Graduada em Medicina em 1989, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, FCM UERJ. Residência Médica em Pediatria 199...
iCom experiência na cobertura de saúde, especializou-se no segmento de família, com foco em gravidez e maternidade.
O que é amamentação?
A amamentação é o ato de alimentar um bebê com leite materno, através dos seios da mãe. Também chamada de aleitamento, é a melhor opção para nutrir o bebê nos primeiros anos de vida e deve ser exclusiva até os seis primeiros meses.
Durante este tempo, nenhum complemento, nem mesmo água, deve ser oferecido — o leite materno já tem todos os nutrientes necessários para alimentar e hidratar o bebê.
Por quanto tempo amamentar
A primeira mamada deve acontecer logo na sala de parto. Quando o bebê nasce, o ideal é que seja colocado pele a pele com sua mãe, quando irá buscar o seio pelo reflexo de sucção. A amamentação na primeira hora, chamada de hora de ouro, aumenta as chances de sucesso de todo o processo e ajuda a mãe a ter leite mais rapidamente — e, por auxiliar nas contrações uterinas, diminui o risco de hemorragia pós-parto.
Até os 6 meses, o leite materno é todo o alimento que o bebê precisa — sendo ideal manter a amamentação em livre demanda nesse período. Após a introdução alimentar, a mãe pode continuar amamentando entre as refeições, que vão aumentando gradativamente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até os 2 anos, o bebê ainda deve ser amamentado.
Saiba mais: Leite materno: vantagens do alimento ideal para bebês vão além dos nutrientes
Benefícios da amamentação para o bebê
Os benefícios da amamentação para o bebê incluem:
- Imunidade: com a amamentação, o bebê recebe os anticorpos que da mãe antes de criá-los por si
- Proteção contra alergias: estudos já comprovam que bebês amamentados naturalmente têm menos alergias
- Formação da mandíbula: ao mamar, bebê tem os ossos do crânio estimulados, melhorando o encaixe dos dentes e garantindo a formação certa
- Menos cólicas: o leite materno contém enzimas já conhecidas pelo organismo da criança e proteínas de fácil digestão
- Nutrição: os nutrientes vêm na medida certa para que sejam absorvidos pelo organismo do bebê
- Vínculo com a mãe: mamar faz o bebê se sentir acolhido e amado.
Benefícios da amamentação para a mãe
Os benefícios da amamentação para a mãe incluem:
- Emagrece: para produzir leite, o corpo da mãe gasta mais calorias do que o normal. Por isso, amamentar ajuda a retornar ao peso de antes da gravidez
- Previne câncer de mama e ovário: mulheres que amamentaram são menos atingidas por essas doenças
- Vínculo com o filho: amamentar é um momento especial compartilhado só pelos dois, em que a mãe fornece alimento para que o pequeno sobreviva
- Anticoncepcional natural: enquanto a amamentação é o único alimento do bebê, os hormônios da mãe fazem com que ela não ovule
- Ajuda útero a voltar ao normal mais rápido: os hormônios envolvidos na amamentação estimulam que o útero diminua após a gravidez
- Economia: quando a mãe amamenta, ela não gasta dinheiro com fórmulas industrializadas, que costumam ser caras.
Saiba mais: 5 alimentos que afetam o leite materno
Quais as dificuldades da amamentação?
No entanto, o processo de amamentar envolve dificuldades, principalmente no começo:
- Fissura mamilar: as rachaduras acontecem quando a pele dos mamilos já está sensível e se rompe por causa das mamadas, causando bastante dor à mãe. O mau posicionamento e a pega errada geralmente são os responsáveis. O pediatra ou uma consultora de amamentação podem ajudar nestes casos. Veja como evitar rachaduras dos mamilos
- Leite empedrado: também conhecido como ingurgitamento mamário, acontece quando os seios ficam muito "carregados" de leite e causam dor. Isso é evitado ao esvaziar as duas mamas sempre. Veja como evitar que o leite empedre
- "Pouco" leite: Não existem mulheres saudáveis que não consigam produzir leite suficiente. Quanto mais o bebê suga, maior é a produção do leite. Ou seja: se ele mamar mais, mais leite você vai ter
- Mastite: Chamada de infecção mamária, pode causar dor no peito, inchaço, calor e vermelhidão da mama. Também prevenida com a drenagem total das mamas
- Hiperlactação: há algumas mulheres que acabam produzindo muito leite, podendo levar a mastite e empedramento.
Saiba mais: Amamentação real: 8 situações comuns e como lidar
Como amamentar corretamente
"A amamentação é algo natural porque é fisiológico do ser humano, mas deve ser aprendido e ensinado", define Loretta Campos, pediatra e consultora internacional em aleitamento materno. Por isso, é preciso saber como posicionar seu bebê.
Em geral, é importante que ele esteja de frente para a mãe, barriga com barriga, e com a cabeça no nível superior ao dos quadris, para evitar o refluxo. Algumas opções são com a mãe sentada e ele no colo (posição tradicional); o bebê na posição lateral da mãe, por baixo do braço; e a posição em cavalinho, quando o bebê fica na vertical.
Saiba mais: 10 melhores posições para amamentar um bebê ou gêmeos
A pega correta também é essencial para o sucesso da amamentação. O queixo do bebê deve tocar o seio e o nariz deve estar livre para respirar. A aréola, não apenas o mamilo, deve estar dentro da boca do bebê e enquanto seus lábios estão para fora.
"Estalos sugerindo que o bebê possa estar engolindo ar, muita dor no mamilo no momento de amamentar, irritabilidade e agitação do bebê normalmente sugerem que a pega precisa ser melhorada", afirma Lílian Cristina Moreira, pediatra e homeopata.
De quanto em quanto tempo amamentar?
É comum que as mães marquem horários para oferecer o seio ao bebê. No entanto, a amamentação em livre demanda, prática na qual a mãe permite que o bebê seja amamentado quantas vezes ele quiser e pelo tempo que sentir vontade, oferece inúmeros benefícios para a mãe e o bebê.
"A livre demanda permite que o bebê regule seu ciclo de fome e saciedade de forma natural. Isso vai assegurar que o bebê receba os nutrientes conforme a sua real necessidade, atendendo a sua demanda biológica para crescer e se desenvolver", explica a pediatra Lílian.
Dieta para amamentação
A produção de leite requer um gasto energético considerável. Para a produção de 100ml de leite, aproximadamente 65 calorias, a lactante gasta 85 calorias. Por isso, é importante que a mãe que está amamentando tenha uma alimentação saudável e não restritiva, além de beber muita água.
Os alimentos que devem evitar durante a amamentação são as bebidas alcoólicas e os processados. Em relação às cólicas do bebê, não há evidências suficientes que sejam causadas por algum alimento da mãe.
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Remédios comuns proibidos na amamentação
Em geral, os remédios que não devem ser tomados durante a amamentação são os psicotrópicos, como antidepressivos. No entanto, é importante consultar a bula e o médico sempre que precisar de uma medicação.
Amamentação cruzada: o que é e quais os riscos?
A amamentação cruzada é a prática em que uma mãe amamenta um bebê que não é seu filho. Contudo, ela é desaconselhada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e contraindicada pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao risco de o bebê ser contaminado por alguma doença infectocontagiosa, como HIV.
Profissionais que ajudam na amamentação
É importante que a amamentação seja acompanhada e avaliada por algum profissional ainda na maternidade. Quem pode ajudar neste momento e em qualquer dificuldade no processo são pediatras, consultora de amamentação e ginecologista.
Produtos para ajudar na amamentação
Alguns itens podem colaborar com o processo do aleitamento. Entre eles, estão:
- Sutiã para amamentação: ajuda a deixar o seio à mostra mais rápido do que os convencionais
- Colcha para amamentação: armazena o restante do leite que pode sair das mamas após o bebê parar
- Almofada para amamentação: a almofada, em formato de "U", é acoplada ao corpo da mãe para apoiar o pequeno quando ele for mamar
- Poltrona para amamentação: apoltrona específica para amamentar tem o formato mais adequado a uma mãe segurando seu filho.
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Como fazer o desmame do bebê?
Encerrar a amamentação pode ser um processo difícil para as mães. No entanto, fazer isso de forma gentil ajuda a evitar traumas nas duas partes. O ideal é começar com o desmame noturno, tirar a mamada da tarde, depois da manhã e, por último, antes de dormir. O processo é gradual e pode durar meses.
Saiba mais: 8 cuidados para a fase de desmame do bebê
Referências
Lílian Cristina Moreira, pediatra e homeopata (CRM/RJ 532920)
Loretta Campos, pediatra a consultora internacional em aleitamento materno (CRM/GO: 10819-3)