Redatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iSentir-se enjoado, estufado e com dores abdominais após consumir leite e seus derivados são alguns sinais recorrentes da intolerância à lactose. Trata-se de uma condição em que o organismo não consegue digerir o açúcar natural do leite, a lactose.
Nestes casos, a lactose chega ao intestino grosso, se acumula e sofre fermentação pelas bactérias naturais do sistema digestivo. Os resultados são conhecidos: gases, retenção de líquidos, cólicas, diarreia e enjoos. A intolerância pode ser causada por alguma doença, envelhecimento ou congênita, quando a pessoa já nasce com a condição.
Dados do Ministério da Saúde indicam que 70% dos brasileiros adultos sofrem de intolerância à lactose em algum grau. A impressão de que isso é algo "novo" se deve ao fato de o diagnóstico ser razoavelmente recente: até os anos 1990, não havia exame de sangue ou teste respiratório para determinar o que causava os incômodos.
"Como as pessoas percebiam que os sintomas apareciam cerca de meia hora depois de consumir leite e seus derivados, como iogurtes e queijos, o que faziam era cortar esses alimentos da dieta", afirma o médico nutrólogo Thiago Giaconi, especialista em ciências da fisiologia humana. "Mas já é consenso entre a comunidade médica que não é preciso excluir os produtos lácteos das refeições por causa de intolerância à lactose", complementa.
O que se recomenda, de acordo com Thiago Giaconi e também com a médica nutróloga Elza de Mello, médica, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e professora da pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é verificar a quantidade desses alimentos que o corpo suporta, já que a intolerância à lactose pode ser leve, moderada ou grave, e respeitar o próprio limite para evitar desconfortos.
Além disso, investir em produtos "zero lactose" pode ser uma boa alternativa para quem sofre com desconfortos após a ingestão de produtos lácteos. Nesses casos, os produtos - como leites, queijos e outros derivados - contam com a adição da enzima lactase, facilitando a digestão do açúcar do leite.
Os especialistas indicam, a seguir, os quatro cuidados mais importantes para quem tem intolerância à lactose e de que forma aproveitar os nutrientes do leite da melhor forma. Saiba mais:
1. Consumir o leite em temperatura ambiente ou morno
A temperatura é importante porque quanto mais frio o leite estiver, mais rapidamente ele é processado pelo organismo para chegar ao intestino grosso e menos tempo há para a já reduzida quantidade de lactase quebrar e decompor a lactose.
2. Optar pelo consumo de leites integrais ou zero lactose
Os leites integrais são melhores que os semidesnatados e que os desnatados porque a gordura da versão integral força um processamento mais lento do leite no início do sistema digestivo, beneficiando o trabalho da lactase.
Outra opção é consumir a versão zero lactose do leite e seus derivados tradicionais. Esses produtos contam com a enzima lactase em sua composição, permitindo a digestão do açúcar do leite, a lactose.
3. Ingerir pães e cereais integrais junto com o leite
A digestão conjunta dos carboidratos e fibras desses alimentos também estimula um trabalho mais lento do sistema digestivo e auxilia no processamento da lactose pela enzima lactase.
4. Compensar a ingestão de cálcio
Quem tem intolerância grave à lactose e precisa diminuir drasticamente o consumo de leite e derivados deve ficar atento ao aporte de cálcio no organismo, uma vez que esses alimentos são as principais fontes deste nutriente.
Boas alternativas para serem colocadas no prato e no copo são vegetais verde-escuros (brócolis e espinafre, por exemplo), sardinha, aveia e sementes de gergelim e de linhaça.