Andressa Bortolasso, autora de Sintonia de Mãe, publicado pela Luz da Serra Editora, é odontopediatra, especialista em a...
iUma das maiores preocupações da mãe que amamenta é a produção de leite. Nos dias de hoje é muito comum a criança já sair da maternidade com indicação de fórmula para complementar a amamentação.
Mas, pensando racionalmente, estaríamos frente a uma grande epidemia se todas essas mulheres que sofrem com baixa produção de leite materno tivessem um problema real, como já disse Carlos Gonzalez, um renomado pediatra espanhol.
Falta de leite existe, mas por quê?
O fato é que a falta de leite está realmente presente, que não é frescura dessa mãe e muito menos desculpa para não amamentar - embora você possa já ter ouvido isso. A grande pergunta é: por que temos tanta dificuldade em amamentar?
A resposta está em nossos instintos maternos. Verdade! E você pode me perguntar ainda: mas não seria justamente ao contrário, a falta de instinto materno que nos leva a não ter leite? Foi exatamente em busca disso que eu me aprofundei nesse universo da amamentação.
Somos mamíferos! Além de fazermos parte do classe dos animais vertebrados, também somos caracterizados pela presença de glândulas mamárias e somos "programados" para proteger nossa espécie. Desta forma, toda vez que presenciamos uma situação de perigo, liberamos adrenalina e cortisol para, rapidamente, ter a reação de lutar, fugir e, especialmente a fêmea, proteger a cria.
Estresse x amamentação
Por isso, a amamentação não pode progredir se a mãe está assustada, o que, na natureza, significa procurar esconder seus filhotes dos predadores. Assim acontece a trava cortical, que inibe a produção de leite para que o predador não sinta o cheiro caso a fêmea se sinta ameaçada. Podemos dizer que a relação sexual, parto e a lactação podem ser inibidos pelas mesmas travas corticais.
Nos dias atuais, não temos leão, onça ou tigre nos ameaçando. Quem representa esses predadores de hoje são as visitas palpiteiras, o marido que está igualmente assustado, e até, por vezes, os sogros. Somado a tudo isso, ainda ficamos com aquela dúvida: será que vou conseguir produzir leite o suficiente?
Desta forma, toda vez que a mãe se sente ameaçada, tensa, com dúvidas, com medo e, principalmente, se sente observada, acontece a trava cortical que inibe ou prejudica a procuração de leite materno.
Nesse sentido, a ocitocina, que é o hormônio responsável pela descida do leite, não é liberada. Ou ainda sua liberação é muito prejudicada, porque, teoricamente, não é seguro amamentar agora, entende?
Como conseguir amamentar
Mas, agora, uma nova pergunta: como destravar essa tal trava cortical? Sabemos que não é tão fácil ficar em estado meditativo no puerpério... E isso nem é preciso! Vou te dar três dicas práticas e outras mais você encontra no livro "Sintonia de Mãe - Como estabelecer uma conexão única com seu filho através da amamentação", publicada pela Luz da Serra Editora.
1 - Prepare-se! É bom você entender as dificuldades que podem surgir no seu pós parto e amamentação e se munir de ferramentas para enfrentá-las. Desta forma, você se sentirá mais segura e imune aos palpiteiros de plantão.
2 - Crie seu cantinho de amamentação. Escolha com atenção e carinho sua poltrona de amamentar. Desde a gestação, sente-se lá de vez em quando e vá ancorando essa energia da amamentação. Esse cantinho é como se fosse seu santuário de amamentar!
3 - Quando estiver amamentando, use os seus cinco sentidos. Olhe seu filho, sinta o cheiro, toque a pele, ouça seus sons? Vale até lamber a cria, como fazem os gatinhos! Viva o momento presente, entregue-se, apaixone-se pelo seu bebê! Evite ficar no celular ou na frente da TV. Somente essa prática já libera sete vezes mais ocitocina no sangue da mulher, do que se você estivesse usando ocitocina sintética em spray nasal.
Com essas dicas você já pode realizar essa linda conexão com sua criança e liberar muito leite.