Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
O comportamento sexual compulsivo, também conhecido como "vício em sexo" ou ninfomania, ainda gera uma grande polêmica se deve ou não ser considerado como uma doença.
A discussão leva em conta a dificuldade em definir a causa do distúrbio, que traz riscos à saúde física e emocional de quem sofre com ela. Contudo, cientistas suecos podem ter encontrado a resposta para esse debate - e ela está em nosso DNA.
Causa do vício em sexo
Os pesquisadores responsáveis pela descoberta apontam que o vício em sexo pode ser uma consequência de alteração genética. Essa modificação no DNA, por sua vez, eleva a produção de ocitocina, considerado o "hormônio do amor".
O excesso dessa substância no organismo faz com que as pessoas se sintam atraídas por diferentes pessoas simultaneamente e de maneira erótica. Como resultado, surge a compulsão por sexo.
Adrian Boström, um dos autores do estudo realizado pelo Instituto Karolinska (Suécia) e publicado no jornal Epigenetics, afirma que o achado mostra que a ninfomania pode ser diagnosticada por uma causa neurobiológica.
Estudo sobre compulsão sexual
A análise contou com 93 voluntários, divididos em dois grupos: indivíduos em tratamento por dependência sexual (maioria homem; 60 pessoas); e indivíduos sem histórico de dependência sexual (33 pessoas).
Foram recolhidas amostras de sangue de todos os participantes e os resultados identificaram que duas partes do DNA (miR708 e miR4456), responsáveis por decodificar informações genéticas, estavam alteradas.
Nesse cenário, os estudiosos esclarecem que o miR4456 regula a ocitocina - o "hormônio do amor". Dessa forma, os níveis modificados deste gene aumentam a produção da substância e, consequentemente, a compulsão sexual.
Transtorno mental
Em uma segunda etapa da pesquisa, os cientistas notaram que a área do DNA responsável por vícios em geral é modificada em pessoas compulsivas por sexo. Isso, portanto, confirma que a hipersexualidade é mesmo um transtorno.
Esta conclusão só foi possível a partir da análise dos genes modificados com genes ligados à presença de vícios. Assim, os DNAs de participantes com histórico de vício em sexo foram comparados aos de voluntários em tratamento contra dependência de álcool.
O que é o vício em sexo
O comportamento sexual compulsivo é caracterizado pela ausência de controle em relação a impulsos sexuais. Ou seja: o vício em sexo não significa que a pessoa está insatisfeita com o parceiro ou parceira ou que precisa ter relações sexuais mais frequentes.
É também conhecido como hipersexualidade, apetite sexual excessivo, desejo sexual hiperativo (DSH), satiríase e ninfomania.
Consequências
A hipersexualidade corresponde, portanto, a um problema que faz com que o sexo se torne o foco de sua rotina, desejos e pensamentos. Como consequência, quem sofre deste distúrbio costuma ter negligência emocional com a própria saúde, amigos, familiares e companheiros.
O comportamento pode resultar em depressão e ansiedade, pois a maioria dos pacientes sequer sente prazer com a masturbação ou atividade sexual repetida.
Dessa forma, a psicoterapia é a forma mais eficiente de tratar o vício em sexo. Afinal, a técnica pode reduzir níveis de ocitocina no organismo, além de proporcionar um melhor controle sobre a própria sexualidade.
Vício em sexo no mundo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que cerca de 6% da população mundial sofre com a hipersexualidade e declarou o comportamento como um distúrbio de saúde mental em 2018.
A estimativa é de que um a cada dez homens sejam afetados com o transtorno. Entre as mulheres, a ocorrência é de uma a cada 12.
A equipe sueca ressalta que, apesar das descobertas, novos aprofundamentos são necessários para entender todos os mecanismos envolvidos na hipersexualidade e no controle dos níveis de ocitocina.
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