amputação do pênis, testículo, mamas, colorretal, além de náuseas, vômitos, diarréia, fadiga e alopecia podem levar a uma autoimagem negativa e gerar um desconforto inibindo a intimidade.
Saiba mais: Quais os cuidados após o término do tratamento do câncer?
Alguns tipos de câncer e seus tratamentos são associados a alguma disfunção sexual, entre as mais comuns são: ausência ou inibição do desejo em homens e mulheres, dispareunia na mulher e disfunção erétil no homem.
De acordo estudo divulgado pela National Center for Biotechnology Information (NCBI), 50% a 64% das mulheres com câncer de mama apresentam dificuldade de excitação, desejo e lubrificação. Após dois anos de radioterapia para câncer cervical, 85% das mulheres se queixam de pouco ou nenhum interesse sexual devido a dor, explicada pelas alterações ocorridas pela falta de lubrificação e estenose vaginal. É comum também que durante a quimioterapia a mulher tenha os mesmos sintomas de uma menopausa precoce, tais como: ressecamento vaginal e interrupção do ciclo menstrual.
Ainda de acordo com outra pesquisa também divulgada pelo periódico, nos homens a disfunção erétil acomete 75% dos pacientes tratados de câncer colorretal. Casos de câncer de próstata submetidos à prostatectomia radical, 60 a 90% referiam disfunção erétil e naqueles tratados com radioterapia para o tumor de próstata, 67% a 85% se queixaram do problema.
Algumas vezes esses efeitos são permanentes mesmo que o câncer esteja sob controle. O tratamento do câncer pode influenciar a ereção, pois interfere no equilíbrio hormonal, na inervação e na vascularização pélvica.
Saiba mais: Técnicas preservam a fertilidade após o tratamento de câncer
Durante a radioterapia pélvica a radiação danifica as artérias que levam sangue para o pênis, os tecidos internos cicatrizam e as paredes das artérias perdem elasticidade, comprometendo sua capacidade de expansão e impedindo maior fluxo sanguíneo, ambos fatores necessários para a ereção. Alguns homens conseguem recuperar a capacidade de ereção depois de aproximadamente seis meses, quanto mais jovem o paciente, mais fácil a recuperação.
Diante todos esses fatores, é importante o diálogo entre o casal para re-significar e adaptar sua vida sexual levando em conta o toque, o olhar, o cheiro, os beijos, as carícias, que são importantes ferramentas para explorar o corpo e ter prazer.