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Muitos fatores influenciam a forma em que nossas emoções ecoam dentro de nós. Se somos mais sensíveis, ou pensamos demais sobre as coisas, a tendência é que alguns nos impactem intensamente. E tão importante quanto nos permitir senti-los, é refletir sobre eles, e saber em que momento devemos e podemos controlá-los.
Sensações como a tristeza e o estresse são importantes sinalizadores de que devemos prestar mais atenção em nossa rotina, quebrar alguns ciclos e alterar a forma que estamos vivendo. Mas em excesso, alguns sentimentos nos sufocam, tornando a nossa visão de mundo monocromática, e até acarretando no surgimento de alguns distúrbios emocionais.
Por isso, separamos nove sentimentos muito comuns, que não devem passar despercebidos. Reflita sobre eles, e quando estiverem muito fortes, saiba quando procurar ajuda.
1. Ansiedade
É muito comum criamos expectativas e tentarmos antecipar o que acontecerá no futuro. É uma característica normal e, em pequenos níveis, não nos causa mal. Entretanto, quando sofremos pelas possibilidades da vida, e até paralisamos nossa rotina para evitar frustrações, está na hora de refletir sobre a ansiedade.
Para identificar quando o sentimento está se tornando um problema, é possível prestar atenção em alguns sintomas físicos e emocionais. Veja alguns deles:
- Sensação de que algo ruim vai acontecer
- Medo constante
- Preocupação exagerada em comparação à realidade
- Tensão muscular
- Respiração ofegante ou falta de ar
- Dor ou aperto no peito, seguido de aumento das batidas do coração.
Confira outros sinais de ansiedade. E caso você esteja sofrendo, está na hora de buscar ajuda. Porque estar ansioso é uma sensação paralisante, mas há formas de combater o sentimento. E em pequenas doses, pode ser até animador esperar pelo o que está por vir.
Mas não devemos focar nossa atenção em prever fatalidades ou incidentes. Estar focado no presente é a melhor ferramenta para estarmos preparados para lidar com o cotidiano.
2. Decepção
Quando criamos expectativas e elas não correspondem à realidade, nos sentimos decepcionados. De acordo com a psicóloga Andressa Guerreiro, o início de novas etapas geram expectativas automáticas. "Não importa se for uma amizade, um relacionamento amoroso ou um emprego", afirma a especialista.
Entretanto, por mais que sofrer frustrações seja natural, é importante atentar-se a forma em que estamos lidando com elas. Segundo Andressa, é necessário nutrir nossa autoestima para não nos definirmos pelos erros. Caso contrário, podemos desenvolver uma personalidade pessimista, o que pode ocasionar distúrbios emocionais como a ansiedade e depressão.
Quando conseguimos tirar aprendizados das decepções e equilibrar nossas expectativas para situações semelhantes no futuro, estamos lidando com o problema de forma saudável. Mas a partir do momento em que perdemos a vontade de viver por medo de sentirmos frustração, está na hora de redefinir nossos pensamentos.
Enxergue a decepção como uma oportunidade para questionar a si mesmo. "Perguntas como 'Será que coloquei muitas expectativas no outro e esqueci de cuidar de mim?' são válidas e nos ajudam a elaborar o sentimento", explica Andressa.
3. Solidão
Todos nós já nos sentimos sozinhos em algum momento. E não precisamos estar sem companhia para sentir esse vazio. Muitas pessoas podem estar em um lugar repleto de indivíduos e, mesmo assim, acreditarem que não pertencem àquela realidade.
Muito mais do que não ter alguém por perto, a solidão é um sentimento complexo, que envolve medos e vazios existenciais. Mas é possível aproveitar o sentimento para buscar crescimento pessoal, e cultivar a solitude.
De acordo com a psicóloga Lia Clerot, estar sozinho pode ser um momento para cultivar a particularidade, e pensar no que queremos desenvolver em nós mesmos. "Quando não associada à tristeza, a solidão pode ser um momento para refletir, cuidar de si e da mente. É importante estar só", afirma a especialista.
O contrário disso, deve ser observado com cuidado.
4. Estresse
Todas mudanças e imprevistos geram um estresse automático. O sentimento é um "mal necessário", já que precisamos dele para nos mover, e tomar decisões que movam as engrenagens da vida.
Entretanto, em níveis elevados, o estresse desperta diversas emoções prejudiciais, como a irritabilidade, preocupação e frustração. Quando o sentimento permanece por muito tempo, ele começa a provocar sintomas físicos e emocionais, como:
- Ritmo cardíaco acelerado
- Respiração acelerada
- Sudorese
- Tremores
- Boca seca
- Dificuldade para dormir
- Queda de cabelo.
Confira outros sintomas de estresse e formas de reduzi-lo. As causas são variadas, mas até mesmo eventos simples, quando tornam-se repetitivos, podem agravar a situação e afetar nosso emocional.
É importante buscar ajuda a partir do momento em que quaisquer tarefas nos colocam em nosso limite. Quando não conseguimos nos adaptar a situações, podemos desenvolver quadros como a síndrome do burnout e até mesmo depressão.
5. Tristeza
Muitos de nós confundem a tristeza com a depressão. Por mais que elas reproduzam sintomas semelhantes dentro de nós, a intensidade deles é bem diferente em cada um dos casos.
Segundo a psicóloga Priscila Gasparini, a tristeza não dura mais do que quinze a vinte dias, e pode ser desencadeada por um evento específico que tenha nos frustrado. Quando se trata de um quadro de depressão, permanecemos angustiados por muito tempo.
Sintomas como apatia, pouca motivação, sensação de vazio e falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas começam a surgir, e a qualidade de vida diminui drasticamente.
A tristeza, assim como outros sentimentos negativos, é um bom sinalizador de que está na hora de olhar para dentro de si e mudar alguns aspectos de nossa vida. Porém, não é saudável que nós nos percamos na melancolia.
Reprimir os sentimentos pode desenvolver questões ainda maiores dentro de nós, portanto, aceite que nem sempre tudo estará bem. Mas caso você perca as esperanças de melhorar, é imprescindível buscar ajuda profissional e ter pessoas queridas por perto, que possam nos motivar a melhorar.
6. Ciúmes
O ciúmes é uma reação psicológica de defesa, que normalmente é ativada quando sentimos que iremos perder algo ou alguém por um fator externo. É mais comum que sintamos ao estarmos em um relacionamento amoroso. E apesar de tomarmos medidas práticas para eliminar a sensação, é necessário refletir sobre o que causou o sentimento.
A autoimagem e nosso senso de autoestima está intimamente ligado com a forma em que o ciúmes reverbera dentro de nosso interior. De acordo com a psicóloga Adriana de Araújo, sentir que somos "donos" de alguém pode significar que não encontramos prazer em nossa própria companhia.
A ansiedade ou a antecipação de eventos futuros também pode aumentar nossos níveis de paranoia. Por mais que muitas vezes consigamos superar o ciúmes, é necessário estar atento ao momento de buscar ajuda.
Se estivermos passando por momentos de angústia constantes e reduzindo o bem-estar do próximo, é um sinal de que devemos investigar o que está causando isso. Segundo Milena Lhano, ciúmes não é sinônimo de amor.
Quando amamos, nutrimos bons sentimentos na relação e ela se torna uma fonte de felicidade. Por sua vez, o medo de perder alguém, seguido de atitudes possessivas para segurar o relacionamento, apenas nos avisa que a insegurança, desconfiança e expectativa irreais estão dominando nossa realidade.
7. Raiva
Intimamente ligada à decepção, a raiva é o resultado de uma expectativa não correspondida, ou de um imprevisto prejudicial à nossa rotina. Alguns respondem a eventos desconfortáveis com a tristeza, e outros, com a ira.
Para Adriana de Araújo, o sentimento da raiva tem potencial destrutivo para nós mesmos e às pessoas a nossa volta. Quando recorrente, pode indicar que talvez não tenhamos encontrado uma forma equilibrada de lidar com nossas emoções, já que podemos ser impulsivos e até agressivos quando estamos enfurecidos.
Entretanto, Adriana esclarece que é possível canalizar a energia da raiva para encontrarmos novos modos de agir. Uma ferramenta útil para alcançar este objetivo pode ser o autoconhecimento. Quando entendemos nossa personalidade, somos capazes de notar quais situações podem ser gatilhos para nos deixar mal, e então, optar por caminhos alternativos.
Confira como aumentar o autoconhecimento e quais os benefícios da prática.
8. Inveja
É difícil admitir que possamos sentir inveja. Entretanto, não devemos nos sentir culpados caso isso aconteça. Este sentimento surge quando nos comparamos exageradamente com os outros e nos frustramos por não viver a realidade deles.
Muitos traços de nossa personalidade podem facilitar o surgimento desse incômodo, e é necessário olhar para dentro de si e descobrir como iremos lidar com isso. Adriana de Araújo indica que podemos criar metas e planejamentos para alcançar o sucesso que tanto desejamos ao sentirmos inveja.
Quando canalizada de maneira construtiva, o sentimento pode nos inspirar a buscar crescimento pessoal. Mas é extremamente importante que nós tenhamos noção de que cada um possui sua própria essência, e portanto, o caminho para a autorrealização nunca será o mesmo para todos.
A inveja torna-se destrutiva quando pausamos nossa vida e sofremos por não ter o que é do próximo. "Quando isso acontece, não conseguimos aproveitar o que temos, apreciar as coisas boas que conquistamos. Esse mal-estar pode até mesmo levar a uma baixa autoestima", esclarece Adriana.
9. Medo
O medo é um mecanismo de defesa importante para o ser humano. Não é recomendado que não o sintamos, pois sua função é nos resguardar de situações perigosas. Por exemplo, quando precisamos enfrentar um evento estressante, o cérebro libera mais substâncias, o coração bombeia mais sangue, os músculos ficam enrijecidos e a força física aumenta substancialmente.
Porém, a partir do momento que ficamos paralisados e evitamos quaisquer situações que ofereçam riscos, devemos nos atentar. De acordo com o psicólogo Jair Kappann, o sentimento está relacionado à ansiedade gerada pela antecipação mental, podendo se transformar em uma doença: a fobia.
A psicoterapia é o tratamento mais recomendável em casos extremos. É importante entender as causas, e formas de reduzir os sintomas. Um bom sinal de que está na hora de buscar ajuda, é estarmos sentindo muito desconforto ou tendo problemas na vida pessoal e profissional.
Confira como superar o medo comum, e quando a sensação transforma-se em fobia.
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