Graduado em Psicologia (USP) e Mestre em Psicologia Institucional (USP). Foi professor de Psicologia Médica do curso de...
iRedatora especialista em bem-estar, família, beleza, diversidade e cuidados com a saúde do corpo.
Cuidados com o sistema respiratório estão cada vez mais ganhando importância na vida das pessoas. A pandemia de COVID-19, doença que causa complicações no pulmão dos infectados, fez com que a atenção voltada para esse tema fosse redobrada, gerando novos hábitos e alterações na rotina de muita gente.
Entre as mudanças, está o consumo de cigarro. Fumantes foram classificados como parte do grupo de risco do novo coronavírus, pois as substâncias liberadas pelo produto são capazes de comprometer o mecanismo de defesa do organismo, prejudicando o funcionamento das vias áreas. Logo, essas pessoas estão mais propensas a desenvolver complicações como pneumonia, tuberculose, gripe e câncer de pulmão.
Por outro lado, os fumantes passivos, classificados como pessoas que convivem com fumantes crônicos, também podem ser afetados pelos efeitos do cigarro - já que os componentes tóxicos são liberados no ar e inalados involuntariamente por quem está ao redor.
Além de gerar inúmeros malefícios, o tabagismo pode se tornar um vício, dificultando a diminuição e o encerramento do hábito. "Além da parte orgânica, que gera abstinência física, temos a dimensão psíquica, que implica compreender qual o ganho que aquele vício traz, ou qual o lugar que ocupa na vida daquela pessoa", conta o psicanalista Ronaldo Coelho.
Portanto, parar de fumar não é uma atitude fácil e deve ser encarada com empatia, paciência e compreensão. Para ajudar a diminuir esse costume, algumas atitudes podem ser tomadas no dia a dia. Confira as sugestões do psicanalista Ronaldo Coelho:
Dicas para parar de fumar
1- Escolha um método
O processo de cada pessoa deve ser encarado de forma individual, logo, escolha o método com o qual tenha maior identificação. Desde o uso de adesivos de nicotina ou interrupção bruta do fumo, as maneiras de parar de fumar funcionam de forma diferente para cada pessoa.
2- Marque metas
Escolha uma data e estabeleça uma meta até ela, como consumir menos maços em duas semanas, por exemplo. Isso pode motivar e incentivar as decisões em relação ao fumo no dia a dia.
3- Atente-se aos momentos de abstinência
De acordo com Ronaldo, é comum que fumantes tenham episódios chamados de “fissuras” ao tentarem parar de fumar. “Compreende um período curto (não maior que 5 minutos) onde a vontade de consumir a droga é muito intensa. Neste momento, é indicado que a pessoa encontre um substituto saudável para o cigarro, como tomar bastante água, chupar uma bala”, conta.
O especialista reforça a importância de escolher bem o substituto, para que este não se torne um novo problema de saúde. Com o passar do tempo, esses momentos de abstinência começarão a se tornar cada vez mais espaçados, até desaparecerem de vez.
4- Busque ajuda médica
Quando o consumo de cigarro se torna um vício, o apoio de um profissional é essencial para lidar com a situação. O acompanhamento médico, seja ele psicológico ou físico, pode se tornar um grande incentivo e apoio na hora de parar de fumar.
5- Diminua o consumo de bebidas alcoólicas
“Os estudos a respeito da drogadicção são conclusivos em afirmar que a porta de entrada para outras drogas costuma ser o álcool. Além disso, muitas pessoas preferem fumar apenas quando bebem, já outras afirmam intensificar o uso quando estão consumindo bebidas alcoólicas”, explica Ronaldo.
Portanto, é muito recomendado para quem deseja parar de fumar reduzir também o consumo de bebidas alcoólicas. Esta atitude está relacionada tanto à quantidade consumida em uma única ocasião quanto à frequência (diária e semanal) com que se bebe.
6- Cuide da ansiedade
O cigarro possui como uma de suas principais substâncias ativas a nicotina, que é responsável por causar um efeito relaxante. Dessa forma, muitas pessoas escolhem fumar em momentos de estresse e ansiedade, encarando a prática como uma forma de lidar com esses sentimentos.
Por isso, é recomendado que se busque outras alternativas de cuidar desses transtornos. Técnicas de relaxamento, como meditação e respiração controlada, podem ajudar a acalmar os pensamentos e as emoções. Dependendo do nível de ansiedade, o tratamento psicológico é considerado a forma principal de controlar o sentimento.
7- Aceite o luto
Segundo Ronaldo Coelho, é comum que o cigarro seja considerado uma espécie de “companheiro” de quem fuma. “O fumante acende um cigarro quando quer relaxar, quando tem que esperar outra pessoa, quando está sozinho ou entediado. Esse costuma ser o lugar do cigarro na vida de muitos fumantes”, explica.
Dessa forma, o especialista conta que a pessoa que quer parar de fumar deve estar pronta para perder essa companhia, estando disposta a elaborar esse luto. “Isso significa entender que não vai mais ter e, por esse motivo mesmo, aceitar se abrir para o novo, para novos comportamentos, para uma nova vida”, conta.
8- Seja compreensivo com as recaídas
Todo vício deve ser encarado como um problema sério. Ao escolher parar de fumar, pode haver momentos em que o corpo e a mente irão sentir falta das substâncias químicas, fazendo com que a vontade do cigarro se intensifique.
Caso haja momentos de recaídas ou metas que não são alcançadas, não se cobre ou se julgue por isso. Faça as pazes consigo mesmo e entenda que esses momentos fazem parte do processo. Não desista do seu objetivo final.