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Ainda não se sabe por que algumas pessoas possuem o novo coronavírus em seu organismo e não manifestam sintomas ou apenas apresentam sintomas leves da doença (COVID-19). Mas o que novos estudos vêm demonstrando é um fator importante a ser considerado nesse cenário: a carga viral do paciente - que é a quantidade de vírus que a pessoa tem em seu corpo.
De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, essa quantidade pode estar diretamente relacionada com a gravidade da doença - isso sem contar o impacto dos fatores de risco já observados, como a hipertensão, obesidade, diabetes e doenças respiratórias.
Ou seja, quanto mais vírus a pessoa carrega em seu sistema, mais probabilidade ela tem de manifestar um maior número de sintomas e desenvolver um nível mais grave da doença. Segundo Ellen Foxman, professora de imunobiologia da Escola de Medicina de Yale, em entrevista à revista New York Magazine, essa conclusão faz muito sentido.
Isso porque poucos vírus entram em contato direto com nosso corpo. Então, para causar alguma determinada condição, ele precisa conseguir fazer muitas cópias de si mesmo e tomar conta das células. "Se não se replicarem muito, em geral, os vírus não causam doença", aponta a especialista.
Perigo da exposição ao coronavírus
Por isso, o grau de exposição ao coronavírus faz diferença - já que quanto maior a quantidade, mais risco temos do vírus entrar no canal respiratório e se replicar no organismo.
"Se formos expostos a uma pequena partícula viral, provavelmente, temos uma chance muito menor de ficarmos doentes do que se passarmos oito horas num avião, ao lado de alguém que está tossindo", explica.
As análises foram realizadas com amostras do nariz e da garganta de pacientes, notando que, quanto mais vírus estavam presentes, mais graves eram os sintomas e a doença. Apesar das primeiras descobertas, os detalhes ainda não são suficientes para confirmar totalmente essa relação. Vale ressaltar que a presença dos vírus nas amostras nem sempre se correlaciona com a transmissibilidade viral.
Principalmente porque há uma incapacidade de diferenciar os vírus infecciosos e os não infecciosos (mortos ou neutralizados por anticorpos), que é uma limitação. Além disso, alguns estudos anteriores, da China e da Itália (ainda que não tenham sido revistos), chegaram a resultados contrários, de que não é a carga viral que faz diferença.
Portanto, ainda não há um consenso final da comunidade científica e médica em relação ao fato. Em todo caso, a melhor maneira de se proteger contra o novo coronavírus ainda é o isolamento social, atrelado aos cuidados com a higiene, como lavar as mãos frequentemente e evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal.
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