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Enxoval, carrinhos, bebê conforto para transporte no carro, banheira, termômetros e... um monitor fetal. É crescente o número de mulheres que incluem esse aparelho caseiro, encontrado em lojas de produtos para gestantes e bebês, nos itens necessários durante a gravidez. O uso dele é bem objetivo: detectar batimentos cardíacos fetais por meio do efeito Doppler. E, com um pouco de análise, avaliar a frequência e a atividade cardíacas do feto.
A recomendação é que ele seja usado a partir da 10ª semana de gestação, mas muitas mulheres não aguentam a ansiedade e já começam a colocá-lo na barriga assim que o teste de gravidez dá positivo.
Risco psicológico
Por não ser invasivo, não há contraindicação física para o uso do monitor fetal. Mas há um risco de prejuízo psicológico: sem treinamento ou em semanas muito iniciais da gravidez, a gestante pode não ouvir adequadamente os batimentos cardíacos do feto ou interpretá-los de forma equivocada, o que pode levar a quadros de ansiedade e preocupação desnecessários.
"Como achar o foco fetal exige um pouco de treinamento, nem sempre a paciente conseguirá identificá-lo, o que não significa necessariamente uma situação de anormalidade", afirma Gilberto Nagahama, médico obstetra do CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim. "Essa dúvida pode levar a paciente a idas a hospitais com maior frequência, às vezes submetendo-a a exames desnecessários."
Além, é claro, da exposição ao ambiente hospitalar, cheio de vírus e bactérias no ar e riscos de infecções em um momento da vida em que não é nem um pouco interessante ficar doente.A gestante pode, ainda, auscultar seu próprio coração e julgar que o bebê está em sofrimento.
Ou não auscultar nada, por posicionar o aparelho de forma equivocada, e entrar em desespero. Dependendo das expectativas e do quadro natural de ansiedade da gestante, o monitor fetal pode ser muito danoso para o psicológico.
A ginecologista e obstetra Ana Paula Tarsitano ressalta que os grandes sinais de alerta e urgência da gravidez são sangramento, perda de líquido e dor; a ausculta do coraçãozinho pode ficar limitada às consultas do pré-natal. "A mulher grávida já se encontra mais emotiva por conta da 'chuva' de hormônios. Por isso, é fundamental cuidar da saúde física e da emocional, eliminando fatores potencialmente estressantes sempre que possível", finaliza.
Fontes consultadas: Ana Paula Tarsitano (ginecologista e obstetra especialista em ginecologia endócrina), Gilberto Nagahama (médico obstetra do CEJAM ? Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim) e corpo médico do Grupo Ilitia.