Clínico geral e nutrólogo, diretor da clínica Dr. Roberto Navarro. Formado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz...
iRedatora de conteúdos sobre beleza, família e bem-estar.
O que é Intolerância à lactose?
A intolerância à lactose, também conhecida como deficiência da lactase, é a incapacidade que o corpo tem de digerir lactose, um tipo de açúcar encontrado no leite e outros produtos lácteos.
Os sintomas da intolerância variam de acordo com a maior ou menor quantidade de leite e derivados ingeridos, e costumam aparecer trinta minutos a duas horas depois do consumo.
Saiba mais: Quem tem intolerância não pode tomar leite? Veja 5 mitos e verdades sobre a lactose
Causas
A intolerância à lactose acontece como consequência de um outro problema: a deficiência de lactase. Ela ocorre quando o intestino delgado deixa de produzir a quantidade necessária da enzima lactase, cuja função é quebrar as moléculas de lactose e convertê-las em glucose e galactose.
A presença de lactose no organismo se dá por meio da ingestão de leite e seus derivados. As causas para a intolerância à lactose variam de acordo com o seu tipo, sendo elas:
- Intolerância à lactose primária: durante a infância, o corpo produz muita enzima lactase, pois o leite é a fonte primária de nutrição após o nascimento. Geralmente, o corpo diminui a quantidade de lactase produzida conforme a pessoa vai envelhecendo e sua dieta variando, com o acréscimo de novos tipos de alimentos. Com o tempo, esse declínio na produção de lactase pode levar a um quadro de intolerância à lactose;
- Intolerância à lactose secundária: este tipo de intolerância ocorre quando o intestino delgado deixa de produzir a quantidade normal de lactase por causa de alguma doença, cirurgia ou injúria. Algumas condições que podem levar a um quadro de intolerância à lactose secundária são a doença celíaca, gastroenterite e a doença de Crohn, por exemplo. O tratamento da condição intrínseca a esse tipo de intolerância pode resolver o problema;
- Intolerância à lactose congênita: é possível, embora raro, que bebês nasçam com intolerância à lactose por causa da deficiência total de lactase no organismo. Essa condição é conhecida como herança autossômica recessiva e é passada de geração em geração. Isso significa que tanto o pai quanto a mãe precisam transmitir o gene da intolerância à lactose para o filho para que ele apresente o problema.
Saiba mais: Intolerância à lactose na infância pode não ser permanente
Tipos
Existem três tipos de intolerância à lactose, sendo elas:
- Intolerância à lactose primária: resultado do envelhecimento. É comum em pessoas de idade mais avançada
- Intolerância à lactose secundária: resultado de alguma doença ou ferimento
- Intolerância à lactose congênita: quando a pessoa já nasceu com o problema.
Sinais
Os sintomas de intolerância à lactose geralmente começam de trinta minutos a duas horas depois de a pessoa ingerir alimentos ou bebidas que contenham lactose. A intensidade dos sintomas varia de acordo com a ocasião, mas eles costumam ser amenos.
Os principais sintomas incluem:
- Diarreia
- Náusea e, às vezes, vômito
- Dor abdominal
- Inchaço
Diagnóstico
Para ter certeza de que é realmente a intolerância à lactose que está causando esses sintomas, o médico deverá solicitar alguns exames, como:
- Exame de tolerância à lactose: em que o paciente ingere um líquido rico em lactose para, depois, realizar um exame de sangue e verificar a quantidade de glucose na corrente sanguínea.
- Exame de hidrogênio expirado: em que o paciente também ingere um líquido com altas quantidades de lactose para que o médico, depois, analise a quantidade de hidrogênio expelido pelo hálito do paciente.
- Medidor de ácidos: a lactose não ingerida produz ácido láctico no organismo, que consegue ser identificado por meio de um medidor de ácidos.
Fatores de risco
Alguns fatores são considerados de risco para a intolerância à lactose, sendo eles:
- Idade: conforme os anos vão passando, a chance de se desenvolver intolerância à lactose aumenta
- Etnia: intolerância à lactose é mais comum em pessoas negras, asiáticas, hispânicas e indígenas
- Nascimento prematuro: bebês que nasceram prematuramente apresentam menos lactase no organismo porque a produção desta enzima aumenta somente no final do terceiro trimestre da gravidez
- Doenças: algumas condições que afetam o intestino delgado podem alterar a produção da enzima lactase, levando à intolerância à lactose, como a doença de Crohn.
Saiba mais: Intolerância à lactose: por que é comum em pessoas negras?
Buscando ajuda médica
Caso perceba os sintomas acima e suspeite que eles estejam ligados à ingestão de lactose, procure um médico e explique a situação.
A consulta costuma ser rápida, por isso é importante que você agilize e leve os seus sintomas anotados, para descrevê-los ao médico. Aproveite também para tirar todas as suas dúvidas.
O especialista também deverá lhe fazer algumas perguntas. Veja exemplos:
- Você ingeriu algum alimento ou bebida que contenha leite?
- Quando os sintomas começaram?
- Os sintomas são frequentes ou ocasionais?
Tratamento
Não existem tratamentos para a intolerância à lactose, mas você pode adicionar enzimas lactase ao leite normal ou tomá-las em forma de cápsulas e comprimidos mastigáveis.
Pessoas com esse problema geralmente evitam alimentar-se ou ingerir produtos que contenham lactose.
Saiba mais: Intolerância à lactose é facilmente controlada
Prevenção
Não há uma maneira conhecida de se prevenir a intolerância à lactose. Evitar ou restringir a quantidade de produtos lácteos em sua dieta pode reduzir ou prevenir os sintomas da intolerância à lactose.
Convivendo (Prognóstico)
Geralmente, a diminuição ou a remoção de produtos lácteos da dieta melhora os sintomas da intolerância à lactose. A maioria das pessoas com baixos níveis de lactase pode tolerar de 55 a 115 gramas de leite de uma só vez (até meia xícara) sem ter sintomas.
Porções maiores (225 gramas) podem causar problemas para pessoas com deficiência de lactase.
Alguns produtos lácteos podem ser mais fáceis de digerir por conterem menos lactose do que o leite comum. No entanto, eles devem ser experimentados com cautela, já que podem causar reações ainda assim.
Saiba mais: Monte o cardápio ideal contra intolerância à lactose
Veja alguns deles:
- Manteiga e queijos (eles têm menos lactose do que o leite)
- Produtos lácteos fermentados, como iogurte
- Leite de cabra (deve ser ingerido juntamente com as refeições e suplementado com aminoácidos essenciais e vitaminas se for oferecido a crianças)
- Sorvete, milk-shakes e queijos envelhecidos ou duros
- Leite e produtos lácteos sem lactose
- Leite de vaca tratado com lactase para crianças maiores e adultos
- Fórmulas de soja para crianças com menos de dois anos.
Leia os rótulos dos alimentos. A lactose também é encontrada em alguns produtos não lácteos, inclusive em algumas cervejas.
Complicações possíveis
A ausência de leite na dieta pode levar à deficiência de cálcio, vitamina D, riboflavina e também de proteína. Talvez seja necessário encontrar novas maneiras de acrescentar cálcio à sua dieta (são necessários 1.200 a 1.500 mg de cálcio por dia):
- Tomar suplementos de cálcio
- Comer alimentos que tenham mais cálcio (folhas verdes, ostras, sardinhas, salmão enlatado, camarão e brócolis).
Intolerância à lactose também pode acarretar um quadro de desnutrição e perda de peso.
Referências
- Revisado por: Roberto Navarro, nutrólogo - CRM: 78392
- Ministério da Saúde
- Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia.